capítulo único

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A terceira lata de spray quicou pelo concreto fazendo o som de metal reverberar no espaço vazio, a figura vestida completamente de preto já tinha em mãos outra lata enquanto pintava de forma precisa a figura na parede, a mão esquerda pressionava a máscara com força contra a face.

Era um trabalho longo e perigoso, seria preso se fosse pego em flagrante mas a adrenalina de fazer na luz de meio dia era o que o fazia sentir vivo.

Aos poucos ia adicionando os toques finais do grafite quando tem sua atenção chamada pelo grito do segurança do edifício.

Rapidamente jogou a lata dentro da bolsa passando a mesma pelos ombros e saiu correndo com o homem em seu encalço, quando chegou numa distância aceitável, guardou a máscara e montou seu skate, manobrou até estar fora de vista do perigo.

Era algo que acontecia com frequência de uns tempos para cá, a economia tava uma merda, sua busca por um trampo melhor cada dia frustrada, o presidente todo dia metido num novo escândalo e o errado era ele por colocar a mostra a covardia desse sistema desgraçado.

Ele pichava de forma caricata figuras públicas da política e muitos já condenaram sua arte pedindo que fosse preso, porém outros recebiam a mensagem que queria passar e para ele era isso o que importava.

A vigilância em lugares propícios para seu tipo de arte aumentou, então de forma corriqueira tinha que fugir de guardas e policiais.

Ao virar uma esquina acabou por trombar com alguém o que fez seu skate deslizar para o meio da rua e ser partido ao meio por um carro, caído de bunda no asfalto com olhar triste para seu único meio de transporte em pedaços não notou o rapaz também caído com uma expressão brava o encarando.

— Você não pode prestar atenção por onde anda, idiota?

O rapaz disse rudemente passando as mãos por suas roupas que anteriormente estavam em estado impecável mas agora haviam leves amassados e sujeira.

Bangchan o encarou levantando a sobrancelha esquerda em descrença.

— Hey hey, calminha aí anjinho foi um acidente.

Pelas roupas e a atitude Bangchan já conseguia imaginar que tipo de gente o rapaz deveria ser e não tava num dia bom para lidar com pessoas assim então colocou na cara a melhor expressão e se levantou oferecendo a mão para ajudá-lo a se recompor.

— Me desculpe, ok? Venha, deixe que eu te ajude.

A mão ainda estava estendida e o rapaz, que notou ter os olhos inchados e avermelhados provavelmente por choro, a descartou com um leve tapa usando as costas das mãos.

— Eu consigo fazer isso sozinho, muito obrigada.

Seungmin ignorou completamente o pedido de desculpas e também os resmungos do outro cara pegando seu celular que agora tinha um rachado na tela e sua bolsa que jazia jogada na calçada, voltando ao seu caminho pois ainda estava atrasado pra sua aula.

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