Aquilo que nós chamamos de lar • JJK + PJM

Aquilo que nós chamamos de prólogo

Naquela época, as coisas estavam terrivelmente confusas e eu estava no meu pior momento.

Eu tinha acabado de viver a fase mais traumática da minha vida e me revoltava a forma como ninguém compreendia o quão afetado eu estava. Enquanto o mundo inteiro continuava girando e as pessoas continuavam seguindo suas vidas, eu estava em uma espécie de paralisia, sem quaisquer expectativas de futuro e apenas vivendo no automático, mas absolutamente ninguém se importava.

Eu tentava ao máximo me lembrar dos meus gostos, dos meus desgostos, dos meus sonhos e dos meus objetivos de vida, mas eu já não conhecia a mim mesmo. Também tentava criar rotinas e cuidar da minha aparência — externa e interna —, mas eu não conseguia sequer uma semana inteira de constância.

Eu sentia saudade de muitas pessoas, de muitos lugares e de muitas coisas, mas eu sentia ainda mais saudade de como eu era antes de tanto caos.

Eu não conseguia entender e tampouco aceitar a quantidade exorbitante de acontecimentos ruins que atingiam minha vida, pois eu sempre dava meu máximo para ser uma pessoa incrívelmente perfeita para todos ao meu redor. Eu chorava em silêncio, encolhido no canto da cama, enquanto implorava a Deus por piedade, porque eu já suportava mais.

Eu estava completamente frustrado!

Frustrado com as injustiças da vida; frustrado com a falta de compreensão alheia; frustrado pela minha incapacidade de buscar ajuda; frustrado por ter a certeza de que, independente do quanto eu tentasse, as coisas nunca ficariam bem. E então, eu descontei toda essa frustração em mim mesmo.

Eu me esforcei ao máximo para que aquela tentativa de suicídio parecesse um acidente, pois eu não queria que me julgassem pela minha fraqueza e pela minha desistência da vida. Mas, inesperadamente, eu sobrevivi. E foi graças a sobreviver que eu conheci o grande amor da minha vida, este que me curou e me ajudou a ser quem eu sou hoje.

É a história deste amor que eu lhes contarei neste amontoado de papel que costumam chamar de livro, mas que eu chamarei de Lar, pois ele contém grande parte da história de Park Jimin e ele foi, de todas as formas possíveis, meu lar.