Nem mesmo deu tempo do alarme tem tocar, Léo acordou um pouco antes, apesar de parecer um zumbi que não via a luz do dia a décadas, escovou os dentes, fez um coque froux(brincadeira), deixou o cabelo solto pois estava meio frio, e isso pelo menos aquecia sua nuca.
Depois de tomar café e discutir o gosto por animes de suas amigas no grupo, já era sete e meia, pegou sua mochila, máscara, e saiu em direção a faculdade da qual apenas sabia onde era pelo maps, apesar de saber que ir de carro era bem mais fácil, decidiu ir a pé, pode chamar ele de burro ou pedindo pra ser roubado, o que em partes é verdade, mas era bom se localizar, afinal, não sabemos quando ele vai se perder nessa cidade menor que um bairro de São Paulo.
Eram oito e dez, e Léo se perdeu, definitivamente não era a situação que ele esperava, estranhamente já era a quinta vez que ele passava pela mesma praça, não importa onde virasse, sempre acabava ali em algum momento, em algum momento, simplesmente desistiu e sentou em um banco do local, viu a hora no celular, oito e quinze da noite, não era a situação em que se imaginava.
A rua estava escura, só um poste de iluminação, aparentemente os outros dois estavam estragados, árvores atrás de si, a rua a sua frente, o clima estava frio e úmido, tendo em conta que tinha chuvido no dia anterior, o silêncio da noite era insurdecedor, o clima de estranhamento era eminente, ao fechar os olhos no banco solitário, sente que algo tampa a luz do pequeno e único poste que ali havia.
Quando os abre, um arrepio de medo e vergonha sobe sua espinha ao ver o mesmo menino que havia fotografado sua casa, parado, sobre a luz de um poste meio piscando, talvez pra maioria das pessoas aquilo seria assustador, mas pra Léo, foi como sentir um alívio estranho, e medo também, mas relevamos isso.
Ahm...oi?-
Léo tira coragem até do cu pra falar duas palavras.Ah, oi, desculpa se eu me meter mas..., O que diabos você tá fazendo sentado em um banco as oito e vinte da noite... sozinho...na praça menos movimentada da cidade?... é meio suspeito sabe-
A enxurrada de perguntas deixaram até os mais esquecidos neurônios de Léo a todo vapor, não sabia se respondia, ou se só ignorava.
(... não, não pode ignorar ele, seria rude demais, mas também não revela tudo assim) Pensou Léo, que já não respondia a plenos um minuto.
O menino se aproximou rapidamente, fazendo Léo se assustar e quase pular do banco.
Calma homem, eu não vou te roubar ou sequestrar, bem pelo menos é isso que você deve estar pensando né?-
Ele fala calmamente enquanto senta ao lado de Léo quase que sem o consentimento do próprio.
Não... não achei que você fosse..tipo-
Te matar?, Ahh meu querido não é a primeira vez que alguém pensa isso de mim- O mesmo fala rindo um pouco e com um tom de autoridade estranho.
Léo puxa a mochila pra perto de si, ali guardava todos os três cadernos de desenho, além dos materiais de aula claro, da qual não chegaria a tempo nem que pagasse.
Isso ele pensa até o menino abrir a boca de novo.
Tá mas o que eu queria, era saber quem é você cara, e também perguntar se cê tá indo pra faculdade-
Os olhos de Léo brilham e ele não consegue esconder a estranha animação e alivio.
Ahh, sério?, sim sim, eu tava indo pra lá e acabei me perdendo sabe, meio que acabei de me mud..pera... desculpa falei de mais né?-
Ahh para cara, normal, e cê não falou de mais não, inclusive não foi o suficiente ainda, mas olha, não sei se você notou, mas, (o mesmo aponta pra suas costas, nas quais, Léo viu uma mochila parecendo ser de couro), eu posso te mostrar um atalho que eu conheço sabe, eu estudo lá desde ano passado!-
Léo surta internamente por vários motivos, talvez por esse menino lindo estar o chamando pra seguir ele, talvez por não querer ser levado a uma floresta e ser desmembrado por um psicopata lindo, são muitas variantes.
Contanto que você não me leve pra alguma floresta ou casa abandonada, tá bom, valeu mesmo...-
O menino ri por uns segundos e abraça Léo de lado no banco, mas logo solta e levanta.
Claro claro, eu posso ser preto, mas nem por isso eu vou te roubar querido-
Fala o menino em um tom ironico.Meu Deus não não, não foi isso..q-que que eu quizz di..zer!-
Léo fala desesperado, quase gaguejando todas as palavras-De novo o menino ri, mais alto dessa vez, mas dessa vez ele oferece a mão depois de levantar, Léo aceita e levanta com sua ajuda, deixa o próprio o guiar o caminho até a faculdade.
Depois de pelo menos dez minutos de caminhada, finalmente pessoas são vistas fora de suas casas, e entrando finalmente nos terrenos da faculdade, que é grande, e exageramente brilhante.
Distraído com o tamanho do local, nem mesmo percebe quando já dentro, o menino entra puxando o braço de Léo, assim que passam pela portaria, quase que vazia, ele o puxa pra um canto e o coloca contra a parede.
Tá, te mostrei o caminho, agora qual o seu nome, e intenções aqui?-
Léo quase entra em panico, não esperava isso de jeito nenhum, a mudança de tom e expressão, era assustadora.
Ahh desculpa, eu não s-ei,... faculdade e Léo,...o que você quer?-
Não finge que não sabe caramba!, Eu te vi chegando, eu sei que você tá escondendo alguma coisa-
Ele se desespera e implora pro menino parar de o prensar ali, mas é em vão, não é que ele não goste de ser posto na parede por meninos assim, mas naquela situação era assutador.
Léo sente uma respiração forte no pescoço e do nada o menino tenta o fazer falar.
Fala logo caralho, se não tem nada a ver mesmo, fala logo de onde você veio!-
EU VIM DE CURITIBA CARALHO!-
O menino o solta mais rápido que nunca depois do grito, mas não sai de perto, parece meio confuso.
Depois de dois loooongos minutos se encarando.
Ahn...meu Deus.. até!-
O mesmo corre muito apressado pelos corredores confusos daquele lugar, o misto de medo, raiva, decepção e fogo no cu que Léo estava sentindo ali, fez com que chegasse ainda mais atrasado, e sem nenhuma atenção ao conteúdo, somente pensando...
Meu Deus que porra foi essa... e por que eu meio que gostei ser prensado na parede por ele?... droga!-
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Santo Nascimento
Random"Santo Nascimento, uma cidade excêntrica, população também excêntrica, localização, no fim do mundo, desaparecimentos, comuns a séculos, alguém liga?, ninguém, estranho? talvez, mas para uma mente jovem entediada e curiosa, é o suficiente", Léo, um...