Capítulo 47

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Clara abriu os olhos e se deparou com Josué  de olhos  fechados, talvez ainda em êxtase. Piscando algumas vezes, ele voltou a realidade e se afastou dela. Como se tivesse despertado de algum estado.

— Desculpe...desculpe Clara. Eu não sei oque deu em mim para fazer isso. Comendador me mata se souber disso — ele expressou se afastou dela.

— Josué...

— Eu sei, eu não vou dizer nada, não toco mais nesse assunto. Se você quiser ir em outro carro eu vou entender.

— Josué...

— Desculpe, Clara. Eu e você, oque eu estava pensando quando te beijei?

— Josué — Ela segurou o rosto dele e deu outro beijo rápido, ela estudou o rosto dele, principalmente os lábios — Eu também quis. Acho que nos aproximamos bastante nos últimos dias, além de nos conhecermos a séculos, né?!

— Você não ficou ofendida com o beijo?

Ela fez que não com a cabeça, com um olhar carinho e um sorriso. Josué tentou um sorriso ainda sem jeito.

— Agora não temos tempo para falar sobre isso, mas... quando tudo terminar, talvez se você quiser ou não também...

— Josué, pode falar — Ela entendeu o nervoso dele.

— Aceita sair comigo para jantar?

Mais uma ação dele que fez o coração de Clara se derreter.

— Aceito!

Eles se perderam nos olhares. Até as sirenes dos carros de polícia começarem a soar e despertá-los. Antes que ele manifestasse qualquer ação que o fizesse sair de perto dela, Clara o beijou mais uma vez, recebendo de volta o carinho das mãos dele em seu rosto e outra na cintura.

— Vamos — ele se concentrou e deu partida no carro.

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— Isso não é possível — Marta se recusou acreditar no que estava vendo e ouvindo.

— Você é muito fácil de enganar, Marta — Maurílio riu — Eu quase consegui te levar para cama, o problema é que você é apegada demais, aí ficou difícil. Mas isso não anula o fato de você ser manipulável.

— Você é um calhorda, fraco, fraco mesmo, até agora me enganando  a mando dela? — Marta riu em deboche — Você é ridículo Maurílio, patético, você nunca vai ser igual ao Zé, eu posso não ter ido para a cama com você, mas te olhando daqui, já dá para ver que você não é isso tudo. Nem para ser um homem de verdade você serve, Maurílio. Nem bandido, até porque para ser um bandido que se teme, tem que pelo menos pôr medo em alguém.

A verdade quando é dita, incomoda quem a escuta. Por isso Maurílio partiu pra cima de Marta, puxando o cabelo dela pra trás epontando uma arma no rosto dela.

— Acho bom você não me irritar Marta, pro seu bem — Ele sussurrou pertinho dela, a ameaçando com o olhar.

— Eu não tenho medo de você. E tudo oque eu disse é verdade e você sabe disso, seu merda — Ela devolveu na mesma intensidade.

— Eu quero ver você me achar menos homem quando eu te forçar a uma coisa bem gostosa, oque que você acha, hum?

Marta sentiu nojo da fala dele, seu corpo inteiro arrepiou.

— Eu prefiro morrer.

— Amorzinho, não foi isso que combinamos. Mas...se você acha um castigo merecido... — Isis disse de onde estava.

Maurílio sorriu sombriamente.

— Se você tocar em mim, na primeira oportunidade eu te mato — Ela disse com medo nos olhos, mas com firmeza na voz.

— Quero ver se vai mesmo! Levanta! — Ele a levantou.

— Maurílio, não faz isso, por favor — O medo agora era maior.

— Olha, agora ela sabe pedir por favor? Onde está aquela marra toda? Hein, Marta? Cadê? — Ele debochou.

Marta ficou calada.

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Os carros de polícia já estavam no meio do caminho, assim como o de Josué e Clara que vinham  logo atrás. Pela hora, a pista que os levaria até lá, estava completamente vazia. Pelo menos ajudaria a chegar mais rápido, sem qualquer risco de trânsito.

— Falta muito para chegar? — Clara parecia aflita.

— Um pouco — Ele respondeu sério.

Clara o olhou.

— Tudo bem?

— Sim — ele respondeu a olhando — Pensei no comendador, ele também está aflito assim como você.

— Cê gosta mesmo do meu pai, não é?

— Nos conhecemos a muitos anos. Ele sempre foi um grande amigo — Ele respondeu sincero.

— Você também é um grande homem, ele gosta bastante de você também. Te considera o braço direito dele.

— Muito bom saber disso!

Clara sorriu e segurou uma das mãos dele. Eles se olharam rapidamente.

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— Maurílio — Marta apressou a respiração.

Maurílio desceu o cano da arma pelo corpo dela, parando nos seios. O olhar dele causava repulsa em Marta. Como uma pessoa podia mudar tanto assim de uma hora para outra? Ela pensou.

— Uma delícia...— Ele encarou os olhos dela —...poder te torturar, é claro.

Marta engoliu em seco, encarando Maurílio profundamente nos olhos e depois Isis.

— Porque que você não me mata logo? Afinal, você vem armando todo esse circo desde o início, simplesmente para chegar até aqui e me matar. E agora fica enrolando, oque que é? Medo? Hum?

— Não me provoca, Marta...

No fundo, mesmo com medo, Marta queria acabar logo com aquele suspense matador. Se fosse para ela morrer, que acontecesse logo de uma vez.

— Isso que você quer? É, então vamos subir o nível do nosso jogo —  Isis foi até a porta, ao lado dela e pegou dois galões brancos com um líquido marrom dentro.

—  Opa, minha princesa, mais isso não era so para mais tarde? —  indagou Maurílio.

— Cansei dessa palhaçada ridícula. Amarra essa vadia naquela porcaria —  Ela se referiu ao um veículo de obra parado que era usado para içar coisas pesadas —  agora, anda Maurílio.

Maurílio praticamente arrastou Marta até o ponto onde a colocaria.
Isis começou a espalhar a gasolina por todo lugar até não  restar uma gota nos recipientes.

— Agora você realmente vai viver um inferno, Marta. Literalmente!—  Ela riu.

A mulher se aproximou de Marta e lhe deu outro tapa na cara, mas dessa vez foi tão forte que conseguiu arrancar sangue do nariz de Marta.
A dor da ardência foi tão forte, que Marta apertou os olhos para tentar engolir.

— Eu sempre quis o seu lugar, e eu vou ter  nem que pra isso tenha que te matar —  Ela foi fria.

As lágrimas de Marta já não eram nada além de raiva!

Diante dos olhos de Marta, Isis acendeu o isqueiro e o soltou da mão, vendo o fogo traçar o rastro da gasolina.

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Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora