Capítulo 03

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"Ai meu Deus, olha aquele rosto, você parece meu próximo erro".

— Taylor Swift, Blank Space.

No outro dia Lexi acordou com um pouco de mau-humor, já que chegara em casa às onze da noite e lembrou-se que no outro dia teria de acordar às cinco e meia. Nos dias em que tinha todas as aulas a garota odiava acordar cedo. Mas, por sorte, fora dormir tão cansada na noite passada que nem olhara para a lua, parecia um pouco livre daquela melancolia. E sentiu-se um pouco feliz por isso. O despertador tocou as cinco em ponto, o sol nem havia nascido ainda.

Não é justo alguém acordar antes que o sol, ela dizia para si.

Caminhou em uma espécie de andar de zumbi até o banheiro, tirou o pijama preguiçosamente e entrou no chuveiro. Dera graças a Deus por seu chuveiro ser quente, tomar um banho gelado naquele horário seria bem pior que acordar cedo.

Olhou-se no espelho, após o banho, e viu que suas olheiras não diminuíram nem um pouco. Ai meu deus, acho que daqui a pouco vai nascer um novo rosto nas minhas olheiras, ela disse para si. Escovou os dentes lentamente, era demasiado exigir agilidade e pressa para alguém que acordou às cinco da manhã.

Mas tudo levou o tempo suficiente, ela abriu a cortina da janela do seu quarto e viu o sol nascer, por ter vista para o mar, toda aquela paisagem era reconfortadora. E então observou o sol encher o quarto de luz, apressando-se, mesmo que quisesse observar o nascer do Sol, não podia deixar as obrigações de lado.

Pegou uma blusa preta com um emblema do Batman. Tinha esse tipo de blusa, pois adorava HQs. Quando acabou de se arrumar, passando pouca maquiagem naquela manhã, apenas o suficiente para não parecer que levou dois socos — como julgava suas olheiras.

Ao descer as escadas escutou o barulho do tilintar de porcelana, eram seus pais que já estavam na cozinha tomando café da manhã. Olhou para o relógio, eram seis horas, teria meia hora para tomar café da manhã, antes de ir para a faculdade e pegar todo aquele congestionamento.

Deu bom dia para seus pais, e sentou-se à mesa, enquanto Lúcia servia o café para eles.

— Que horas você chegou ontem? — o pai de Alexia perguntou.

— Onze e meia, eu acho — respondeu bebendo um pouco de suco de laranja.

— Aonde foi?

Se a mãe de Alexia não a sondava, Roberto o fazia por ela, pois sempre que a garota saía de casa ele fazia uma série de perguntas. A garota se sentia sendo jogada contra a parede, mas respondia corretamente, não fizera nada demais. Deu uma mordida na torrada e então respondeu:

— Uma festa, com o Samuel — disse logo com quem, para não ser perguntada.

Ele relaxou um pouco e virou a página do jornal, Roberto confiava em Samuel e até que tinha certo carinho pelo rapaz, afinal, não confiava a filha a qualquer cara.

Alexia nunca apresentara namorado algum aos seus pais, nunca tinha tempo suficiente para isso, não chegavam a durar o "tempo de espera para conhecer minha família", como ela chamava. Então, Roberto e Anna nem tinham ideia da quantidade de garotos que a filha já namorara. Seu pai provavelmente surtaria, deixando-a de castigo.

— Então, você bebeu? — ele perguntou novamente.

A única vez que Alexia bebeu, não conseguiu esconder de seus pais, foi um desastre, pois vomitara todo o banheiro e chorara horrores, Roberto dera um enorme sermão na garota, e ela prometeu que não beberia, nunca mais. Desde então, desde que Alexia dera esse vexame, sempre que ela saía de casa, Roberto perguntava se ela bebera.

Fragmentos da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora