hospital.

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Desperto e procuro saber onde estou.
Ergo minha cabeça, mas sinto uma dor horrível e levo a mão a minha testa. Pelo que parece, estou no hospital, o que significa que não consegui por um fim em minha vida. Suspiro frustrada, até que a porta ganha minha atenção e vejo Henrique passar por ela.

- Eu soube sobre o acidente. - Diz ainda da porta. Ele vestia um suéter vermelho e uma calça jeans. - Eu vim sozinho. - Volta a dizer ao fechar a porta. - Ninguém estava preparado para vê-la.

- Então por que você está aqui? - Lhe pergunto.

- O empréstimo que você... - Ele retirou um envelope de trás das costas. - O empréstimo que você pegou foi resolvido com o banco. - Desviei meus olhos dos dele. - Nós estamos dissolvendo os ativos da empresa. Achamos também um comprador para o escritório e vamos pagar o resto vendendo nossos bens pessoais. - Engoli seco, ele se aproxima ainda mais da cama e volta a dizer. - O banco nos convocou para o dia 30, todos nós. Já que você é a fiadora é importante que você esteja lá Marília. - Ele coloca o envelope na estante que tem ao lado da cama. - Lila, eu sei que o banco tomou sua casa. - Continuo sem olhar para ele. - Mas mesmo depois do que aconteceu você ainda pode viver com a gente pelo tempo que quiser. - Ele pega em meu braço. Ele se afasta e vai até a porta, mas antes de sair me olha e volta a se aproximar. Então eu o olho.

- Por favor! Esteja lá no dia 30. Ao menos uma vez, faça algo pelos outros. - Se afasta novamente e vai embora.

Não consigo conter as lágrimas que escorriam dos meus olhos. Passo a mão limpando com raiva e me sento na cama. Retiro o acesso do meu braço, olho ao redor do quarto e meu sapato estava no canto. Calço o mesmo e vou até a porta abro e olho para a recepção, como não vejo ninguém, começo a andar depressa até que trombo em alguém e vejo a minha frente a garota da noite passada. Ela parece tão surpresa quando eu.

- O que você está fazendo aqui? - Dissemos juntas. Assim como eu, ela vestia a roupa do hospital e o pescoço enfaixado.

Não nos respondemos e cada uma foi para um canto tentando sair do local, mas ao tomar o rumo oposto ao dela vejo enfermeiros vindo em minha direção, dou meia volta e vejo ela saindo pela saída de emergência. A pequena portinha não me deixou passar com facilidade. A saída dava para uma escada de metal e só aí percebi o quão alto estava e o vento frio me fez tremer. Começo a descer as escadas e me deparo com a mesma garota, ela olha pra trás e revira os olhos.

- Por Deus, você está me seguindo? - Volta à descer as escadas.

- O que posso fazer se você está tão atraente? - Respondo irônica, seguindo-a. - O que aconteceu com você? - Pergunto curiosa.

- Eu tentei pular da ponte depois que você e a polícia foram embora e caí.

- E isso foi tudo que aconteceu com você? - Ela solta um muxoxo para de andar e me olha.

- Eu caí NA ponte e não DA ponte. Eu estava muito bêbada. - E volta a descer as escadas.

- Você realmente quer morrer? - Pergunto e mais uma vez ela para antes de descer as escadas.

- Não, eu estava passeando. - Diz com desdém. - E quanto a você?

- Eu tentei de novo. Pulei na frente de um carro. - Paramos numa porta que nos impedia de sair.

- E falhou. - Ela me falou. Não respondo, passando por ela e forçando o portão para que ele abrisse. Descemos as últimas escadas e estamos livres. Ela para e me olha com os braços cruzados e eu faço o mesmo.

- Então, você vai tentar novamente? - Me pergunta.

- Aham! Você também? - Devolvo a pergunta e ela acena.

Andamos lado a lado por um beco e quando se aproxima involuntariamente de mim eu me afasto e ela faz o mesmo. O frio me torturando e ela não está diferente, passa uma mão na outra e nos braços para se aquecer enquanto andamos.

Parei quando chegamos ao final do beco para ver se não está passando alguém que pudesse nos levar de volta ao hospital e ela tromba em minhas costas.

- O que você está fazendo? Apenas... - Não a deixo terminar de falar e tapo sua boca com minha mão e a encosto na parede.

- Shiiii!!! - Ela se debate contra mim tentando falar.

Dois policiais passavam no momento, mas não nos viram. - Eles vão pensar que estamos fugindo de um hospício com essas roupas. - Digo ainda tapando sua boca, ela me olha dentro dos olhos e só aí retiro minha mão. - Só mais uma coisa, eu não estou interessada em você de forma alguma. Entenda isso desde já.

- Eu não sei se devo ficar aliviada ou me perguntar porque você não está interessada em mim. - Olho pra cima pedindo a Deus que me dê paciência. - Não que eu queira que você esteja interessada em mim. - Respiro fundo e saio andando a sua frente.

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oi! tudo bão co cêis? então, a fic é curtinha, mas vou dar uma prolongada deixando os capítulos mais curtos, ok?
comentar se estão gostando, é muito importante :)

lembrando que todos os direitos vão para a autora, estou só adaptando. é isso! beijinhos

uma vida em vinte dias.Onde histórias criam vida. Descubra agora