Capítulo 01

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CAPÍTULO 01

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CAPÍTULO 01

Missy havia entrado para a polícia há pouco mais de seis anos e apesar de ser uma das melhores investigadoras criminais da corporação, ainda não tinha se acostumado com a brutalidade e a frieza que permeavam seu trabalho. Como era possível que existissem pessoas tão ruins e más a ponto de fazerem tamanhas atrocidades? Era uma pior do que a outra, uma mais bizarra e grotesca do que a outra, e Missy tinha consigo mesma a convicção de que nunca conseguiria se acostumar e normalizar tudo aquilo. Era desumano demais para partir de seres humanos. Qual a raiz de tanta maldade? O que levava pessoas a agirem de maneira tão repugnante e sombria?

— Missy! Estou falando com você, querida — Missy foi trazida de seus devaneios pelo Sargento Gnatsum. Ele estava apoiado na mesa dela e a encarava, como se tentasse entender em que planeta ela estava.

— Desculpe, Sargento. O que foi que o senhor disse?

— Eu disse que a suposta mãe da vítima está aguardando na saleta. Ela veio reconhecer o corpo. Você a acompanha, por gentileza? Preciso lidar com a papelada e não posso perder tempo com toda essa parte do choro, das lamentações, ataques histéricos e tudo o mais. Não hoje.

— Sim senhor, Sargento. Pode deixar que a acompanho sim.

Missy foi tentando se recompor, deixando seu estado de torpor para outra hora, talvez para a hora do banho, afinal, precisava estar firme e forte para dar suporte à pobre mãe que aguardava ansiosamente na sala ao lado.

Identificar o corpo da própria filha. Isso era exatamente o tipo de coisa que nenhuma mãe deveria ter que passar, mas acontecia com tanta frequência! Não pode existir algo pior e mais doloroso, ao menos não nesta vida.

Missy suspirou, levantou-se e foi em direção à porta, sabendo que não poderia adiar para sempre o momento de tensão que viria a seguir. Então, sem ter como prolongar mais aquela espera, simplesmente abriu a porta e chamou, como quem arranca um band-aid rápida e bruscamente:

— Senhora Cecília?

— Sim, sou eu — uma senhora loira, de olhos muito azuis e cerca de uns 45 anos de idade ficou em pé. Suas pernas tremiam e a coitada mal conseguia andar, parecia que não aguentava mais sustentar o próprio corpo.

— Por favor, me acompanhe — Missy abriu espaço para que ela passasse para o lado dos oficiais e a guiou até a câmara fria da necropsia.

Durante o trajeto, a pobre mãe indagava a policial, agarrando-se à fagulha de esperança de que sua filha ainda estivesse viva:

— Pode não ser ela, não é mesmo, policial? Pode ser outra pessoa!

— Senhora Cecília, a carteira dela com os documentos estava junto ao corpo, foi assim que conseguimos localizar e contatar a senhora.

— Mesmo assim! Pode ser que tenha acontecido alguma confusão em alguma festa, pode ser que alguém tenha roubado a carteira dela, ou... Não sei! Talvez minha filha esteja bem, talvez só esteja na casa do namorado, não é mesmo?!

Rastro AbissalOnde histórias criam vida. Descubra agora