Capítulo 8 - Funeral

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Caitlyn

Já se passou uma semana desde incêndio, meus pais já começaram a reconstruir a casa, mas enquanto não está pronta estamos dormindo em um hotel. Por conta de todo o destroço que havia na casa os defensores só conseguiram achar o corpo da Max no dia seguinte, mas assim que ela foi encontrada meus pais começaram a arrumar as coisas para o enterro, que por sinal é hoje.

Estava tão perdida em meus pensamentos que só percebi que a Vi havia entrado no quarto quando ela me abraçou pelas costas, viro-me e vejo que ela já estava de terno.

- Ainda da tempo de mudar de ideia se você quiser - Ela diz com preocupação em sua voz.

- Essa é a minha única chance de me despedir dela - Falo me soltando de seu abraço - Só vou trocar de roupa e a gente já vai - Coloco um vestido preto, não me importando com o fato da Vi estar aqui - Pronto, podemos ir - dou uma última olhada no espelho antes de me virar para ela, que estava com a cabeça virada para me dar privacidade.

- Vamos esperar seus pais? - Pergunta voltando seu olhar para mim.

- Não, eles foram mais cedo para acertar algumas coisas - Respondo saindo do quarto sendo seguida pela mesma.

Saímos do hotel e entramos em um carro que já estava esperando por nós. Fomos o caminho inteiro de mãos dadas, com ela fazendo um pequeno carinho em minha mão, como uma forma de consolo. Infelizmente quando chegamos tivemos que nos separar por conta de todas as pessoas que vieram me dar condolências. São sempre as mesmas palavras "meus pêsames", "sinto muito pela sua perda" e "eu entendo o que você está passando".

Quando finalmente todas as pessoas terminaram de falar comigo, fui procurar pelos meus pais e os encontro falando com um dos agentes funerários. Meu pai entrega um envelope ao agente antes de se afastar e vir em minha direção.

- Cait, como você está? - Minha mãe pergunta me abraçando.

- Da melhor maneira que poderia estando no enterro da minha irmã - Falo irônica - Eu sinto muito! Não sei o que deu em mim - Peço assim que percebo o que eu falei, não é culpa deles, é minha!

- Tudo bem querida, está passando por um momento difícil, nós entendemos - Meu pai fala fazendo um carinho em minha bochecha - O enterro já vai começar é melhor irmos andando - Fala me fazendo suspirar.

Começo a andar em direção à cova em que minha irmã seria enterrada, sendo seguida pelos meus pais que estavam de mãos dadas. Vejo que a Vi já estava lá e vou para o seu lado, meus pais vão cumprimentar alguns dos convidados antes de voltarem para o meu lado.

Não demora muito para o enterro começar, e o mesmo agente que estava conversando com meus pais antes começa a falar sobre as coisas da vida e da morte, lamenta a perda de alguém que tinha tanto futuro pela frente e por fim fala como ela sempre será lembrada por todos nós, embora muitas das pessoas presentes nunca chegaram a conhecê-la pessoalmente.

Quando ele termina de falar, meu pai da um passo a frente e começa a fala sobre como a Max era. O fato de ele dizer que ela era uma garota muito gentil, simpática e divertida, me fez perceber que ele não sabia nada sobre ela.

- E eu sempre terei muito orgulho da minha menininha - Termina de falar e vai abraçar minha mãe que havia começado a chorar.

Eu também teria chorado se ele tivesse descrito como a Max realmente era. Então chegou o momento de colocarmos as rosas em cima do caixão antes de enterrarmos de vez. Por sermos da família nós colocamos primeiro.

- Adeus maninha, vou sentir sua falta! - Falo colocando a minha rosa em cima do seu caixão.

Sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto, espero a Vi colocar sua rosa antes de abraça-la com força, a mesma devolve o abraço e começa um carinho em meu cabelo. Muitas pessoas foram embora depois de colocarem suas rosas no caixão, meus pais foram esperar no carro, mas eu só fui depois de vê-la sendo enterrada pelos coveiros, tendo a companhia da Vi o tempo inteiro. Depois de vê-la sendo enterrada eu e Vi voltamos para o carro, encontrando meus pais conversando com o mesmo defensor que falou com a gente no dia do incêndio.

