Espadas & Magia

29. As visitas

— Vamos, Dama do Fogo? — Darla me chamou.

  Minhas funcionárias estavam fazendo algo, talvez resolvendo sobre os vestidos para a comemoração que estava cada dia mais perto. Eu e Marry estávamos em um salão, um que não conhecia, descansando um pouco nos sofás após o almoço, que por sinal, estranhamente, não contou com a presença do Max. Ela usava um vestido detalhado com pedrinhas que formavam ondas pela saia e um delicado brilho, além de uma fina capa nas costas por cima das asas. Por outro lado, eu usava uma calça vermelha com ouro, enfiada por dentro de uma longa bota e um casaco parecido com uma farda de mesma cor e detalhes. Ela estava me dando alguns avisos, contando sobre sua família e coisas antes de ser uma Dama, assim como eu contava sobre meu pai e como quero encontrá-lo logo.

— Oi, Darla, vamos sim! Até logo Marry.

— Dama do Fogo! — ela pulou do sofá e o cabelo azul instantaneamente demonstrou sua animação enquanto pulava — Não se esqueça de encontrar com a Ana, depois, no Jardim da Flora! Teremos visitas importantes para o aniversário da Rainha Obsidiana! Não se esqueça, por favor!

— Pode deixar — afirmei sorrindo, apesar da alegria, era extremamente sério.

Darla usava uma blusa cinza, uma calça preta e casaco de mesma cor, quase sem detalhes, que se alongava até abaixo do seu joelho na parte de trás, além de botas lisas. Era um pouco estranho vê-la sem tantos detalhes da moda real. Nos corredores, ela contou o que faríamos:

— Estou cansada hoje, apenas fadiga — ela ressaltou vendo minha preocupação. — Quero te ensinar a cavalgar.

— Não se preocupe, eu sei cavalgar. Se quiser, pode descansar, eu treino sozinha.

— Cavalgar como uma fada — ela acrescentou com uma voz séria e irônica.

— Qual seria a diferença?

— Voar e usar magia, é claro. Sabe voar, alcançar o cavalo em movimento e cavalgar nele? Sabe fugir voando de um cavalo em movimento? Sabe usar magia enquanto cavalga? Sabe conduzir um cavalo com magia? Vamos ter longas horas para treinar, além de reforçarmos suas lutas.

 Darla estava certa, não tinha noção de como fazer isso. Cada dia mais acreditava que a guarda real me preparou como uma humana e via mais diferenças entre nós. Não os culpo por tudo que aprendi, agradeço é claro, mas me questiono se saberia mais se viesse para a guarda real mágica.

— Viu? Agora repita! — ela mandou após outra demonstração.

 Caí na terra pela terceira ou quarta vez tentando alcançá-lo. Ele andava em linha reta por um enorme caminho quadrado de terra da área de treinamento na parte de fora do castelo. Minha roupa era grossa o suficiente para não me deixar machucados, mas ainda doía. Minhas asas se mantinham firmes. Por vezes senti que comia terra.

 — Pare de desistir de suas asas antes de chegar perto dele, não feche elas como se estivesse livre. Parece uma fruta caindo de uma árvore. Siga o ritmo do cavalo e conseguirá.

 Consegui, na oitava vez, após quase cair, voar e cavalgar. Fiz o mesmo com as outras atividades, demorando mais do que esperava por Darla não me permitir sair antes de terminarmos. Estávamos distantes, mas não me lembro de ver ou escutar convidados chegando. Tempo depois, me despedi com pressa dela e fui voando ao encontro de Anahí, deixando-a guiar os cavalos para o estábulo.

— FIQUE BEM! — ela gritou. Estranhei, mas não me importei.

 Minha roupa estava suja, imunda, mas devia encontrar Anahí antes de esbarrar em uma visita. Ela poderia me ajudar na limpeza também, estava muito cansada para usar magia de vento e tirar um pouco de poeira. No entanto, era grande a chance dessa magia não limpar as minhas roupas com terra e lama. Khalil havia dito: "Seja uma boa Dama e preocupe-se com vestidos e beleza", mas estava preocupada em não desagradar a visita. Max provavelmente iria rir da minha situação se me visse correndo os corredores até o Jardim da Flora e me ajudaria colocando seu casaco em mim. Alguns funcionários e guardas se assustaram comigo e outros foram compreensivos questionando se precisava de ajuda.