The moon will keep our tears hidden

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"Te amo" ela diz pra mim.

Ela sorri e me olha com ternura, mas eu ouço a dor na sua voz. Isso não é boa coisa. Sinto como suas mãos tremem ao me tocar, hesitante, incerta de como agir mesmo depois de todo esse tempo.

Seus lábios me sussurravam elogios doces que em qualquer momento me fariam sorrir, suspirar e pensar: "porra, como eu amo essa mulher." Mas sinto como soa melancólico e me preocupou. Segurei-a pelas mãos e vi seu sorriso de culpa.

Então nós bebemos com os nossos amigos sob a luz do luar e caminhamos na orla da praia como fizemos durante o dia e sentamos perto da beira do mar, sentindo a brisa da maré alta, vendo o tanto de estrelas que usualmente não vemos dos nossos apartamentos, mas eu me peguei prestando mais atenção em seu rosto.

Suas expressões faciais, seus traços, seus olhos brilhantes pareciam tão ofuscados pelo o que estava sentindo. Estava transbordando tristeza.

E ela percebeu que eu a compreendi. Sempre fomos assim, nos comunicamos sem dizer uma palavra, mas saber o que ela estava pensando antes de dizer com todas as letras foi ainda mais doloroso.

Então, como se fosse afastar tudo de ruim de nossas mentes, do nosso redor, do nosso coração, ela me levanta novamente e me puxa para perto. Sinto suas mãos irem para os lugares certos sem medo, mas com cautela e uma lentidão que machucava para o momento. Queria fazer durar para sempre. Um pequeno infinito do nosso último momento.

Ela conduz a dança. Ela me abraça. Apoia o queixo em meu ombro e suspira. Aperto seus braços no abraço e ela me encara. Perto, face a face, não tinha nada ali.

Foi então que eu vi aquilo nos olhos dela.

Acabou.

Então ela disse: "Te amo" e colocou sua mão em torno da minha cintura. Coloquei uma mecha de seu cabelo grande caindo em seu rosto para trás, aquele olhar de quem tinha mais e eu lhe disse não, as lágrimas queriam aparecer de intrusas na dança e meus pés não sustentavam meu peso, o corpo parado.

Ela sussurrou: "Eu te amo" e eu não queria ouvir o "mas" que viria em seguir. A soltei e encarei o chão, nossos pés descalços na areia perto um do outro.

Era insuportável. Era doloroso.

Eu disse: "Eu não vou fugir, mas me solte." E ela me soltou. Deu dois passos para trás e seu silêncio era mais alto do que a festa de onde viemos na rua, ou do que as ondas quebrando num ritmo e voltando a se tornar uma imensidão só.

Eu queria poder implorar, poder dizer "não" e fazê-la ficar.

Minha alma se sente culpada por pensar nisso. Não era justo conosco. Com ela. Seu choro era prova do quão difícil estava sendo. Sem saber porquê, eu disse: "Eu te amo."

Parecia o certo a dizer. Era só o que eu tinha para dizer.

Queria que alguém pudesse me explicar o que ela pensou, porque eu não sabia mais.

Ela temia respirar, eu temia chorar. A segurei pela mão, eu não tinha escolha. Eu ainda estava ali, nós estávamos. Por isso me senti livre, éramos apenas nós duas.

Pedi: "Não precisa dizer mais nada, mas fica comigo até o fim da noite."

E sabendo o que aquilo significava, me arrastou para a água fria e mergulhamos uma ou duas vezes para sentir como era a sensação. Estávamos no limite de sentir tanta coisa, mas aquilo era nossa última oportunidade de fazer algo juntas.

A lua foi testemunha das minhas risadas e das minhas lágrimas escondidas e levadas junto da água salgada, eu queria que a luz dela se apagasse por um momento para que eu pudesse desabar.

Queria que a lua pudesse se esconder para que eu sumisse também até de manhã.

Depois de um beijo sincero, eu começo a ir embora primeiro. Ela ainda dança e brinca com as ondas quando percebe eu me afastar.

Ela pergunta por que acabou, por que eu estava indo depois do meu pedido.

Então eu disse, mais uma vez: "Eu te amo, Hyejin. Me desculpa, mas é demais pra uma noite."

Eu queria muito ir embora. Queria voltar direto para cidade, voltar direto para minha cama e acordar na manhã seguinte cedo de um pesadelo. Eu sabia que quando virasse as costas, não a veria de novo. Não a tocaria de novo. Não a teria de novo. Era difícil ir, mas ficar não faria aquilo ser mais fácil.

Ela me olhou e com as ondas quebrando na altura de seus joelhos, a pele arrepiada e os lábios trêmulos, pelo frio ou pelo choro que segurava, disse o que evitei de ouvir a noite toda.

"Eu sinto o amor, mas eu não sinto dessa maneira mais."

Então ela disse pela última vez: "Eu te amo, Wheein, mas não posso continuar mentindo para nós."

Nunca tínhamos dito sobre amar uma a outra tantas vezes, e naquela noite específica essas palavras doíam mais do que tudo. Tentando manter a calma, assenti, recolhi minhas roupas na areia e a olhei uma última vez.

Ela ainda estava do mesmo jeito. Uma última lágrima solitária escorreu por sua bochecha e foi de encontro ao mar. Suspirei fundo e quando consegui tomar coragem, virei e saí andando ao mesmo tempo que ela virou e mergulhou na escuridão.

Passos pesados para fora da praia. Para dentro do táxi. Para chegar no segundo andar. Para deixar o hotel. Para ir para casa. Para seguir em frente.

E ela ficou lá. Ficou no mar, ficou na praia. Ficou no hotel. Ficou no passado, mas as páginas que escrevemos nunca serão esquecidas. É meu livro favorito.

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