- Senhorita Caitlyn, sinto muito pela sua perda - Ele fala assim que nos aproximamos do carro - O mínimo que nós defensores podemos oferecer a você e a sua família é justiça - Diz me deixando confusa.

- Justiça? O que você quer dizer com isso? - Pergunto não entendendo a onde ele queria chegar, foi um acidente, não é?

- Estava conversando com seus pais sobre isso antes de você chegar, encontramos isso debaixo dos destroços - Responde mostrando uma foto de uma cabeça de macaco de cor azul pichada no chão.

Jinx! Fico surpresa no início, mas logo a surpresa se transforma em raiva, ela acha que eu tirei a Vi dela, então ela tirou a Max de mim. Olho para Vi que congelou ao olhar a marca da irmã, ela olhou para mim e pude ver culpa em seu olhar.

Volto o meu olhar para o defensor antes de falar - Se possível eu gostaria de ajudar nas investigações - Meus pais olham pra mim preocupados.

- Cait, não sei se isso é uma boa ideia, sua perna ainda está machucada e você acabou de perder sua irmã, não está pensando direito - Minha mãe fala trocando olhares com meu pai.

- Minha perna já está quase cicatrizada e é justamente por causa da minha irmã que quero ajudar, então posso? - Pergunto para o defensor que parecia tenso.

- Eu também gostaria de ajudar - Vi fala me deixando surpresa.

- Eu vou ter que perguntar ao meu superior - Responde engolindo em seco - Mas você teria que fazer o recrutamento oficial para poder ajudar - Fala para Vi que suspirou antes de acenar com a cabeça.

- Apenas me diga o nome dele e eu mesma vou perguntar a ele - Falo decidida.

- É o conselheiro Jayce - Diz me fazendo dar um pequeno sorriso.

Agradeço e entro no carro junto com os meus pais e a Vi, meu pai dirige até o hotel e assim que chegamos sobe direto para o seu quarto junto com a mamãe. Como ficamos até à tarde no enterro não conseguimos almoçar, então vou à recepção e peço uma pizza e uma garrafa de vinho para mim e para Vi, que já havia subido para o nosso quarto.

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Vi

No momento que olho para a marca da minha irmã sinto uma onda de culpa me preencher. Se eu não tivesse a abandonada, ela nunca se tornaria a Jinx e isso nunca teria acontecido. Então como uma forma de me redimir, decido ajudar a Caitlyn nas investigações. Mesmo que isso signifique que eu tenha que me tornar uma defensora.

O caminho para o hotel foi completamente silencioso. Quando chegamos ao hotel o Senhor e a Senhora Kiramman sobem direto para o quarto, e eu faço o mesmo. Um tempo depois Caitlyn entra no quarto, e percebo o quão cansada ela está, quando ela relaxa sua postura e se joga na cama.

- Eu pedi pizza pra gente - Diz me fazendo lembrar que eu não havia almoçado ainda.

Um angustiante silêncio se forma enquanto ela olha para o teto, parecendo estar pensado em algo. Não aguentando mais esse silêncio decido quebra-lo.

- A culpa é minha! - Ela me olha confusa.

- Isso não é verdade, você não tem culpa de nada - Fala se sentando na borda da cama.

- Tenho sim, eu criei a Jinx no dia que abandonei a Powder - Memórias ainda doloridas daquele dia invadem minha mente.

Vejo-a abrir a boca para falar, mas antes que conseguisse somos interrompidas por um bater na porta, Cait se levanta e abre a porta, voltando com uma bandeja que tinha uma pizza inteira e uma garrafa de vinho.

- Voltando ao assunto, se alguém tem culpa esse alguém sou eu, ela era minha irmã e eu devia tê-la protegido - Suspiro percebendo que essa discussão não nos levaria a lugar nenhum - É por isso que você quer ajudar? Por que se sente culpada? - Pergunta servindo um pedaço para se e um para mim.

- Eu quero fazer isso por você e pela Powder - Respondo sussurrando a última parte.

- Obrigada, isso significa muito pra mim - Aparentemente ela não escutou.

O resto do "jantar" se seguiu em um silêncio confortável. Depois de terminarmos de comer fomos tomar banho e nos deitamos, não demorou muito para pegarmos no sono, já que estávamos muito cansadas.

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Por favor, não me matem.

Estou com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora