PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 12

A mãe e as avós haviam feito a promessa e fora exatamente aquilo que lhes salvara a vida, agora ele já não tinha mais dúvidas!

Ele tinha que entregar-se ao serviço de Deus, ele precisava se tornar um padre, ele precisava se encerrar num seminário, estudar e só voltar ali quando estivesse pronto para estar numa igreja para rezar a missa, agora já não tinha mais dúvidas do seu destino!

Aquele romance não lhe era permitido...aquele amor não lhe pertencia...aquele amor que agora dedicava a Lincon, deveria se somar ao que ele sentia por Deus!

"Tem certeza de que ama a Deus sobre todas as coisas, Jeremias?"

O que ele fizera ao invés de provar que amava a Deus sobre todas as coisas? Ele profanara a casa de Deus saindo da igreja, ao invés de honrar o compromisso feito ao assinar a lista do padre Antônio para participar da adoração! Ele fora se meter no quartinho do sino com um outro homem tão devasso e amaldiçoado quanto ele pra ter aceitado fazer aquilo em um momento tão sagrado da igreja! Era a Páscoa... era a comemoração da Ressurreição de Cristo!

Ele sentia o cheiro de Lincon ainda tomando conta de todo o seu rosto...de todo o seu corpo...será que dava pra todo mundo sentir aquele cheiro também?

A casa já estava cheia, inclusive o padre Antônio já estava lá, todo paramentado parecendo dar a extrema unção para dona Maria das Dores!

_Deixem ele passar, deixem ele passar..._todos foram abrindo caminho para Jeremias, que tinha os joelhos doendo, os olhos ardendo pelo suor que ali fora se depositar e o coração a sair pela boca.

_É Jeremias, o caçula dela...

_Tadinho...terá de ver a mãe assim...

_É o filho que será padre...

_É o anjinho que pagará a promessa que ela fez...

A cada comentário, mais peso recaía sobre os ombros de Jeremias...

O seminarista jogou-se desesperado de joelhos, não se importando de novamente os machucar, na beira da cama da mãe.

_Mãe, mãezinha...o que se passa com a senhora, minha mãe?_ele suplicou sentindo que lágrimas agora vinham se unir ao suor.

Dona Maria das Dores tinha o rosto muito pálido, os lábios entreabertos, o olhar já perdido no infinito...estaria vendo já a morte que viera lhe buscar?

_Vá com Deus, minha filha...

_Deixe este mundo de sofrimento e ilusão...

_Nossa Senhora das Dores a receba em seus braços lá do outro lado...

A mãe pareceu não dar fé que o caçula estava ali ao seu lado e o desespero tomou conta do adolescente que olhou para o padre suplicante:

_O que está havendo com ela, padre? Onde está o doutor Vítor, gente...por que ninguém chamou o médico?

_Ele saiu numa emergência pra fazer um parto..._a outra irmã de Jeremias respondeu._Mas o papai já foi de carro atrás dele!

Jeremias jogou-se sobre o corpo da mãe já com o peso do remorso e do arrependimento tomando conta de todo o seu ser...Era ele o culpado...era ele quem deveria estar ali morrendo...era ele quem ameaçara de forma hedionda quebrar a promessa feita pela mãe e pelas avós...

_Ô, gente...quando eu saí, ela estava tão bem..._gemeu o caçula.

_Mamãe saiu no meio da noite dizendo que estava muito frio e que iria levar mais um agasalho pra você lá na igreja...