00 | Destino, demasiado destino.

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Como você pode sentir falta de alguém que nunca conheceu? Pois eu preciso de você agora, mas não te conheço ainda. - IDK you yet.

 - IDK you yet

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Junho de 2002

Eu nunca acreditei no destino.

Para mim, era aterrorizante a ideia de já ter a sua vida planejada do início ao fim. Seja qual fosse a força sobrenatural actuante sobre nós seres humanos, sendo onibenevolente, onisciente ou onipotente, o trilema não me convenceria do contrário. Eu queria tomar as minhas próprias decisões baseadas nos meus instintos mais puros e primitivos.

Acredito que o meu maior medo era acordar e descobrir que não sou dono da minha vida, que sou nada mais que um boneco de carne, osso e alma movido a cordéis agarrados por mãos desconhecidas. Por mãos celestiais que, de toda sabedoria e poder absolvido dos pecadores, escolheu deixar o mal prevalecer na Terra. Eu sentia calafrios apenas por ponderar sobre como seria viver uma vida pré-estabelecida. Estaríamos, de fato, vivendo ou apenas esperando pela morte?

A grande questão é que a minha vida não seria, de fato, minha.

Segundo a mitologia greco-romana, Moros era o Deus do destino e da sorte. Mas também era o mediador das criaturas do Tártaro e da morte. Ele era cego, portanto, o seu caráter era definido pela inevitabilidade. Assim, os destinos tanto dos Deuses quanto dos humanos, estariam em suas garras.

Há quem diga que a morte não é, de fato, algo ruim. É fatal para quem permanece na Terra, angustiante para quem vivencia o exilir da vida, mas um alívio e um escape do inferno no qual vivemos, para aqueles que se foram.

Tudo gira em torno de opiniões, e essa era a minha:

Estando o destino bamboleando numa linha tênue entre a morte e a sorte, o que de bom ele poderia nos oferecer?

Afinal, não existiria sorte, e sim acaso. Já a morte, ela seria uma certeza.

Ninguém nunca tentou me ensinar a gostar ou a desgostar. Nunca me apresentaram a sina ou citaram sobre a fortuna. Tudo eu aprendi sozinho, em meu mundo quieto, ouvindo as conversas entre o meu irmão e a sua namorada, como um narrador onipresente.

Se a sociedade tivesse tido tempo o suficiente para conhecê-los, os consideraria os maiores românticos incuráveis dos últimos séculos. Para mim, eram nada mais que dois grudentos insuportáveis.

Eles sempre foram aquela espécie clichê de casal, como os de filmes e livros de romance best-seller. Pareço não aguentá-los, mas na verdade, eu achava fofo, pois eles tinham muito em comum.

Ambos acreditavam em vidas passadas, multiversos e fenômenos astrológicos. Ela tinha o signo de sagitário representado em seu pulso pela tinta profunda e recém cicatrizada da tatuagem. Já ele, tinha nada mais que a sua mente prestigiada com histórias curiosas sobre mitologia nórdica e teorias não convencionais.

O Som do Oceano | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora