O ATO

O começo

___Vamos lá, William não é mesmo ?

___ Sim senhor, mas todos me chamam de liam.

___ Então liam, você tem 19 anos, mora sozinho, trabalha em tempo integral, perguntei aos seus colegas de trabalho e eles me disseram que você é um ótimo funcionário, conversei com sua família e eles me falaram que você é um ótimo filho e um garoto muito responsável, gentil, e um monte de adjetivos enaltecedores que seus pais me falaram.

___ Talvez seja verdade.

___ Não sei liam, duvido muito, mas me fala, como um rapaz exemplar, quase perfeito aos olhos da família e amigos, se torna um serial killer ?

___ Não sei se quero falar !

___ Então tá bom... me chama quando quiser falar, ai quem sabe eu possa fazer algo por esse ser tão perfeito sentado na sala de interrogatório de uma delegacia especializada em assassinos em massa.

__ Para o senhor entender eu preciso contar a história do começo, então sente-se por favor, eu sou uma longa história.

365 dias antes...

6:00 da manhã e eu acabei de acordar para mais um dia exaustivo de trabalho. Fico me perguntando se é exatamente isso que eu quero para minha vida, um trabalho ruim e estressante, uma vida pacata e sem sentido, uma vida amorosa mais ruim que meu trabalho, uma familia que nunca entende o que eu digo ou penso. Sabe eu estou cansado disso, cansado das pessoas me dizer o que tenho que fazer, cansado de não significar nada para as pessoas, cansado de trabalhar e não ser financeiramente estável, mas pensando bem, se comparar a minha situação com outras pessoas, estou bem a frente delas. Eu trabalho em uma loja de ferragens, os clientes não são tão chatos, já os meus colegas de trabalho, bom, um em especial o nome dele é Ryan, ele é um dos responsáveis por fazer eu odiar esse lugar, ele não gosta de mim desde o dia em que comecei a trabalhar naquela loja. Motivo ? Não sei, mas eu ja estou cansado disso também...

___ Bom dia Williantário kkkk entendeu "Williantário" abreviação de William otário. disse o Ryan rindo alto e saindo logo em seguida, fazendo todos rirem também.

Ouvir toda aquela risada e toda aquela humilhação me fez querer apenas uma coisa, matá-lo. Mas para que eu não seja preso aos 18 anos de idade por assassinato, isso não pode ter platéia, apesar de eu querer muito, pensa comigo, depois de toda carnificina, todos levantam e eu sou aplaudido pela minha obra de arte.

Comecei a trabalhar como se nada tivesse acontecido até que um cliente entrou na loja e começou a falar sobre como ele sem querer matou um gato com a serra elétrica que ele mesmo comprou aqui na semana passada, segundo ele ao cortar a árvore em seu quintal a noite não percebeu que o animal estava dormindo bem ali. Pobre bichano, ( uma informação muito relevante sobre mim: jamais seria capaz de exterminar a vida de um inocente, seja humana ou animal). Já o cliente veio trocar a serra alegando que estava na garantia e que devido ao acidente ela travou. O gerente autorizou a troca e me pediu para colocá-la no deposito com uma etiqueta de devolução, ao chegar no subsolo da loja eu tirei o equipamento de dentro da caixa e percebi que a serra ainda estava suja de sangue, ao ligar na tomada eu percebi o motivo por ela estar travada, havia um pedaço do gato preso na corrente. Coitado espero que a morte dele tenha sido rápida e indolor. Ao voltar para a frente de loja, o cliente já havia ido embora e levou uma nova serra com ele, achei meio injusto, ele deveria ser preso por assassinato, ele matou um ser vivo inocente.
Já era quase meio dia e eu não conseguia mais ouvir os outros funcionários comentando sobre esse ocorrido, até que para minha sorte meu chefe me pediu para fazer um inventário dos produtos no depósito, eu sei que isso é chato mas entre fazer uma contagem e ficar ouvindo aquele bando de babacas conversarem eu prefiro ficar sozinho.
Demorei quase duas horas para arrumar toda aquela bagunça e organizar os produtos por tamanho, eu estava quase acabando quando vi a caixa da serra/gato que coloquei ali mais cedo, então foi daí que tive uma ideia brilhante, graças a todas as séries policiais que assisti, eu sei o que fazer, não me julgue, não sei se sou um psicopata, mas ja imaginei algumas cabeças explodindo. Mas, em minha defesa, isso só acontece quando estou com raiva.