Diz outro homem mau

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MAGNUS

Pela primeira vez, eu realmente vi Alec hesitando. Aconteceu na garagem quando saí do carro.

Mais uma vez, na sala, quando ele tirou as botas, e uma terceira vez, quando atravessamos a casa para o escritório do meu pai.

— Eu não sei sobre isso... – disse ele, ficando para trás no corredor.

— Está tudo bem. Patricia é a única aqui. – eu respondi. Quando ele não começou a andar novamente, eu deslizei minha mão na dele e o puxei para frente.

— Por que não voltamos para minha casa? Eu tenho um laptop.

— Confie em mim. – murmurei, caindo na cadeira de couro enorme do meu pai e chegando mais perto de seu computador. – Podemos ir lá assim que a gente ver o que está acontecendo aqui.

Uma vez que o pendrive foi aberto, os arquivos apareceram na tela. Eu não conseguia ler merda nenhuma – estava tudo em outra língua.

Com um encolher de ombros, cliquei em um pasta, liberando uma série de documentos e fotografias na tela.

Alec disse algo em russo e se inclinou para frente, apoiando uma mão na mesa ao meu lado e olhando para a tela. Ele parecia mais chateado do que o normal, o que eu não sabia que era possível até aquele momento.

— O que é isso? – Eu perguntei.

— Aquela. – Ele apontou para outra pasta.

Obedeci e abri o arquivo, surpreso quando o rosto de Alec apareceu. Era uma série de fotos de prisão, mas definitivamente da Rússia. Além de capturar os ângulos de seu rosto, eles catalogaram todas as suas tatuagens. Ele ainda não tinha a cabeça do lobo, nem as estrelas no peito.

— Quando foi isso?

— Dez anos atrás. – ele respondeu sem rodeios, apontando para outra pasta.

Eu abri essa também. Era Alec novamente, mas esta definitivamente não era uma foto de prisão. Pode ter sido o que levou a uma foto de prisão, pelo que eu sabia.

Em vez de usar um uniforme listrado de presidiário, ele estava vestido com uma camisa escura, parcialmente desabotoada, e um jeans branco. Mesmo em uma fotografia, eu poderia dizer que eles eram apertados como o inferno. Isso me lembrou uma roupa que você usaria em um clube. Ele parecia incrível, exceto pela arma que ele apontava para a cabeça de alguém.

O homem na foto estava ajoelhado no chão no que parecia ser um beco. Era difícil dizer, já que a foto era em preto e branco e estava granulada.

Sem que me mandasse, cliquei na seta à direita, trazendo a próxima foto. Era essencialmente a mesma imagem, exceto por um grande flash de luz próximo à cabeça do homem.

Segurando minha respiração, eu cliquei novamente. Eu só tive um vislumbre do homem cambaleando de lado antes de Alec empurrar a cadeira para trás e bloquear minha visão da tela.

— Não olhe para isso. – disse ele, sua voz apertada.

— Quem era aquele? – Eu perguntei calmamente.

— Um homem mau.

— Diz o outro homem mau. – Eu estremeci depois que as palavras saíram minha boca. – Eu sinto muito. Eu não...

Ele levantou a mão, me cortando.

— Me deixe ver o resto.

Assentindo, eu deslizei para fora da cadeira e troquei de lugar com ele.

Ele clicou em mais algumas pastas em velocidade de dobra. Pelo que percebi, eram principalmente fotos: corpos mutilados, carros carbonizados, pessoas desmembradas.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora