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Caminhando para seu quarto, ela pensou na estranha virada que a noite havia tomado. A última coisa que ela esperava era que Draco Malfoy se abrisse com ela. Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu vista e compreendida. Alguém com uma experiência compartilhada. Ser um Comensal da Morte era muito diferente de ser torturada por um deles uma vez. Ela sabia disso. Mas havia muitas semelhanças.

O sol tinha acabado de nascer e ela parou perto de um dos arcos do corredor para admirar sua aparência. Normalmente, quando ela acordava tão cedo, era porque havia acordado de um pesadelo.

— Hermione? Porque voce esta acordada tao cedo? — Harry perguntou e, quando ela se virou e ele olhou para a jaqueta que ela estava usando e exatamente o mesmo vestido da noite passada, o sorriso dele vacilou.

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa. — Ela sorriu suavemente, ajustando desajeitadamente a jaqueta enorme nela.

— Dever de Auror.

— Ah. — Ela assentiu, perguntando-se se havia outro assassinato. Se assim for, ela certamente ouviria sobre isso em breve.

Os dois ficaram ali, sem saber o que dizer. Ele era seu melhor amigo quando ela começou em Hogwarts e agora eles mal conseguiam conversar.

— Bem, então vou deixar você voltar ao trabalho — ela sorriu.

— Estamos bem? — Ele perguntou de repente e a pergunta a surpreendeu. Harry olhou para ela com preocupação.

— Sim, claro.

— É que você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e sinto que estou perdendo você e não consigo evitar.

Ela mordeu os lábios. — Você quer dizer por causa do Malfoy?

Seus olhos percorreram a jaqueta dela e ele não conseguiu esconder um estremecimento. — Não, não por causa dele. Não me entenda mal, não suporto ele. Acho que ele é vil e não merece nem estar na sua presença. Mas não me importo com nada disso, desde que você esteja feliz.

Feliz. Uma palavra tão simples para um sentimento que parecia tão fora do alcance dela.

— Aqui — ele tirou o cachecol da Grifinória e entregou a ela.

Ela parecia confusa e ele apontou para seu pescoço. Porra! A mordida de amor de Malfoy provavelmente estava bem visível neste momento. Rapidamente ela pegou o lenço e enrolou-o no pescoço.

— Tudo que eu quero é que você seja feliz — ele continuou. — Parece que não entendo mais o que isso significa para você.

Seu peito estava apertado e ela lutava contra as lágrimas.

— Mas eu quero estar ao seu lado, Hermione. De qualquer forma, eu posso.

— Você nunca poderia me perder, Harry — ela finalmente disse e ele sorriu para ela com aquele charme infantil dele.

— Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, certo?

Ela assentiu.

— E eu sei que as coisas estão estranhas com Ron — ele continuou. — Mas daqui a pouco, as coisas vão voltar ao normal. Ele vai se acalmar com seu pequeno ego frágil, você estará de volta à Grifinória e tudo ficará bem.

O sorriso dele era contagiante, ela sempre pensou isso. Mas ela sabia que não era tão simples. As coisas não iriam simplesmente voltar. Todos haviam mudado desde a guerra. Muita coisa aconteceu.

Lágrimas ardiam em seus olhos.

— E se não acontecer? E se eu não for a mesma pessoa que costumava ser?

Damaged Goods | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora