motivos.

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Hey, obrigada! – Maraisa me agradece quando lhe ofereço mais uma garrafa de cerveja. – Me conta como foi com a Morena?      

- Não Fizemos nada.      

- Por que? – Me pergunta incrédula. - Ouça, eu não posso fazer isso com uma pessoa que não conheço. Não quero que seja assim. Eu quero estar apaixonada pela pessoa e a pessoa por mim. Eu sei que posso estar sendo estúpida, mas é assim que eu quero.

- Oh! Você é tão fofa Marília! Então você nunca se apaixonou para se entregar... – Ela suspira. – Seu desejo é se apaixonar. – Aceno com a cabeça. – Que desejo difícil. O amor não é fácil. – Levanta as mãos, antes de tomar um gole da bebida. – Eu tenho uma original. Escuta! – Bebe mais um pouco. – Que desejo é esse que pode ser facilmente realizado? Que desejo é esse que pode ser facilmente realizado? Onde não há luta para realizá-lo? Que uma vez atingido, deve ser sentido como uma conquista ou então a vida só passa. – Ela deita a cabeça em meu ombro. – Obrigada, obrigada! – Não tive como deixar de rir.      

- Isso foi muito ruim. – Gargalhamos.      

- Para, sua boba. – Me bate. – Você tem apenas 19 dias para se apaixonar. – Rimos mais uma vez. – Vamos para casa, loira. – Ela se levanta indo em direção oposta onde esta o carro.      

- Hey, o carro está para cá.      

- Você está brincando comigo? Eu não bebo e dirijo.      

- Okay, eu dirijo.

- Potiguar? De jeito nenhum. Só eu dirijo ela. Vamos caminhando. – Volta a andar me deixando para trás.      

Caminhamos lado a lado pelas ruas que estavam quietas. Em silêncio andamos até que Maraisa, como sempre, começa a falar.

- Decidimos viver juntas por vinte dias e nem sabemos  por que nos encontramos na ponte aquela noite.      

- Bom... Quebra do mercado de ações. – Ela solta um Ooh.      

- Então, você perdeu tudo? – Afirmo. – E sua família?      

- Meus pais se divorciaram quando eu tinha oito anos. Eles continuaram brigando mesmo depois do divórcio, meu avô me trouxe para cá, ele me educou e me deu uma boa criação. Ele morreu em 2001 e desde então, estou sozinha.      

- E aonde estão seus pais?      

- Eu... Não sei.      

- Como assim você não sabe? Você não fala com eles?      

- Não nos procuramos.

- Você não vai tentar? Meu Deus! Não me diga, “eu não me importo”, “eu não tenho tempo” e blá, blá, blá.  Eu não entendo essa geração de hoje. – Solto uma gargalhada e ela me olha confusa.      

- Ah! E você teve a autorização dos seus pais antes de cometer suicídio, não é? Você se importa muito com eles, não é? – Ela solta um tchun e faz um bico. - Então...      
- Então o que?      

- Sua vez... – Ela fica em silêncio por um tempo até que decide falar.       

- Ah! Olha! Estamos em casa. – Sai correndo, fugindo da minha pergunta.      

- Maraisa, pra onde você está indo? – Pergunto ao ver ela subir as escadas que dá para a parte de cima do prédio. Ficamos na beirada do muro que nos dá a visão da ponte.      

- E então, vai falar? – Pergunto mais uma vez e ela revira os olhos.      

- Okay, eu falo!                              

MARAISA

Não sei se quero contar sobre a minha fracassada história para Marília. O motivo dela é mais significativo do que o meu.

Ela continuou me analisando e eu nada disse.

- Estou esperando. – Marília volta a falar.

- Por que você quer saber sobre minha história? – Reviro os olhos e me sento no muro.

- Você quem começou. Eu contei a minha. Agora você conta a sua. – Se senta na caixa à minha frente.

- Você consegue ser tão chata! – Passo a mão por meu rosto.

- Você está enrolando, enrolando e não está falando. – Se levanta.

- Certo, eu falo! – Saio de cima do muro. – Não tem nem cerveja.

- Seu fígado agradece. – Ela ri.

- Mas, eu não. – Me apoio no muro. – Enfim... – Pigarreio. – Eu morava em São Francisco com minha família. A família de Naiara e a minha se conhecem há muito tempo. E naquele dia, como sempre, Naiara esqueceu do meu aniversário. Eu já tinha me acostumado com isso, de verdade. – Olho para frente. – Mas ainda ficava zangada com ela.

         Continua...

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