Capitulo 05

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Nate tinha os olhinhos abertos, incrivelmente azuis, olhando os brinquedinhos pendurados no berço. Estava quietinho, Alfonso o dera banho (se molhando todo no processo), e ele estava bem. Jennifer estava parada ao lado do berço, observando-o. O odiava. Podia ter olhinhos azuis e covinhas ao sorrir, mas não a ganhava. Como era possível? Ela mesma sonhou com engravidar de Alfonso por anos - tentou e tentou - e nada aconteceu. Se ela engravidasse, não haveria mais esse segredo: Grace ia ter que aceitar. No fim se conformou que ele era estéril, mas então vem a super Anahí e consegue engravidar. A injustiça que era a existência daquela criança era tão grande que ela tinha vontade de estrangulá-lo, ali no berço mesmo, apertar até aquela serenidade sumir do rosto dele, até os ossos se partirem...


Alfonso: Pronto. - Disse, tranqüilo, entrando no quarto com uma toalha em volta do pescoço, banho recém tomado e uma mamadeira na mão. Nate, que ignorava Jennifer com uma classe digna de Anahí, balançou os bracinhos ao ouvir a voz do pai. Reconhecia e gostava. - Vamo papa? - Chamou, e o menino riu de leve. Alfonso sorriu, apanhando-o no colo.


Jennifer: Existem babás pra isso. - Disse, se afastando, observando Alfonso dar a mamadeira cuidadosamente ao menino. Era o leite de Anahí, conservado em casa por uma maquina que o mantinha aquecido e em movimento, de forma que parecia novo.


Alfonso: É meu filho. - Disse, sorrindo pro menino, que mamava avidamente, as mãozinhas segurando a mamadeira - Eu cuido dele. - Completou, simples.


Jennifer: Você deixa Grace cuidar. - Assinalou, se sentando.


Alfonso: Bom, minha mãe é... Minha mãe. - Disse, obvio. Grace vinha passar dias com Alfonso e ele mesmo ia pra casa dela quando ficava saturado, de forma que ela cuidava do menino enquanto ele dormia feito uma pedra - De qualquer forma, ele já adequou o horário dele. Dorme a noite, não é? - Perguntou, brincando com o Nate, que deu um sorriso sem dentes, o bico da mamadeira ainda na boca. - Está melhorando. - Confirmou, aliviado.


Jennifer: Se você diz... - Deu de ombros, desgostosa.

Alfonso: É, sim. Já tem dado pra trabalhar um pouco em casa, dormir melhor a noite... Ele só acorda quando tem fome. - Disse, orgulhoso - Ei, você pode colocar aquele chocalho na bolsa dele? - Pediu, apontando na cama - Ajuda a dormir.


Eles iam passar o natal na casa de Grace, como sempre. A mala de Alfonso estava pronta, assim como a bolsa do menino. Jennifer enfiou o chocalho dentro da bolsa, desejando ser uma cobra, e assim que Nate terminou partiram. Segundo Jennifer o carro dela estava na oficina, por isso ia de carona. Bom, quem faz o que quer...


Jennifer: O que estamos fazendo aqui? - Perguntou, quando o motorista fez a curva, parando na frente da entrada do hospital - Sabe que eu não posso entrar. - Disse, obvia.


Alfonso: Eu sei. Eu vou ver Anahí. O motorista vai levar você até a casa de minha mãe e voltar pra cá. - Tranqüilizou, apanhando só a bolsa do filho e assentindo pra ela, deixando-a furiosa no carro e descendo.

Foi meio curioso. Nate já ia fazer 6 meses, estava esperto, os cabelos escuros contrastando perfeitamente com a pele clara e os olhos azuis. Era um bebê essencialmente fofo. Algumas enfermeiras pararam Alfonso, pedindo pra olhar o menino. Ele as intimidava, mas a vontade de conferir o motivo pelo qual a paciente do quarto 412 preferira morrer era irresistível. Depois de alguns minutos ele conseguiu se soltar e chegar ao seu objetivo. Anahí estava deitada, a cabeceira da cama meio levantada, coberta por um edredom azul. Ele largou a bolsa do menino num canto e se aproximou.

Enquanto Você Dormia (Efeito Borboleta - Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora