Capítulo Único

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Você estava de olhos bem abertos e fixos no painel onde estavam os leds brilhantes que formavam os números das senhas. Suas mãos tremiam, apertando cautelosamente a fina folha de papel com o seus dígitos, sua pessoa batia um dos pés no chão. Dizer que você estava nervosa era um eufemismo. 

Você nunca gostou muito de ir ao dentista, a ideia de ter algum desconhecido cutucando os seus dentes com utensílios que se parecem com pequenas máquinas de tortura não lhe agradava nem um pouco. Ou talvez fosse o medo de ter alguma cárie, já sendo adulta, mesmo que você escove os dentes todos os dias após suas refeições e passar uma vergonha imensa na frente do profissional. 

Bem, de toda maneira, você saiu de seus devaneios assim que um som irritante e chamativo ressoou do painel, levando-a a comparar os números da tela com os do seu papel, fazendo com que percebesse que era sua vez de ser atendida. Levantando-se, seus pés quase embolaram-se um no outro, você caminhando desajeitadamente como resultado, o que atraiu alguns olhares. “de que circo deve ter saído essa desengonçada?” provavelmente pensaram. 

Apoiando-se na bancada da recepção, você entregou seu comprovante de pagamento e a moça escreveu algo em uma pequena lista, dizendo-lhe para subir as escadas à esquerda. Acenando com a cabeça, você fez o que lhe foi instruído e subiu os degraus, observando o metal do corrimão enquanto subia. 

Chegando ao segundo andar do lugar, você inspecionou o local, seus olhos brilhantes fitaram o lustre da pequena sala de espera vazia. Poucos segundos depois, uma mulher chamou-a pelo nome, dizendo-lhe para passar pela porta de vidro translúcido, que o profissional que lhe atenderia chegaria em poucos minutos. 

Adentrando o espaço, você hesitantemente vagou pelo ambiente, esperando pela doutora que lhe atenderia. Pelo que você se lembra, você ouviu vagamente que seu nome é Charlotte, então seu corpo ficou um pouco mais tranquilo por ser uma mulher que mexeria na sua boca. Se aproximando da cadeira odontológica, você viu algumas das ferramentas postas de maneira organizada sob a mesinha de apoio, interessantemente, os utensílios tinham gravuras em seu metal, o que despertou mais ainda sua curiosidade. Inclinando-se um pouco para ver melhor sem precisar tocá-las, você observou pequenos… Donuts entalhados no aço cirúrgico,  o que te fez pensar que a doutora gosta de doces. 

"Sinto muito pelo atraso, senhorita" Uma voz misteriosa, com um tom forte e grave ecoou alguns metros atrás de seu corpo, razoavelmente longe, mas isso não impediu que sua pessoa totalmente desastrada e tosca tropeçasse em um dos tubos da cadeira, o que te fez perder o equilíbrio. Sua vida passou diante de seus olhos, quando viu um objeto afiado sob a mesa, imaginando um cenário onde ele ficaria perfeitamente cravado em sua garganta e sua forma deplorável teria perdido a vida em um acidente no dentista. Alguns segundos imaginando sua experiência de morte que estava para acontecer, você notou o braço tonificado que estava envolvendo sua cintura, com a mão longe de seu corpo para não tocá-la indevidamente. 

"Imaginei que poderia acontecer. Seus pés estavam muito próximos dos tubos. Tome mais cuidado, jovem" A mesma voz de antes disse, desta vez mais próxima. O dono do timbre grave retirou o braço envolto em sua figura, segurando sua mão suavemente no caminho e puxando-a para longe da cadeira odontológica e qualquer outra coisa que você pudesse acabar destruindo. 

Agora longe dos perigos, você deu uma boa olhada no ser que lhe impediu de morrer com um utensílio odontológico na goela. Era um homem, estupendamente alto; ele provavelmente tem 1,97m de altura? Você não sabe dizer. Mesmo com o jaleco de médico e as prováveis roupas abaixo deste, você conseguia ver a ondulação dos músculos dos braços dele. Depois de alguns segundos analisando-o, você subiu o olhar para o rosto do outro a fim de "disfarçar" sua cara de pau ao ficar encarando-o, notando que ele já estava usando uma máscara cirúrgica descartável e seu semblante era realmente sério, sua testa estava bastante franzida. 

𝙀𝙨𝙩𝙧𝙖𝙣𝙝𝙤𝙨 - (Imagine Katakuri) Onde histórias criam vida. Descubra agora