De Joelhos (Malec)

Eu vou para o inferno.

MAGNUS

Eu ainda estava acordado quando Alexander voltou para casa. Era um pouco depois das dez, que era cedo para seus padrões. Isso, mais do que tudo, me preocupou.

Colocando meu arco e violino para baixo, eu saí do quarto de hóspedes. Acabamos nos encontrando no corredor enquanto ele estava a caminho do quarto principal. Um olhar e eu imediatamente parei.

Alexander estava coberto de sangue. Não apenas as mãos, como de costume... embora estivessem manchadas por uma tentativa ruim de limpá-las... ele tinha sangue em todos os lugares.

Respingos em seu rosto, sua camisa, uma mancha gigante florescendo em seu abdômen e no topo de suas coxas, como se ele tivesse que segurar alguém enquanto... algo terrível acontecia. Eu nem queria imaginar o que tinha sido.

— Estou bem. — disse ele automaticamente, passando por mim sem nem mesmo diminuir a velocidade.

Uma estranha combinação de sangue, fumaça de cigarro e um potente aroma açucarado flutuou sobre mim. Menos o sangue, eu tinha sentido aquele cheiro antes – sempre que ele voltava de sair com Jace em qualquer número de clubes de strip na área.

— O que aconteceu? — Eu me forcei a segui-lo, me afastando quando ele arrancou as armas de seu corpo e as jogou em cima da cômoda, antes de correr para o banheiro.

— Eu preciso tomar banho.

— O que aconteceu, Alexander?

— Por favor, não me pergunte isso.

O "por favor" me atingiu com força. Era tão raro e precioso quanto a palavra "amor" quando se tratava dele. Eu poderia contar com segurança o número de vezes que ele disse essas palavras em uma mão.

O "por favor", mais do que o sangue, fez meu coração gaguejar dolorosamente no meu peito.

— Por que não?

— Porque eu não posso te dizer. — disse ele, apoiando as palmas das mãos ensanguentadas contra a pia e abaixando a cabeça. — E eu não posso mais mentir para você.

Engolindo minha reserva, eu me aproximei. Assim que ele olhou para cima, eu peguei seu rosto entre minhas mãos. Uma onda de enjôo percorreu meu estômago quando minhas palmas tocaram um pouco do sangue.

— Alexander... O que aconteceu?

— Eu vou para o inferno. — O tremor em sua voz era inconfundível, junto com o olhar assombrado em seus olhos.

Eu não conseguia me lembrar de uma vez em que ele tenha parecido perturbado quando voltou para casa do "trabalho". Normalmente ele parecia irritado, ou cansado. Mas esta versão dele? Isso me assustou mais do que quando ele estava chateado.

Eu não tinha ideia do que fazer para tentar trazer-lhe algum tipo de conforto ou segurança.

O que você deveria dizer a alguém em uma situação como essa? "Oh, desculpe, você se sente mal por ter torturado alguém, eu só posso imaginar o quanto isso é uma merda." Okay, certo. Isso não é apropriado.

Na esteira do meu silêncio, Alexander se afastou de mim e desapareceu de volta no quarto.

Enraizado no local, olhei para os flocos de sangue seco em minhas mãos.

Apesar da minha tentativa de pensar com clareza, minha imaginação criava um cenário horrível após o outro.

Era por causa da pessoa que morreu que Alexander estava tão chateado? Ou a maneira pela qual ele terminou violentamente a vida dela?