Aquele ano se passava hora se arrastando, hora muito rápido para as três. Rosamaria havia mantido a promessa de não desgrudar do celular e toda tardinha para ela e noite para as outras duas era a hora delas. Fim de semana era o dia todo sem desligar, como quem desejava que aqueles dois dias não acabassem nunca. Mas eles sempre acabavam. A saudade no entanto, só crescia.
Os meses passaram voando e agora já era hora de Carol e Rosa representarem o Brasil nas Olimpíadas. Tokyo 2020. A primeira olimpíada de Caroline não viria apenas com a ansiedade boa do que estava por vir. Deixar Ariele e ir de encontro a Rosa sozinha lhe rasgava o peito, mas ela sabia que não haveria o que fazer.
_Não me olha assim. - Disse para a mais nova enquanto arrumava a mala e a via sentada na beira da cama, lhe observando.
_Eu estou tentando. - Respondeu Ariele. É claro que ela estava feliz pelas namoradas. Tanto pelas olimpíadas quanto por poderem matar a saudade. Mas havia algo em ser deixada para trás ali, sozinha, que a sua criança interior não conseguia engolir. Se sentia abandonada, gritando por dentro enquanto sabia que tinha de tentar manter uma pose adulta.
_Eu sei que é difícil, meu amor. - Disse a mais velha após um suspiro, aproximando-se. Ariele encostou o rosto na barriga chapada e sentiu as lágrimas virem sorrateiras. - Mais um mês e nós vamos voltar pra você, e aí ninguém vai nos desgrudar. Vamos ser só nós três, eu te prometo.
_Até a Rosa ter que ir de novo pra Itália. - Falou com a voz embargada, sentindo um carinho gentil da outra em seus cabelos.
_E aí nós vamos aproveitar o tempo que temos e fazer como fizemos esse ano todo. Amor, não sofre por antecipação... - Pediu Caroline, puxando seu rosto delicadamente e lhe selando os lábios. - A gente se ama e é isso que importa. Vai ficar tudo bem.
— Essa tortura mal começou e eu já tô cansada. - Reclamou com voz de manha e recebendo um carinho delicado na face. - Eu só vou ficar feliz se depois dessa coisa toda, vocês voltarem com duas medalhas pra pendurar no meu pescoço.
— essa coisa toda... - Caroline riu do jeito da namorada chamar as Olimpiadas. - Vai ter, minha princesa. Com sorte, de ouro.
— Dois ourinhos pra mim. - Sorriu levando os olhos junto, do jeito que derretia ambas as suas namoradas. - Queria ter sido convocada, mas tô longe disso. Tô com saudade já, mas tão feliz que meus dois amores vão...
—Vamos te dar muito orgulho. - Assegurou Gattaz.
— Eu sei que vão. Mas eu quero mais uma coisa das duas. - Começou Ariele, vendo a dúvida pairar no semblante da outra. - Eu quero que se amem. Que não fiquem pensando em mim o tempo todo e se freando porque eu não estou...
— Amor... - Protestou Carol. Aquele era um assunto que ela teve medo de tocar desde que fora convocada .
— Lua, você sabe que não existe ciúme entre nós. A Rosa por acaso teve esse tempo todo? - Gattaz negou com a cabeça, ainda hesitante. - Eu tenho saudade, tenho uma vontade absurda de nós três de novo, mas ciúme de vocês, nunca. Na verdade, as duas juntas é a coisa que mais me excita no mundo.
— Te digo o mesmo. - Caroline sorriu sugestiva. - Deu até um alívio te ver falar assim. Porque pra ser sincera, nós duas cheias de saudade dentro de um quarto não ia dar em outra coisa.
— Eu sei, conheço as minhas mulheres. - Riu a mais nova. - Vai ser uma tortura ficar sozinha, mas eu aguento. Pra vocês brilharem como merecem, eu aguento tudo.
-
Rosa chegou no aeroporto de Guarulhos com o coração como se fosse uma escola de samba. A SFV se encontraria em São Paulo e de lá partiria para a capital japonesa. Ela estava feliz de ver as amigas, é claro, mas seus olhos só procuravam Caroline.
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Love is an odd number [Rosattariele]
RomantizmAs vezes eu me pego pensando em como seria se tudo tivesse dado errado... Minha vida virou em três e agora não há mais eu, só nós. E eu nunca, nunca ia querer que fosse de outro jeito. Levo vocês comigo a todo lugar que vou, Indo contra tudo e todos...