O som dos sapatos caros de encontro ao chão era incômodo à maioria daqueles homens, mas não é como se Obito se importasse. A fumaça do cigarro lhe escapava os lábios calmamente, ocultando parte do rosto repleto de cicatrizes que ostentava uma feição descontente e, tão logo a expressão foi revelada, o outro homem parou de falar.
Obito colocou os dois pés no chão e o silêncio extremamente tenso foi interrompido pelo seu riso sarcástico.
— Então — Ele começou, a voz rouca ecoando pelo cômodo — A polícia descobriu a localização da minha casa por um erro seu?
Todos ficaram quietos, apreensivos. A falsa serenidade no tom de Obito era tão assustadora quanto os gritos que ele soltava vez ou outra.
Havia temor, mais do que qualquer coisa dentro daquela sala, mas Obito identificou um sentimento diferente em um dos homens sentados ao redor da mesa.
Itachi tinha um sorriso leve nos lábios, um olhar desafiador, intenso. Seria incoerente para qualquer outra pessoa, exceto Obito. Ele o conhecia muito bem e, se não o fizesse, a fama de Itachi o faria ter receio do que se passava pela mente do prodígio.
Ambos eram os líderes da maior facção do estado. No entanto, dividiam mais do que a liderança nos esquemas de tráfico e lavagem de dinheiro nos quais estavam envolvidos.
Bem mais.
Itachi parecia questioná-lo silenciosamente sobre de que forma agiria e ele lhe dedicou um sorriso ladino antes de voltar a falar.
— Estou esperando uma resposta.
O homem estremeceu, os olhos marejados, a expressão assustada, embora demonstrasse certa conformidade. Ele sabia das consequências do seu erro.
Obito suspirou, alcançando o revólver na cintura e o som do destrave interrompeu, mais uma vez, o silêncio. Ele colocou a arma sobre a mesa, bem perto de si e sorriu antes de encarar o homem mais uma vez.
— Eu poderia dizer que você é um visionário, meu caro — Voltou a dizer — Eu pensava em vazar a informação para a polícia, armar uma emboscada e essa é a oportunidade perfeita.
O homem arregalou os olhos e suspirou, aliviado.
Quem riu, dessa vez, foi Itachi. O tom grave ecoando pela sala, agraciando os ouvidos de Obito. O homem sequer pôde olhar para o outro líder antes que um tiro ecoasse no local, o som alto trazendo incômodo aos presentes, ainda mais do que o batuque dos sapatos do Uchiha mais velho contra o solo.
O homem caiu sobre a mesa, o sangue escorrendo, os olhos abertos ainda demonstrando certo desespero.
Itachi ainda tinha um sorriso nos lábios quando guardou a própria arma após efetuar o disparo.
— Visionário — Ele comentou, o tom debochado, estalando a língua — Limpem isso — Ordenou aos outros — E quero o helicóptero pronto em três horas.
Obito sorriu vendo-o se levantar e o seguiu para fora da sala, observando-o caminhar em direção ao quarto.
As paredes de vidro do cômodo permitia a eles a visão esplêndida de uma praia remota, a imensidão azul do céu se misturava à da água, mas Obito preferia apreciar Itachi caminhando em direção à varanda.
A visão era ainda melhor.
Itachi notou estar sendo observado e o encarou sob o ombro, esperando-o se aproximar para estender a mão, pedindo por um cigarro. Obito alcançou um no bolso e levou até os lábios, entregando ao outro depois de acendê-lo.
O mais novo tragou profundamente, encarando Obito nos olhos quando ele se colocou ao seu lado, os braços apoiados sobre a grade da varanda.
Os fios de Itachi voaram com o vento, atingindo seu rosto e levando consigo o aroma delicioso do seu shampoo. Obito suspirou antes de trazê-lo para perto, as mãos agarradas à sua cintura.
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Cego - ObiIta
FanfictionO quão cego é o amor? Embora fosse considerado um gênio, Itachi não se via capaz de responder à questão. Sabia, porém, que o sentimento influenciava totalmente seus julgamentos. Ele confiava cegamente em Obito. E, no fundo, tinha ciência de que era...