Preto e Roxo

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A sensação de “borboletas na barriga” nunca fez tanto sentido quanto nesse mundo.

Em um universo onde o amor toma a forma de literais borboletas, não era difícil encontrar sua sonhada alma gêmea, tudo que você precisava fazer era ter a sorte de acordar com uma borboleta na sua janela, então persegui-la até encontrar sua outra parte.

Claro, não era tão simples, nada é tão simples. Esses pequenos insetos apenas te mostravam o caminho, depois disso você quem precisava lutar para deixá-las vivas.

E esse era o grande pesadelo de Lg. Ele já teve pelo menos 5 borboletas, todas morreram.
Algumas se forem porque ele mesmo se cansou do outro, outras foram pois alguém de certa forma “estragou o relacionamento”, mas não importa como, todas as suas borboletas o deixaram.

É por isso que ele não se animou quando, em plena segunda feira de manhã, acordou com uma pequena borboleta preta e azul em sua cabeça. Seu único pensamento foi

“ótimo, uma nova paixao, e além de tudo é emo.”

E ele sabia que seria alguém extremamente irritante, pois essas coisinhas sempre imitam sua personalidade, e dessa vez o inseto não o deixava em paz. Quando não estava o assustando encostando em partes aleatórias de seu corpo, ela estava pousando na ponta de seu nariz e tampando seu visão. Nem mesmo no café da manhã teve paz, com ela deitando sobre a comida ou tentando entrar em sua boca.

— Você tá com algum problema filho? — seu velho perguntou, olhando o rapaz se debater sozinho na cadeira.

— Borboletas.— foi sua única fala, antes de voltar a tentar (inutilmente) afastar o inseto.
Seu pai não perguntou mais nada, já sabendo o histórico do próprio filho com essas coisas. Era um problema da família toda na verdade, ninguém nunca achou sua verdadeira cara metade naquela linhagem.

Aquela manhã foi insuportável, mas Lg sabia que ficaria pior, pois logo a tarde chegou, e nela também veio a hora de trabalhar.

Pelo menos o caminho até o pequeno mercado em que trabalha foi tranquilo, aproveitado as ruas vazias enquanto pedalava devagar o inseto se acomodou em seu cabelo. Lg desejou que ele voasse para longe e sumisse, mas infelizmente era impossível.

Seu expediente começou pelas uma da tarde, se despedindo do funcionário que ficava ali antes de si, e ficando sozinho por algumas horas.

O movimento era baixo, o que deu mais um pouco de paz para o moreno. Ele também teve um tempo longo do seu novo fardo, com a pequena borboleta emo desaparecendo pelas pequenas prateleiras de produtos.

Porém ele sabia que seu tempo de paz logo acabaria, pois seus amigos nunca passavam 1 dia sem ir em seu serviço, seja para comprar alguma coisa, ou apenas para incomodá-lo (e geralmente era a segunda opção).

Em menos de uma hora, ouviu o som do sino da porta e risadas, indicando que ao menos 3 pessoas entraram. 3 jovens muito barulhentos e desocupados.

Porém algo estava errado, enquanto se aproximavam do caixa,  o pequeno inseto que dormia ao seu lado se levantou, voando em círculos rapidamente em cima de sua cabeça.

Lg gelou por alguns segundos. Não podia ser. Isso acontecia apenas quando a sua contra parte estava por perto. Não era possível que ela seria algum dos seus amigos, o destino não seria tão traiçoeiro não é?

Ele relaxou mais quando viu que uma nova pessoa estava entre eles, talvez um novo cliente que entrou em um momento errado. Mesmo com seu rosto coberto por uma máscara, conseguia notar que era um homem, talvez da sua idade, um pouco mais baixo que si.

Mudou a sua atenção para seu amigo Apuh, que chamou seu nome de repente.

— Se divertindo hoje Lg? — sua voz sobrepôs a voz de todo o resto grupo.

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