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— Você pode explicar o que está tentando alcançar, Sra. Granger? — Snape olhou para ela com desdém.

Ela se levantou, jogando o vidro quebrado no lixo. — Trabalhando para melhorar minha poção, já que você parece nunca estar satisfeito com minhas habilidades.

Snape a encarou - ou a olhou de cima a baixo, seria a melhor maneira de descrever. — Posso sugerir algo? Você parece muito emotiva para trabalhar com poções no momento.

Fodidamente perfeito. A única coisa que ela tinha era a academia e agora ele estava tirando isso dela também. — Sim, bem, acho que não há nenhuma regra contra eu trabalhar na minha tese sobre poções enquanto estiver 'emocional'.

Os olhos de Snape se estreitaram. — Não, talvez não. Mas posso lhe dizer agora mesmo que esses ingredientes que você reuniu com tanto destaque aqui não resultarão em nada, porque a prata e as penas de galinha emprestadas se anulam.

Ela sabia disso. Que erro de iniciante. Ela nem pretendia pegar isso.

— Tudo bem — ela recuou do caldeirão. As paredes pareciam estar se fechando sobre ela. Lá fora, todo mundo estava rindo dela. — Vou entregar a você meu pedido de desistência pela manhã.

Ela passou por ele em passos rápidos até que sua voz aguda chamou seu nome e ela se acalmou.

— Sente. — Ele ordenou e ela sentou-se em uma das cadeiras, a velha madeira rangendo embaixo dela.

O rosto de Snape nunca revelava nada. Ele deveria tentar a sorte no pôquer, ela pensou.

— Por que você escolheu poções como sua especialidade? — Ele perguntou.

Nervosa, ela brincou com a manga do roupão. — Isso me interessa.

A sobrancelha de Snape ergueu-se com precisão. — Isso interessa você — ele repetiu como se fosse a coisa mais ridícula que ele já ouviu. — Tenho certeza de que há outras especialidades que lhe interessam, Sra. Granger.

Ele a rodeou como um corvo.

— Entendi, você acha que escolhi errado. Eu já disse que estou desistindo. O que mais você quer?

O professor parou abruptamente na frente dela. Olhos negros a observaram com curiosidade, como se ela fosse uma poção que ele não conseguia entender.

— Quando soube que a bruxa mais brilhante da nossa geração se juntou à minha turma, fiquei muito curioso para ver o que você poderia trazer para a mesa, Sra. Granger. Então imagine minha decepção ao ver o trabalho medíocre que você vêm produzindo.

Ela estava prestes a rir histericamente ou a chorar. Talvez ambos.

— Eu sei, a garota de ouro não é mais tão dourada — disse ela e surpreendentemente manteve a compostura. Ela levantou. — Se isso é tudo, irei embora. Ou você gostaria de me dizer que sou uma decepção de outra forma? Talvez escreva, para que eu possa emoldurar?

Snape apenas olhou para ela e às vezes ela desejava que ele realmente reagisse como um ser humano normal às coisas. Ela se virou e se dirigiu para a porta.

— Poções é uma forma de arte muito difícil. Não é uma equação matemática. Requer algo mais.

Ela parou e virou-se hesitantemente para encará-lo novamente, mas permaneceu perto da porta.

— O que isso exige?

— Intenção — Snape respondeu. — Mesmo ao recriar poções que já foram desenvolvidas, pode ser complicado quando a intenção por trás disso está errada. Mas para conceber uma nova poção, é preciso ir mais fundo. Você não vai abandonar minha aula. — Sua voz era autoritária. — Na próxima semana, você não vai mexer em nenhum ingrediente. Seu único dever de casa será responder a uma pergunta: Por que você está nesta aula?

Damaged Goods | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora