Capítulo III

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{Imagem meramente ilustrativa, créditos ao criador.}

Keira Stormwind view

Meses atrás...

Andava de um lado ao outro em meus aposentos, era tarde da noite, e com certeza todos no castelo já estariam adormecidos. Estava ansiosa, e aquilo poderia ser óbvio a qualquer pessoa a milhas de mim, abraçava meu próprio corpo, já que as finas camadas da 'chemise' não poderiam me abrigar do frio sem o auxílio das grossas colchas de meu leito. O vento gélido adentrava pela porta da varanda aberta, enquanto sentia o nervosismo agravar-se a cada minuto.

                       ── Atrapalho vossa alteza? - Uma voz ligeiramente familiar perguntou, tomando minha atenção à direção da varanda aberta, que ventava contra as cortinas claras de meus aposentos, então abri um enorme sorriso.

                        ── Elel! - Um grito sussurrado de minha parte corta o silêncio. Então corro até seus braços, me jogando sobre eles, sentindo o frio agora ser preenchido pelo quente do corpo alheio, que me abraçou de volta, afagando meus cabelos. ── Pensei que não viria mais. - Um tom quase melancólico tomou minha voz, então o elfo separou o abraço, o suficiente para que pudéssemos olhar um nos olhos do outro.

                        ── Eu sempre retornarei, por você Keira. - Então ele abriu um pequeno sorriso. ── Como poderia eu, passar um dia sem apreciar a tua beleza? Isto seria como a morte. - O tom brincalhão me arrancou um baixo riso, a medida que sentia minhas bochechas queimarem.

Rindo juntamente a mim, ele finalizou com um profundo suspiro, e um pequeno sorriso nos lábios, me encarava em silêncio por alguns segundos, com o dorso da mão, tocou levemente a derme de minha bochecha.

                       ── Eu te amo, Keira Stormwind. - Elel me fitava como se fosse uma Deusa a sua frente, uma obra de arte, algo divino, entregue pelos anjos.

                        ── Eu também te amo, Elel Kraesgor. - Sem retirar meus olhos dos dele, levei uma das mãos também ao seu rosto, a proximidade que se fez a seguir me arrepiava cada pêlo do corpo, sentir os lábios gélidos  sobre os meus me deixara entorpecida em sensações maravilhosas.

Era como se meu corpo flutuasse, como se flutuassemos juntos, tudo parecia estar muito longe, e nada parecia tão grande como o de costume, era como se fôssemos maiores que todos. Sequer quando tive minhas costas contra o colchão de meu leito, eu me permiti retornar ao mundo real, até que terminasse de sentir aquele tão forte sentimento que transbordava entre nós, por toda aquela noite de céus estrelados.

  ~☆~

Tempos atuais...

Eu corria... Corria e sequer sabia meu destino, sequer sabia para onde iria, o que faria. Era como um bêbado expulso de uma taberna, sentado à porta desta; Sem rumo, sem objetivo, sem nada em mente. Um nada.

Como pode alguém ser tudo, e ao mesmo tempo, nada? Como pode alguém ter um lugar, mas ainda assim, não saber seu lugar no mundo? Era como se nada mais fizesse sentido.

Enquanto vagava de volta ao castelo, absorta em meus pensamentos vagos, senti algo agarrar meu braço, poderia já possuir uma idéia de quem fosse. Então apenas o puxei, mas ele não soltou, e antes que me virasse, senti algo macio e úmido sob meus lábios e nariz, algo com um cheiro extremamente forte, que rapidamente me levou a escuridão.

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