Restando as duas mães ficarem prazenteiras de terem cumprido com o sagrado dever de educadoras, gabarem-se uma da outra para toda a vizinhança, por seu rebento ter maior e melhor desenvoltura na contenda.
Bastava me dizer que nunca mais iria ter com meus pais e sua maneira "guloseimas" de estarem juntos.
Fui morar com meus avós, que me tratavam muito bem e se tratavam por "pai e mãe", facilitou as coisas.
Logo depois que me formei, "adulta" sai da casa deles, deste dia em diante sempre morei só; recentemente passei a ser dona?
Recentemente um gato me adotou como sua protetora, inúmeras vezes o expulsei de minha sacada, ele me venceu... nunca pensei em ter um animal, mais à ideia agora me agrada.
Tenho, mas não conheço os meus vizinhos. Tudo o que tenho que fazer, repor algo na despensa, compra de remédios, comida para... - a propósito é fêmea, o felino – tudo faço pelo telefone ou internet; não, não tenho blogs ou os conhecidos sites de relacionamento, não entro em salas de bate-papo etc.... É raro, mas quando normalmente estou voltando do serviço, passo num mercado vinte quatro horas, a mais de cinco anos uso a mesma lista de compras. Não sou dada a receber as cortesias sociais, nem fazê-las, mesmo aos poucos funcionários do estabelecimento já tão "intimamente conhecido". Basta ler o crachá para conhecê-los.
"Andrê", o entregador, assim é escrito e falado o nome, tem sardas, cerca de vinte anos e um sotaque falacioso...a caixa é Andréa, parece que alguém sempre faz questão de lembrá-la que o escrivão esqueceu uma letra de seu nome, sem que seja necessário maiores explicações, passou a ser acometida pelos sete pecados capitais após conhecer Andrê, também tem o açougueiro, não sei o seu nome, não como carne, sem este enviesado veganismo radical, apenas opção.
No terceiro mês já sabiam como proceder:
Primeiro mês...
_ Para entregue?
_ Sim, às onze horas. – completei os dados num pedaço de papel.
_ Há por favor, dois toques curtos na campainha bastam. – disse e saí – aqui merece maiores detalhes, não é que eu seja um tipo chato, cheia de manias e controladora, que tenha transtorno obsessivo compulsivo, "TOC", mas o entregador chegando na hora marcada e usando o número de batidas combinadas, saberei de quem se trata, medida de segurança. só isso.
Segundo mês...
_ Para entregue?
_ Sim. Como no mês passado.
No terceiro mês...
_ Entregue, às onze horas, número... ap.... há! Doe toques apenas na campainha. Oki, merci".
Acenei com a cabeça, faz cinco anos que assim procedemos.
Não tenho rádio, televisão, nem redes sociais, também nunca recebo visitas.
O que tenho é uma vitrola que vez e outra ouço vinil, somente músicas instrumentalizadas, orquestrada e não exatamente as ditas "clássicas", penso em migrar para alguma plataforma, mas é tanta propaganda...agora uma gata; estas são duas das três coisas que me distraio quando estou em casa.
Em meu tempo livre, leio e ... não importa.
Não há nada de errado com as tevês, há quem se agrade com o banho de sangue, obscenidades e noticiários de conteúdo apenas ideológico e parcial, no rádio, uma "finita" quantidade de músicas, letras e batidas repetidas, quando não passam o dia em boletins de horóscopo que deviam ter sido pela manhã; e quando digo pela manhã é logo após a meia noite, onde parecem os "astromancistas" não saberem adivinhar que existe uma multidão de pessoas que vivem e bem, sem saber de antemão sua sorte... afinal, que vale saber como se deveria agir durante o dia, no final dele e se são tão sabidos, porque não dizem de uma vez as seis dezenas...
Visitas? Visitas! Visitas... nunca recebo. Não entendo o conceito "fazer sala".
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Palavras Para Distrair a Insônia
No FicciónEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...