CAPÍTULO 10

276 43 24
                                    



Jeremias pensou que a ansiedade pelo que estava por vir o manteria alerta e  que não iria dormir naquela noite, mas foi justamente o contrário.

Eusébio havia dito que poderia bater o primeiro sino, já que escolhera o horário de seis da manhã para fazer a sua vigília, por isso, Jeremias poderia dormir até mais tarde.

Talvez a certeza de que todo o universo conspirava a seu favor o tivesse deixado mais confiante em seus planos de convencer a todos que o melhor seria deixá-lo fora de um seminário e, como acontecera com os irmãos, os pais finalmente iriam deixá-lo escolher o seu próprio futuro.

O seminarista teve um sonho maravilhoso, onde chegava em casa puxando Lincon pela mão, o apresentava à mãe, ao pai, aos irmãos, à toda família! A resistência já havia sido quebrada, ele percebia no sonho e o constrangimento que poderia existir havia desaparecido e  em seu lugar, as pessoas estavam agradecidas a Lincon!

Sua mãe veio abraçar Lincon e dizer que ele abrira não apenas os olhos do filho dela, como também os olhos de toda a família.

No sonho de Jeremias,  Maria das Dores confessou que fizera errado em apoiar as avós ao fazerem aquela promessa absurda para o filho cumprir e que o certo agora seria feito, graças a Lincon! 

Jeremias viu todos sorrindo, dando tapinhas nas costas dos dois e já  chamando Lincon para uma mesa que sumia de vista e que estava cheia de comida de festa.

Jeremias se surpreenderia com as avós chegando com roupas novas pra ele e só naquele momento ele perceberia que também Lincon estava muito bonito em um terno caro.

_Quem diria, quando eu aceitei ser o seu padrinho de batismo, que um dia eu também seria a pessoa a fazer o seu casamento com o Lincon!_o padre chegava atrás de Jeremias falando entusiasmado.

Foi uma cerimônia simples onde Jeremias nem se dava conta que ninguém da família de Lincon...nem mesmo os pais...ou os amigos estavam presentes, pois o que importava era a resposta que um daria ao outro.

_Sim, quero ficar com ele até que a morte nos separe!_Lincon disse antes de lhe beijar os lábios arrancando aplausos dos convidados.

_Também quero ficar com ele até o fim dos tempos!_Jeremias falou emocionado.

Ao fundo, sua mãe cantava uma música que ele adorava desde criança e que costumavam cantar naquela época de Páscoa.

Jeremias sorriu se espreguiçando quando acordou percebendo que a mãe realmente cantava aquela música já mexendo na cozinha. Dona Maria das Dores estava tão alegre quanto estava no sonho, o que sinalizou como algo  positivo para o que ele decidira sobre a sua vida.

O rapaz estava vivendo nas  nuvens e ficou ali na cama escutando o movimento na casa ir aumentando aos poucos...pois ainda haviam parentes por ali que prometiam participar do almoço de Páscoa, que seria no dia seguinte.

"Tão absurdamente incrível isso, meu Deus!"_pensou Jeremias. "Não sei praticamente nada da vida de Lincon, mas não tenho a mínima dúvida de que ele é o homem da minha vida e que ele me fará o homem mais feliz do mundo!"

O discurso ia ganhando forma para ser dito aos pais  no dia seguinte...logo depois do almoço.

Jeremias  chamaria os pais num canto, longe de todos, e faria o anúncio...explicaria os motivos...pediria perdão por estar decepcionando os dois...Claro que seria perdoado, pois estava sendo humilde por admitir a sua fraqueza e incapacidade em cumprir a promessa feita antes dele nascer...Claro que seria abraçado pela mãe que choraria e diria que sentia muito por ter feito com que ele carregasse aquele fardo por tanto tempo...O pai o veria como um homem que tivera a  coragem de assumir o que não queria fazer  com  o seu futuro e talvez, com a mão no ombro dele, assumiria a tarefa  de contar a novidade pra todo mundo!

PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora