Ninguém precisa se machucar

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ALEC

Valentim escolheu uma sala de chá popular para nosso encontro, o que foi bom. Eu conhecia o lugar e sabia que tinha pelo menos três saídas diferentes se precisasse delas.

Como esperado, a maior parte da tripulação estava lá, agrupada em diferentes mesas. Valentim estava sentado sozinho, no centro, comendo um bolo e bebendo seu chá como um maldito rei.

Eu estava prestes a entrar quando meu celular tocou.

Era Clary.

Franzindo a testa, dei um passo para trás, fora da vista da frente janela e atendi.

— Eu tenho algo. — disse Clary, quase sem fôlego. O som de sua voz fez o cabelo da minha nuca se arrepiar.

— O que é?

— É seguro falar?

Eu dei outro passo para longe da porta, virando as costas no caso de alguém sair.

— Fala logo, mulher!

— Jonathan. — Eu podia ouvir o tremor em sua voz, mesmo pelo telefone. — Ele está planejando algo. Algo grande.

— Como você sabe?

— Ele se encontrou com Imasu, Kolya e Hodge. Eu os ouvi dizer "lobo". Só pode ser você, Alec. Eu não ouvi o quê exatamente, mas eles carregaram armas e foram embora.

Verifiquei meu relógio antes de lançar um olhar cauteloso para dentro do restaurante. Nenhum desses quatro estava na comitiva de Valentim. Isso não poderia ser bom.

Jace me viu pela janela e franziu a testa, uma pergunta silenciosa em seu rosto.

— Quando? — Eu perguntei, virando as costas para ele.

— Agora mesmo. Liguei para você imediatamente.

Se eles estavam vindo para me emboscar, eu tinha pelo menos vinte minutos para eles chegarem aqui do armazém. Teria que ser uma reunião curta, então.

— Não conte a ninguém que falamos. — eu disse antes de desligar.

Exalando uma respiração firme, estalei meu pescoço e entrei no salão de chá como se nada tivesse acontecido.

O olhar de Jace me seguiu por todo o caminho, uma dúzia de perguntas silenciosas flutuando no ar como fumaça.

— Alec. — Valentim disse com um sorriso, apontando para o assento ao lado dele. — Boas notícias, espero?

Me apoiando na beirada da cadeira, a empurrei para trás, me dando uma visão melhor da porta da frente e da cozinha.

— Onde está Jonathan?

Valentim riu.

— Ah, está com suas putas, cheirando uma montanha de cocaína, imagino. É por isso que você está aqui discutindo negócios em vez dele.

Eu não estava com vontade de ser lisonjeado. Era atípico de Valentim e uma perda do meu tempo.

— Quando Jonathan propôs essa ideia, você sabia de quem era aquele cofre?

Valentim piscou, ou pela minha brusquidão ou pela pergunta.

— Porquê?

— Porque pertence a Rhysand Archeron. — Observei sua expressão com cuidado. Ele não demonstrou nada, exceto, talvez, aborrecimento. — E não havia esmeraldas, como você disse. Era informação... sobre todos nós.

— Você conseguiu?

— Consegui o quê? — Eu inclinei minha cabeça para ele.

Um lampejo de irritação cruzou seu rosto, enrugando os canto de seus olhos.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora