Horas depois
O caminho de volta para a cidade pareceu uma eternidade. Estava sentada em meio a dois policiais, que ao menos deixaram-me descansar os olhos durante o percurso. Assim que o carro parou em frente a entrada da delegacia, soube que havíamos chegado. O policial a minha esquerda precisou sair do veículo, para que pudesse controlar as pessoas que avançavam em direção ao carro em que estávamos.
Eram tantas câmeras, muitos jornalistas se empurrando para ficarem na frente e conseguirem a melhor imagem. Era estranho pensar que a minha própria profissão estava a um passo de estragar tudo o que eu havia construído em todos esses anos. Meu rosto seria estampado em todos os jornais possíveis, com manchetes cada vez mais pesadas, com o único intuito de chamar a atenção dos telespectadores, sem se importar com os estragos.
E sendo sincera, eu não estava em uma posição favorável para questioná-los. Havia tomado péssimas decisões, que naquele momento me pareciam corretas. Deixei-me levar por um curto prazer, que me preencheu de desejo e euforia, e agora, me trazia consequências difíceis de serem resolvidas.
Era o meu karma.
— Venha, senhorita! — O policial chamou, assim que abriu a porta do veículo.
Respiro fundo, reunindo coragem para, enfim, voltar a minha realidade. Deslizo no banco de couro, parando assim que percebo diversas câmeras apontadas em minha direção. Neste momento, todo o meu mundo desabou e finalmente percebo o quão errada eu estava. Tudo o que eu demorei anos para construir com muita dedicação sendo destruído de uma vez.
Ao colocar os pés para fora, o policial agarrou o meu braço, puxando-me de uma vez para fora daquele carro. As luzes das câmeras me cegaram por um instante, enquanto diversos microfones apareciam em frente ao meu rosto. Acabo sendo acertada no rosto por algum deles, fazendo-me perceber o quão invasivo meu trabalho poderia ser.
Os policiais conseguiram abrir caminho entre os jornalistas, empurrando-me para dentro da delegacia o mais rápido possível. Assim que entramos, toda a atenção estava voltada para a minha pessoa. Alguns rostos por ali eram familiares, provavelmente havia os vistos em alguma coisa que cobri como jornalista de campo.
Eles me carregaram pelos enormes corredores do prédio, e quando entramos no elevador, pude perceber que todos que trabalhavam ali realmente pararam para me observar passar. Era estranho ser o centro das atenções, ainda mais dessa forma repugnante. Era tarde demais para me arrepender de tudo, pois já estava feito, mas, era obrigação minha aceitar qualquer uma das consequências que venham a me afetar por isso.
A porta se fechou e o elevador começou a subir. Cinco andares. As portas de ferro se abriram, revelando um ambiente enorme, cheio de mesas e homens trabalhando. Havia um quadro branco em um canto, onde pude ver uma foto minha com Taehyung na entrada do presídio. Minha vida realmente estava completamente destruída.
Caminhamos pelo ambiente e paramos em frente a uma porta escura. O policial ao meu lado abriu a porta, empurrando-me para dentro da sala. Havia apenas uma mesa de metal no meio do cômodo com duas cadeiras, uma de frente para a outra. O fardado me colocou sentada em uma das cadeiras, retirando minhas algemas, deixando-me livre.
— Aguarde a chegada do delegado — O homem disse, saindo da sala em seguida.
Era uma sala de interrogatório. Reconheço pois tive a oportunidade de visitar uma delegacia em meu estágio como jornalista criminal, essa sala era idêntica à que conheci, mas não me trazia nenhuma sensação boa como havia sentido na visita. Na parede à minha frente, havia uma espécie de espelho, onde eu conseguia me ver com clareza, enquanto do outro lado poderia haver policiais julgando cada pequena reação minha aqui dentro.
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BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/N
RomanceAos 21 anos, recém-formada em jornalismo, S/N recebe um convite de sua emissora para realizar uma entrevista com Kim Taehyung, o mafioso mais procurado pela polícia internacional. Pressionada a aceitar, S/N embarca nessa aventura, mas isso acaba mud...