Olhe para mim

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ALEC

Magnus estava acordado quando desci as escadas da cave, deitado de costas, com um joelho dobrado e os braços cruzados sob a cabeça.

Eu não pude deixar de notar a forma como todo o seu corpo ficou tenso quanto mais perto eu chegava, cada músculo exposto visivelmente se contraindo. Eu deveria ter dado a ele uma camisa depois de movê-lo, mas não o fiz e certamente não iria agora. Não queria que ele pensasse que eu estava ficando mole.

— Eu trouxe o jantar. — eu disse, segurando um prato de lasanha para ele. Ele não olhou para ele, ou para mim, antes de desdobrar os braços e rolar para longe de mim. — Nada a dizer?

Eu levantei uma sobrancelha em suas costas. Eu não pude acreditar. Eu tinha entrado em um universo alternativo, onde meu refém estava quieto para uma mudança? Não desafiando tudo o que eu dizia, nem praticamente me implorando para machucá-lo?

Depois de um minuto olhando para a parte de trás de sua cabeça em silêncio total, coloquei o prato no chão e me afastei.

Na manhã seguinte foi mais do mesmo.

Magnus estava acordado, sentado desta vez, olhando as escadas com olhos brilhantes. Assim que ele viu que era eu, seus ombros caíram e ele voltou seu olhar para o chão.

Se não era por mim que ele estava esperando, isso significava que ele estava esperando por Imasu. Ele estava animado com a ideia de que era Imasu e ficou desapontado quando percebeu que não era.

— Café da manhã. — eu rosnei, segurando um prato de ovos e bacon para ele.

Não passou despercebido que ele não tinha comido nada do jantar da noite anterior. O prato estava onde eu o deixei, completamente intocado.

Mais uma vez, Magnus se recusou a pegar o prato. Ele se recusou até mesmo a olhar para mim, não importava o quanto eu olhasse para ele ou o quanto eu desejasse que ele levantasse os olhos.

Troquei o prato antigo pelo novo e voltei para cima. Assim que peguei meu celular, disquei o número de Imasu.

— O que diabos aconteceu? — Eu exigi assim que ele atendeu.

— Do que você está falando?

— O garoto. Ele não disse uma palavra. Ele não comeu.

— Ele almoçou ontem.

— Bem, ele não jantou e não queria café da manhã. Então o que aconteceu? O que você fez?

— Nada! Juro! Ele parecia bem.

— Bem? Como você saberia a aparência de 'bem'?

Ele gaguejou do outro lado da linha.

— Eu não sei. Ele estava conversando, rindo. Isso não é estar bem?

— Rindo? — Fiquei boquiaberto para o celular, quase o jogando na parede mais próxima. — De que porra ele estava rindo?

— Eu não sei. Não sei por que você está me fazendo todas essas perguntas! Eu fiz o que você pediu, chefe. Eu fiquei na casa e eu dei comida para ele. Foi isso.

Eu dei uma olhada no relógio.

— Venha aqui à uma. E traga o almoço para ele.

— Sim senhor.

Desligando, joguei o telefone na mesa da cozinha. A chaleira gritou no fogão atrás de mim, mas em vez de fazer uma xícara de café, joguei tudo na pia e saí para tomar um pouco de ar fresco.

🌻🌻🌻

Imasu entrou na casa, trazendo um saco de papel com caracteres chineses nele e se aproximou de mim como se estivesse se aproximando de um animal selvagem. Ele o estendeu com uma das mãos, mas eu o empurrei de volta para ele.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora