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- Chase Hudson

Eu e Charli voltamos para Nova York no dia seguinte ao que dormimos juntos na casa dos pais dela. Ela se despediu deles e disse que voltaria em breve, e Heidi disse que iria sentir saudades de mim.

Hoje iria ter um dia cheio, pois o evento de estréia da trilogia que nos dedicamos nos últimos meses estava prestes a acontecer. Uma jornalista iria fazer uma entrevista comigo e perguntar algumas coisas sobre os livros, por mais que eu não tenha entendido o porquê, já que eu era apenas responsável pela revisão das obras.

Cheguei na empresa ainda cedo e quase ninguém do meu setor estava lá, com exceção de Anthony. Ele não estava na minha sala, mas na mesa dele e estranhei um pouco, será que ele ainda estava chateado comigo? Me aproximei um pouco mais dele e assim que percebeu minha presença, levantou o olhar.

- Bom dia, Hudson.

- Bom dia. - Lancei um olhar receoso para ele. - Achei estranho você não estar jogado no sofá da minha sala como sempre faz.

- Eu tinha algumas coisas do evento para resolver. Você sabe, esses dias estão sendo loucos. - Ele se levantou. - Como foi a viagem? Você e Charli conseguiram conversar?

- Foi muito boa, tirando a parte que encontramos o ex dela em um restaurante. - Sorri. - Nós conversamos e estamos juntos, nada sério, queremos apenas curtir a companhia um do outro.

- Isso é muito bom, fico feliz por você. - Ele disse e passou o braço no meu ombro. - Nessa me disse que você tem uma entrevista hoje com uma jornalista, está preparado?

- Eu ainda não entendi bem o porquê de eu ter sido escolhido para dar essa entrevista, mas acho que vai ser de boa. - Comecei a andar em direção à minha sala e Anthony veio atrás. - Estou ansioso para o evento.

- Eu também, espero que seja um sucesso e tenha bom retorno. - Ele disse e se sentou no sofá. Agora sim o velho Reeves estava de volta.

Comecei a fazer os trabalhos do dia e acabei me complicando um pouco pois várias coisas estavam pendentes por causa da minha pequena viagem até Summerville. Perdi a noção do tempo até ouvir batidas na minha porta. Era Nessa.

- Olá, Sr. Hudson. A srta. Marshall já estava aqui apenas aguardando o senhor para poder fazer a entrevista.

- Ah, sim. Mande-a entrar, por favor. - Tirei os óculos do rosto e passei as mãos no cabelo, pegando minha garrafa d'água em seguida e bebendo um grande gole.

Minutos depois a mulher loira que portava roupas altamente apertadas surgiu na minha frente. Suas curvas bem feitas ficavam evidentes nas roupas que vestia e seu andar sensual podia provocar qualquer homem. Ela era linda, isso era evidente.

- Bom dia, Sr. Hudson. - Falou e sua voz sexy e manhosa tornava tudo ainda pior.

- Bom dia, pode se sentar no sofá ou na cadeira, se preferir.

Ela foi até o sofá e se sentou, cruzando as pernas e a fenda da saia fez com que uma delas ficasse à mostra. Acho que dessa vez ela não estava sendo natural, mas sim querendo chamar a atenção.

- Comece as perguntas quando quiser, só peço que não demore muito pois estou cheio de trabalho hoje. - Falei e olhei para a mesma, que pegou algumas folhas em sua bolsa e um caneta.

- Certo... - Começou e colocou a caneta na boca, mostrando uma parte dos seus dentes perfeitamente alinhados. - São apenas algumas perguntas básicas sobre os livros que serão lançados e sobre o evento que está próximo.

- Me desculpe se estou sendo rude, mas as perguntas sobre os livros você não deveria fazer ao autor?

- Ah, eu tentei, mas ele não teve vaga para mim na agenda. Como sei que o senhor é chefe do setor de revisão consequentemente leu os livros e pode me conceder as respostas dessas perguntas. - Ela se explicou e começou a ler as perguntas, que eu respondi enquanto ela anotava tudo rapidamente com a caneta.

Depois de dez minutos, ela pegou outra folha e demorou algum tempo, como se estivesse reorganizando os pensamentos.

- Já que falamos sobre os livros e sobre os eventos, que tal um bônus sobre alguns fatos do renomado chefe de revisão Chase Hudson?

Levantei minhas sobrancelhas surpreso e logo depois as juntei, em completa confusão.

- Como? - Perguntei.

- Ah, não serão muitas perguntas. Apenas algumas para que os leitores possam conhecê-lo melhor. - Ela explicou e eu olhei no meu relógio de pulso. Já estava atrasado para os meus outros compromissos, mas mesmo assim aceitei responder as perguntas.

- Tudo bem.

Ela retomou as perguntas e eu as respondi normalmente, até que a última delas fez com que eu não acreditasse no que tinha acabado de ouvir.

- Você nasceu em um bairro pobre e barra pesada do Brooklyn e cresceu apenas tendo a figura de sua mãe como referência. O que aconteceu com o seu pai?

Fiquei imóvel no lugar ao relembrar do meu passado. Isso era uma coisa que me deixava abalado, e essa jornalista não tinha o direito de revirar o meu passado e querer que eu falasse dele tão abertamente para outras pessoas.

- Eu não ouvi a sua resposta... - Ela me olhou com expectativa.

- E eu não ouvi a sua pergunta. - