É tarde demais para ele salvar você?

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MAGNUS

Sentado no sofá do terapeuta, dobrei os braços sobre o meu peito e olhei para o arranjo de bolas de vidro coloridas empilhadas em uma tigela gigante na mesa de centro. Pareciam bóias antiquadas, algo que vi uma vez em um museu marítimo na Nova Inglaterra. Tenho certeza que cada uma custou uma pequena fortuna.

— Você parece zangado. — disse o Dr. Herondale calmamente, deslocando o bloco de papel no braço de sua cadeira. — Tem alguma coisa que você gostaria de falar?

— Não. Esta é minha última sessão de qualquer maneira, então não sei por que me incomodei em vir. Acho que só para te dizer isso.

— Por que esta é sua última sessão? — Ele inclinou a cabeça, seus olhos azuis piscando serenamente.

— Porque depois de hoje não terei nenhum maldito seguro, o que significa que não posso continuar vindo aqui.

— Aconteceu alguma coisa?

Eu bufei.

— Sim. Meu pai. Mas não é essa a resposta para tudo? Malditos problemas com o papai? Papai ou mamãe, no meu caso. Faça sua escolha. Ambos os meus são fodidamente inúteis.

— Você já conversou com algum deles?

Um sorriso sombrio surgiu, mais perto de uma careta do que qualquer coisa.

— Eu odeio dizer isso a você, mas essa não será uma de suas histórias de sucesso. A ideia de apoio da minha mãe é fazer compras ou uma viagem a um spa. Isso não vai exatamente ajudar meu cérebro. E nem me fale do meu pai.

— Ok... E quanto a Alexander?

Foda-se Alexander.

A briga da noite passada passou pelo meu cérebro... seu rosnado, o brilho perigoso em seus olhos.

Ele ficou tão puto quando viu meu celular... Ele pensou de verdade que eu estava o traindo?! E há quanto tempo, exatamente, ele tinha essa suspeita?

Essa era a verdadeira razão pela qual ele não queria nada comigo?

Não porque ele estava com medo de me machucar, mas porque ele pensou que eu estava transando em outro lugar?

Embora, eu tenha dificuldade em acreditar que Alexander iria sentar e me deixar transar com outra pessoa, pois ele ameaçou cortar as mãos de Josh por simplesmente me tocar. Dado o que ele fez com outras pessoas, a ameaça era mais do que plausível.

Percebendo que o Dr. Herondale havia feito uma pergunta que eu ainda não tinha respondido, limpei a garganta.

— O que tem Alexander?

— Você já conversou com ele sobre o que aconteceu?

Dessa vez eu ri. Amargamente.

— Alexander e eu não conversamos. Nós nunca fizemos isso. E duvido muito que algum dia o faremos.

— Vocês não falam sobre nada?

— Não. A menos que coordenar os mantimentos e a lavagem a seco da roupa constitua como uma conversa.

— E ainda assim vocês estão juntos.

— Sim... — Me inclinei para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando a cabeça nas mãos.

Por mais que eu odiasse me sentir inútil em nosso relacionamento, eu era mais dependente de Alexander agora do que nunca.

Nova York era cara pra caralho. O dinheiro que consegui economizar desapareceria em um piscar de olhos se eu tentasse sair por conta própria. Mas, novamente, Josh mencionou que ele tinha um quarto vago, o que seria muito mais barato do que alugar um lugar por conta própria...

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora