Sábado, 23 de setembro de 2006
Quando chegou ao St. Mungus, Harry ainda estava segurando o Profeta Diário, com suas imagens em movimento e seus títulos sensacionalistas espalhados pelas páginas amarelas. Ele o estava lendo em seu escritório no DMLE quando recebeu o Patrono de emergência. Segurando sua xícara de café da manhã, balançando a cabeça com raiva e descrença em todas as palavras distorcidas do jornal. A realidade ainda estava no lugar, ainda em suas dobradiças. Ainda era sua realidade.
E então, ele recebeu a notícia. Sua vida agora estava dividida em antes e depois. No entanto, quando ele olhou para a xícara, ela ainda era apenas uma xícara branca, simples e levemente lascada. Os mesmos papéis estavam em sua mesa, onde ele os havia jogado. O teto encantado ainda refletia o céu lá fora, descaradamente ensolarado e claro. Tudo tinha a coragem de parecer exatamente igual. Mesmo que a realidade não fosse mais realidade.
Agora, como se estivesse submerso na água, ele mal conseguia entender as palavras do curandeiro. Uma luz piscou no corredor do lado de fora do quarto de Hermione. Eles deveriam consertar essa maldita luz, pensou ele. Ele estava entorpecido. Por fim, porém, algo penetrou na parede de neblina que o envolvia. Algo a que ele podia se agarrar.
"Espere", disse ele, interrompendo a bruxa de meia-idade e de óculos. "Você está dizendo que a maldição não funcionou?"
A mulher cujo nome Harry não sabia hesitou por alguns longos momentos.
"É difícil dizer neste momento, Auror Potter. Ainda estamos fazendo testes. No mínimo, algumas memórias importantes parecem estar faltando. É claro que não na medida habitual, mas..."
"Ela ainda pode fazer magia?", perguntou ele.
"Bem, sim, com exceção dos feitiços que ela aprendeu nos períodos de intervalo, mas não posso prometer nada no momento", respondeu ela, com uma reticência e incerteza que Harry não entendeu.
Essa era uma boa notícia, uma notícia espetacular. Ele sabia que deveria se sentir um pouco envergonhado pela onda de alívio que o inundou. Afinal, todos os outros atingidos pela maldição até agora haviam perdido todas as lembranças desde que tinham onze anos de idade e receberam sua carta de Hogwarts. Toda a sua identidade como bruxos e magos havia sido cruelmente apagada de suas mentes, e os pesquisadores não estavam progredindo com rapidez suficiente para combater os efeitos.
Ele sabia que era uma tragédia e que, como Auror designado para o caso, não deveria se deleitar egoisticamente com o fato de a mulher que amava ter sido poupada do mesmo destino. Mas, neste momento, ele não estava nem aí.
"Eu quero vê-la", exigiu ele.
"Receio que não estejamos permitindo visitas no momento", disse a bruxa, segurando sua prancheta da mesma forma que Harry estava segurando seu jornal. Como uma tábua de salvação.
"Então, abra uma exceção", disse Harry, com uma voz severa, enfiando os óculos no nariz.
Normalmente, ele não gostava de pedir isso às pessoas. Porque todo mundo sabia o que isso significava. 'Abra uma exceção para Harry Potter, o Escolhido. Se não fosse por ele, vocês estariam vivendo sob o reinado de Você-Sabe-Quem agora.' Mas esse era o segundo caso em que ele não dava a mínima. Se ele usasse essa estratégia para qualquer pessoa no mundo, seria para Hermione. Sempre.
A curandeira deu um suspiro profundo e embaralhou alguns papéis em sua prancheta antes de acenar lentamente com a cabeça.
"Não fique muito tempo, não queremos perturbá-la. Ela..." A bruxa fez uma pequena pausa para limpar a garganta. "Ela acha que estamos em dois mil e três."
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Our Memory, Unbroken | Harmione
FanfictionUma maldição que tem como alvo as memórias dos nascidos trouxas sobre sua magia atinge Hermione sete anos após a guerra, fazendo-a esquecer seu relacionamento com Harry. Em uma corrida contra o tempo, Harry precisa capturar os responsáveis e garanti...