Quando algo começa, geralmente, não temos idéia de como vai terminar. Um campeonato qualquer pela seleção torna-se a sua chance de voltar a brilhar após o processo de recuperação de uma lesão. As colegas de seleção da "nova geração" que você é obrigada a conviver diariamente, se tornam a sua família, e, aquela jogadora que era pra ser apenas mais uma na sua lista de "conquistas", torna-se o amor da sua vida.
Amor da vida. Bom, após seis anos juntas e uma bela história construída, era assim que Mari a considerava.
Pelo o menos até o fatídico ano de 2012.
Janeiro de 2012.
Returno da temporada 2011/2012 da Superliga Feminina de Vôlei. Era a 18° edição dessa competição, na qual Sheila e Mari defendiam a tradicional camisa do Unilever/RJ.
2012. O ano maldito, como Mari o nomeou. Para a loira, era demasiado doloroso ver tudo o que construíram durante anos, se desfazendo a cada dia, a partir das discussões por nada, nos atos carinhosos cada vez mais escassos e nos muros que foram erguidos a cada indiferença apontada por ambas. Elas já não eram como antes. Nem dentro, nem fora de quadra.
A situação que ambas vivenciavam e o clima ruim gerado pelas duas, não afetava somente as suas vidas pessoais, mas, os seus respectivos desempenhos pelo clube comandado por Bernardinho. A tensão gerada pelo o casal, não passava despercebido por ninguém, muito menos pelo técnico. Quando Sheilla errava uma bola, ou quando Mari era parada pelo bloqueio adversário, o ar ficava palpável, a ponto de qualquer um, a quilômetros de distância sentir o climão instalado em quadra. A cumplicidade das duas, estava se esvaindo, não apenas durante os jogos, mas, no dia-a-dia.
Mari amou Sheilla com todo o seu coração. Queria que a sintonia tivesse sido mantida, Deus sabe que ela lutou por isso, mas, ambas reconheciam que eram um jogo perdido.
E por falar em perca. Nesse maldito ano, Mari perdeu tudo.
Perdeu a final da superliga para a equipe do Sollys/Nestlé/Osasco, em um Maracanãzinho superlotado, por um placar arrasador de 3x0. Perdeu a chance de conquistar mais um ouro olímpico pela seleção. O sonho da loira de ir em busca do bi-campeonaro olímpico da seleção feminina, junto com as suas companheiras, ficaria somente como isso, um sonho.
Entretanto, para Marianne, nenhum desses fatos citados se iguala com a dor de perder o amor da sua vida para outra pessoa.
28 de Julho de 2021.
É engraçado como nós passamos toda a nossa vida nos preocupando com o futuro, planejando-o e tentando prevê-lo. Como se apenas imaginar fosse de alguma forma amortecer o impacto de não conseguirmos tê-lo como queríamos.
Se perdendo ainda mais no momento nostálgico em que se encontrava naquele instante, Mari percebeu que planejou inúmeros futuros para si. Desde a época em que dividia a mesma cama com Sheilla, até o fim da sua carreira no vôlei.
Por ironia do destino, nada acabou sendo como ela imaginou.
Não havia tido o casamento que tanto planejava com a pessoa que mais amou na vida. Nem os filhos que tanto sonhou que teria com a ex-companheira.
Voltou a lembrar de Sheilla, soltou um riso nasal e em seguida balançou a cabeça em negação.
Nos últimos anos, a loira vivenciou totalmente o contrário daquilo que imaginava que seria o seu presente.
Viu Sheilla assumir outra pessoa dois meses após o término do seu relacionamento com ela. Um ano depois, a viu casar com o cara que a morena fielmente declarava ser o amor da sua vida.
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afterglow - shari
FanfictionO passado é algo esquisito. Por mais que tentemos seguir em frente e deixá-lo para trás, ele sempre volta para nos infernizar, e porquê não, nos pôr à prova? Às vezes o passado é uma coisa que não conseguimos esquecer. E, às vezes o passado é algo q...