Doce, lento e terno

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Entrei na biblioteca, com a caixa de chocolates às minhas costas. Pansy estava sentada à mesinha, folheando papéis. O que aconteceria em seguida terminaria ou muito bem, ou muito mal.

— Pansy Parkinson.

Ela levantou a cabeça quando usei seu nome completo. Percebi que, embora pensasse nela como Pansy, nunca usara seu nome. Pelo menos, não diretamente a ela. Seus olhos se estreitaram.

— Imagino que vá se desculpar por este lapso, não, Hermione?

— Não farei tal coisa — falei com a maior coragem que pude reunir. Mostrei a caixa de chocolate, torcendo para ela entender o que eu fazia. — O que é isto?

Ela baixou os papéis e me fuzilou intensamente com o olhar. Ah, cara. Ela está com raiva. Com muita raiva. Ela não está entendendo nada. Ou entendera tudo e não havia achado graça nenhuma. Não estava sendo engraçado. Nada. Mesmo.

— São barras de chocolate, Hermione. É o que diz a caixa. — Ela se levantou.

Muito mal. A probabilidade era de que isto terminasse muito mal.

— Sei o que são, Pansy. O que quero saber é o que estão fazendo na cozinha?

Ela cruzou os braços.

— E isso é da sua conta? — perguntou naquela voz de agora-você-está-pedindo.

Ai, meu traseiro doeu só de pensar na surra que receberia. E ainda nem era final de semana. Eu tinha mais uma chance.

— É da minha conta — repliquei, sacudindo a caixa para ela —, porque este não é seu plano alimentar.

Ela piscou. A compreensão tomou seus olhos. Cheguei mais perto.

— Acha que elaborei um plano alimentar para você porque estou entediada e não tenho nada melhor para fazer? Responda.

Ela descruzou os braços.

— Não, mestra.

Mestra. Ela entendeu. Estava participando do jogo. Soltei um suspiro dramático.

— Eu tinha planos para hoje, mas em vez disso teremos que passar a tarde aqui dentro, trabalhando em seu castigo.

Seus olhos escureceram.

— Lamento tê-la decepcionado, mestra — falou Pansy, com aquela voz baixa e sedutora.

— Vai lamentar ainda mais quando eu acabar com você. Vou para o meu quarto. Você tem dez minutos para me encontrar lá.

Girei o corpo e saí da biblioteca, depois corri pela escada até meu quarto. Tirei o vestido e coloquei o roupão prateado que Pansy uma vez elogiara. Depois fiquei ao pé de minha cama e esperei.
Ela entrou devagar. Em silêncio. Cruzei os braços e bati o pé.

— O que tem a dizer em sua defesa, Pansy?

Ela baixou a cabeça.

— Nada, mestra.

— Olhe para mim — ordenei. Quando ela me olhou nos olhos, eu continuei: — Não sou uma mestra. Sou uma deusa. — Tirei o roupão de meus ombros. — E serei venerada.

Ela ficou parada por cinco segundos, imersa em pensamentos. Então, alguma coisa estalou. Ela avançou, pegou-me nos braços e me aninhou em
seu colo na cama minúscula. Seus olhos procuraram os meus e passaram por seu rosto mil perguntas que ela não fez. Gentilmente pegou minha face.

— Mi — sussurrou. — Ah, Mi.

Meu coração se contorceu. Mi. Ela me chamou de Mi. Ela baixou os olhos para a minha boca, passando o polegar em meus lábios.

— “Há o desejo...”

— “...de seus lábios beijar” — concluí num sussurro.

Seus dedos tremiam. Muito lentamente, ela se aproximou e meus olhos se fecharam enquanto Pansy estreitava o espaço entre nós. Seu peito subia e descia em uma respiração trêmula. Então os lábios de Pansy apertaram ternamente os meus.

Só um toque, mas senti a eletricidade faiscar entre nós. Seus lábios voltaram, desta vez por mais tempo, mas com igual suavidade. Com igual gentileza. Nada além de um sussurro.

Entendi então que, embora Pansy soubesse de muitas coisas e tivesse razão na maioria delas, estava completamente equivocada neste aspecto. Beijar na boca não era desnecessário: era a coisa mais necessária que existia.

Eu preferiria viver sem ar antes de abrir mão da sensação de sua boca na minha.

Ela suspirou, uma guerreira derrotada no fim de uma longa batalha. Depois emoldurou meu rosto com as suas mãos e me beijou outra vez. Ainda mais longamente. Sua língua passou de leve em meus lábios e, quando abri a boca, ela entrou lentamente, como se memorizasse a sensação, o meu gosto. Eu podia chorar com a doçura de toda a cena.

Corri os dedos por seu cabelo, puxando-a para mim, sem querer soltá-la. Ela gemeu e nossas línguas se atropelaram quando o beijo se aprofundou. Ela se afastou e levantou para tirar o vestido, olhando fundo em meus olhos o tempo todo.

— Me ame, Pansy — falei, abrindo os braços para ela.

— Eu sempre amo, Mi— disse ela enquanto se reunia gentilmente a mim. — Eu sempre amo.

Então, desceu sobre mim e seus lábios logo estavam nos meus novamente para outro beijo longo, lento e de boca aberta. E beijar Pansy era muito melhor do que fantasiar sobre isso.

Sua boca era macia e forte, e a língua afagava a minha com uma paixão e um desejo que me faziam enroscar os dedos dos pés. Não éramos mais dom e sub, não éramos mestra e serva, não éramos nem mesmo mulher e mulher. Éramos amantes e, quando ela finalmente me amou, foi doce, lento e terno.

E não tenho certeza, mas acho, de algum modo, que nos segundos antes de gozar junto a mim, senti uma lágrima cair de seus olhos.

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Pessoas estou sem palavras, espero que tenham desfrutado bastante deste curto capítulo que por acaso é um dos menores. Se apeguem a essa doçura...

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A Submissa - Pansmione | Parte 1/3Onde histórias criam vida. Descubra agora