Capítulo 21

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Kevin correu até o interfone e atendeu quando o ouviu tocar, certo de que se tratava de Lorena:

— Oi, tia!

"Bom dia, Kevin. Tudo bem?" perguntou a loira lá embaixo, na portaria.

— Não tá tudo bem não, tia — respondeu o pequenino um pouco abatido.

"Não? Por quê? O que aconteceu?"

— O Raul tá passando mal.

Kevin se virou e olhou na direção da escada que levava ao segundo andar do apartamento, temeroso.

"Eu já estou subindo."

— Tá bom. Não demora, tia.

"Já estou chegando aí".

O garotinho desligou o interfone e subiu correndo, indo até o banheiro do quarto de Raul, encontrando-o curvado sobre o vaso sanitário.

— A Lorena já tá subindo, Raul — avisou Kevin em um tom abatido.

Mas o jovem rapaz não pôde dizer nada, pois não tinha forças.

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Lorena saltou do elevador no vigésimo andar e, sem pensar em privacidades, tirou a chave reserva do apartamento da bolsa e destrancou a porta. Mesmo estando no primeiro andar do duplex, ela foi capaz de ouvir, assim que entrou, o barulho de Raul vomitando. De maneira que ela jogou sua bolsa no sofá e subiu praticamente correndo, fazendo o som do seu salto chocando com o chão ecoar por toda parte.

Kevin, ouvindo a loira se aproximar, saiu no corredor e foi de encontro à ela, segurando-a pelo punho e puxando-a até o quarto, por onde ambos passaram até alcançar o banheiro.

— Raul... Meu Deus! Está tudo bem? — exclamou Lorena se abaixando ao lado do jovem rapaz e colocando uma mão em suas costas.

— Tá... — ele reuniu forças e murmurou com a voz falha, dando descarga e se erguendo.

— Você não me parece bem.

— Eu estou — Raul afirmou indo até a pia a fim de escovar os dentes.

— Se não estiver bem, eu te levo ao hospital.

O jovem rapaz balançou a mão, gesticulando um "não", e cuspiu na pia, apenas para dizer com a voz serena e com um meio sorriso:

— É nervosismo. Eu vomito quando estou nervoso.

Lorena o encarou sem acreditar e o viu enxugar a boca em uma toalha de rosto. Então, quando o viu se dirigindo à porta, deu um passo para trás e saiu primeiro, colocando as mãos sobre os ombrinhos de Kevin, que assistia a tudo com atenção.

— Está nervoso com o primeiro dia de trabalho? — ela perguntou, risonha.

— Só um pouco.

Riram juntos e ficaram parados na porta do banheiro, até que Lorena brincou:

— Se com um pouco de nervosismo você já vomitou, imagina com muito.

— Eu nunca trabalhei assim, em uma empresa — confessou o jovem rapaz olhando para os próprios dedos.

Lorena, que o olhava com um misto de sentimentos, desceu o olhar, enquanto Raul tinha a cabeça baixa, e observou o traje social que ela mesma havia lhe entregado no dia anterior. Quando, porém, ela subiu o olhar novamente, notou a gola da camisa um pouco desajeitada.

— A gola da sua...

— O quê?

Raul levou as mãos até a gola da camisa, mas não conseguiu desvirá-la.

O Malabarista - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora