Capítulo 16

232 18 2
                                    

Mary seguiu até sua sala onde um café da manhã pomposo estava a sua espera. Tomou um copo generoso de suco de uva acompanhado de um pedaço de torrada enquanto observava o pedaço de papel repousado ao seu lado juntamente com alguns prontuários.

— Bendito seja Freud! – Resmungava a psicóloga com a boca cheia. Essa era sua frase quando estava intrigada com alguma coisa, porém desde que chegou ao Hospital, tem ficado tanto intrigada que utilizar a sua frase já não fazia tanto sentido.

Assim que acabou de tomar o suco, encheu novamente o copo, desta vez com água, tomando lentamente enquanto buscava outra torrada na cestinha.  Alguns minutos se passaram e Mary já havia terminado o café da manhã, porém, antes de seguir para mais um dia monótono de trabalho, resolveu fazer o que fazia todas as manhãs... Levantou-se, seguiu para sua mesa de escritório, sentou-se, empunhou o telefone e começou a discar para New England...

— Atende! Atende! – Dizia Mary impaciente. — Mas que droga! Será que estão bravos ainda? Mas que merda, mesmo se estiver, eles tem que atender essa porcaria de telefone! — A psicóloga estava entrando em um estado de raiva, tanto com seus pais como com ela mesma. — Atende porcaria! — Porém a tentativa novamente foi em vão... O telefone do outro lado tocava, tocava insistentemente, porém, ninguém atendia.

Novamente Mary via sua tentativa de falar com seus pais fracassar, pela primeira vez desde que chegou, Mary começava a cogitar em sua cabeça em voltar para os Estados Unidos e pedir demissão do Hospital Hellingly. Certamente, Hellingly era um hospital respeitado mundialmente, não muito pela qualidade, mas sim pelos fatos ocorridos e pelas dimensões do mesmo que o colocava como o maior hospital já construído, entretanto, a sua formação em uma das melhores universidades do mundo contribuiria para arrumar um emprego em New England, porém, a dor que sentia por estar longe dos pais era algo que nenhum emprego e nenhum salário poderiam suprir.

A psicóloga desligou o telefone, voltou para mesa de café da manha e pegou todos os papeis que estavam lá e se dirigiu até a sala do doutor David para lhe mostrar alguns relatórios do paciente que se suicidou dias atrás.

Ao caminhar pelos corredores do vasto hospital, parou algumas vezes para conversar com algumas enfermeiras sobre alguns procedimentos futuros com os pacientes e em uma dessas conversas soube do ocorrido naquela manhã com Santiago e uma paciente; resolvendo então passar na sala do rapaz para saber melhor o que aconteceu e se o mesmo precisava de alguma ajuda.

— Doutor Santiago, o senhor está ai? — Perguntou Mary batendo na porta. — Doutor? Santiago? Tem alguém ai? — A psicologia perguntava e não teve nenhuma resposta.

— Doutora Mary?

— Sim, pois não? — Mary parou de bater e virou-se. — Steven! Quanto tempo não te vejo aqui!!!

Steven tinha mais de sessenta anos, era um dos enfermeiros mais antigos do Hospital e considerado um dos melhores da Inglaterra. Era conhecido em todo país por participar de equipes medicas famosas, como por exemplo, da equipe que operou o principal jogador de futebol inglês meses antes de Mary chegar. Poucos sabiam, mas Steven foi uma das poucas pessoas que acolheram a jovem quando chegou; Santiago que é uma das pessoas que mais esta com Mary nem ao menos sabe da amizade de Steven com ela.

— Tudo esta muito corrido Mary, cheguei ontem de Paris, fui chamado para a equipe médica que operou o técnico da seleção italiana de vôlei.

— Muito interessante!

— Mary, vi você chamando o doutor Santiago, ele esta na sala do doutor David.

— Faz muito tempo isso Steven?

— Não doutora, foi há pouco. Creio que ele ainda deve estar por lá.

— Obrigado Steven! Em outro momento conversamos mais.

A Outra Face do MedoWhere stories live. Discover now