Capítulo 1

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ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴅɪᴀ ᴇᴍ ʜᴀʀᴠᴀʀᴅ

Me arrumo, afinal não é todo dia que acorda 7 horas da manhã para pegar a estrada até Harvard.

O meu cabelo castanho abaixo do peito está bem penteado, prendi um pouquinho do cabelo para trás. Minhas orelhas estão enfeitadas cheias de brincos e uma enorme argola dourada. A maquiagem é bem simples, apenas um rímel nos cílios e uma base nas olheiras. No corpo, colocado um moletom com listras brancas e azuis e calça skinny que nunca falta.

Levanto da penteadeira e olho para o quarto como meu desde que conheço por gente.

Os espelhos cheios de marcas de dedos, paredes rabiscadas, a estante de livros toda empoeirada e acumulada de livros, o armário cheio de figurinhas de cadernos e de tatuagens que vem no chiclete, os pôsteres esquisitos das minhas bandas favoritas coladas em todos os cantos da parede e um mural de fotos com as pessoas da minha vida.

Sorrio com emoção e carrego as minhas malas nos ombros. Na porta de casa vejo Edgar com a mão nas costas da minha mãe enquanto conversa com ela. Edgar é um homem com aparência de quem já viveu muito, tem basicamente a idade da minha mãe. Alto, loiro e com um volume na barriga, eles não reparam na minha chegada, então aproveitou para dar um pulo na cozinha.

Minha vó está na pia lavando as louças enquanto cerca de berra com alguém pelo celular. Tia Karine e seu marido Crew estão rindo de algum comentário que minha prima Stephanny fez. Sorrio com a imagem que permanecerá para sempre na minha cabeça.

Sinto as mãos de minha mãe em meus ombros enquanto ela me puxa para sala.

- Você já pegou tudo? - ela diz e de um lado para o outro dinheiro - Carteira da sala coisas que eu possivelmente vou querer levar? -pergunta com documentos e dinheiro? A jeans verde que eu botei para lavar ontem de manhã?- afirmo não ter me esquecido nada a cada vez que ela pergunta algo.-Ok, vamos- ela diz.

É uma choradeira danada. Tia Karine parece um bebê chorão assoando o nariz com um lenço que minha mãe lhe emprestou. Stephanny quer parecer durona, mas a cada 10 segundos vem chorar no meu ombro dizendo o quanto sentirá saudades. Edgar e o Crew lado a lado conversando sobre futebol, homens... Minha mãe está guardando as lágrimas para quando chegarmos ao campus e vovó é a mais controlada, reclamando de todo o mundo, dizendo o que estamos chorando sendo que daqui uma semana estarei de volta. Me despeço de todos e entro no carro com minha mãe.

Coloco a cabeça para fora do carro enquanto ele está em movimento, tentando acenar para meus pais. Olho para minha mãe e ela sorri, feliz em me ver feliz.


Não durmo a viajem hoje, estou ansioso demais para isso. O trajeto todo, basicamente, como besteiras, músicas da rádio com a minha mãe e conversamos é claro, sobre tudo e nada. Quando estamos a 20 km de Harvard, meu coração começa a acelerar mais rápido, sinto que vou explodir de felicidade.

Vejo que valeu a pena todas as noites mal dormidas, todas as festas perdidas nas sextas à noite, amizades rompidas, pois a felicidade que estou sentindo no momento é impagável. Sempre que eu sentia a vontade de largar tudo, eu estava a caminho de Harvard.

Quando eu recebi uma carta de aprovação de Harvard, sinto que um peso saiu de meus ombros, como se eu tivesse tirado uma mochila de 20 quilos das minhas costas que vivia comigo desde que aprendi a falar.

Eu vivia Harvard, eu respirava Harvard, eu me alimentava de Harvard e eu aposto que se eu não tivesse passado, eu seria a pessoa mais infeliz do mundo. Pois seria extremamente injusto, eu vivia para entrar nessa faculdade.

Mal posso acreditar no que vejo quando minha mãe estaciona o carro, boquiaberta. É lindo. É como se eu já conhecesse cada centímetro desse lugar, como se não fosse a minha primeira vez aqui.

My first loveOnde histórias criam vida. Descubra agora