Rosa negra

Encomenda

27 de Outubro_ Halkidiki-Grécia_

*Alicia

  Depois de dois anos morando na Grécia finalmente era hora de ir embora.

Admito que sentiria falta das praias, das cidades, da comida e de algumas pessoas, mas eu já estava a tempo demais longe do meu pai e da minha irmã, o sentimento de solidão começava a se tornar presente, afinal nunca ficamos tanto tempo separados.

Já haviam se passado 3 anos desde que eles se mudaram para os Estados Unidos e pelo que me contaram, Tony havia se tornado chefe da polícia e Amanda quis seguir seus passos e entrou na polícia também.

Seria fácil conseguir entrar como detetive la, além da minha família comandar la eu ainda tenho meu currículo impecável.

 O único motivo de eu ainda ter ficado era por conta de Raya e Estella, um casal de duas senhoras maravilhosas que cuidaram de mim esse tempo todo.

No dia que Tony partiu elas se ofereceram para ficar comigo enquanto nada era fixo la, apesar de ser uma jovem adulta decidi ficar mais um tempo, elas eram tão boas e doces que adiei ao máximo ir embora, mas tinha finalmente chegado o momento de ir.

Claro que elas não iam me deixar sair de lá sem antes me darem um monte de comida para a viagem, água e remédios para enjoo e dor de cabeça.

Estella me abraçava e chorava enquanto Raya fazia bico e me pedia para voltar logo, até mesmo me ameaçou que se eu não mantivesse contato elas iriam me buscar nem que fosse apé, me dariam uns tapas e não deixavam eu ir embora nunca mais, o que me arrancou um sorriso sincero em meio ao meus pensamentos.

 Esses são os piores momentos para alguém como eu e minha família, conhecer pessoas boas nesse mundo e saber que nunca mais os veria e que daqui a alguns anos ou até mesmo dias eles podem não estar mais vivos. Afinal humano são tão frágeis e tem a vida tão curta que chega a ser injusto. Ser imortal não era lá grande vantagem...

 Sai de la com um peso no coração, mas com todos esses séculos que tive de vida, aprendi a não me apegar de mais, logo elas seriam apenas uma lembrança feliz entre as outras que eu guardaria eternamente em meu coração.
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         _Um tempo depois_
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  — Tony?

  — Alicia filha que bom ouvir sua voz! - disse alegre ao atender o telefone - eu e Amanda já organizamos seu quarto e já falei para o pessoal sobre sua chegada, quando vira para a casa?

  — Acabei de chegar no país, mas acabei perdendo o endereço no caminho será que pode me mandar de novo por favor?

  — Claro, mas antes de vir em casa pode fazer um pequeno favor pro seu velho?

Fiquei em silêncio e esperei ele me pedir, ele sabia que eu faria o que ele me pedisse.

  — Passe no endereço que vou te mandar e me traga… bem, uma pequena encomenda. Richard estará esperando por você, apenas diga quem é e ele te entregará.

"Pequena encomenda? O que será que era?"

  — Sem problemas eu pego sim, mais algo?

  —  Sim, por favor tenha cuidado, apesar de sua aparência ela é perigosa e frágil, mantenha ela firme e bem embalada.

  Não conseguindo aguentar a curiosidade, perguntei.

  — O que é essa encomenda papa?

  — Desculpa querida, não posso dizer agora, mas você chegando eu te conto.

  — Okay, ligarei assim que pegar ela.

  — obrigado querida.

  Tony encerrou a chamada e logo depois recebi uma mensagem dele com o endereço e um imoji feliz.

Ele estava tentando se misturar com os humanos desde que chegamos, porém a cada dia que se passava parecia mais um velho falando gírias de adolescentes. Não que ele fosse velho, melhor dizendo, aparência de um.

Tony é um homem elegante e de corpo forte, mas não se engane com seu sorriso brilhante, seus cabelos castanhos e seu rosto bem marcado, na verdade, ele já tinha mais de mil anos e não estou nem exagerando. Fisicamente ele aparentava ter uns 37 no máximo 40 anos. Seu jeito brincalhão e relaxado era sua marca registrada, ele sempre se mantinha calmo até mesmo nos piores momentos.

Alguns minutos se passaram e antes que eu percebesse  havia chegado ao endereço que ele tinha me mandado.

Era uma pequena casa que ficava em frente a um parque, sua aparência era bonita, tinha um ar aconchegante e um lindo e pequeno jardim. Não havia muros apenas uma porta de madeira e suas paredes eram de uma cor clara, algo como salmão.

Caminhei até sua porta e bati três vezes o que foi suficiente para ouvir uma voz feminina pedindo que eu esperasse, demorou apenas alguns segundos antes de ouvir passos e alguém abrindo a porta.
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                Continua...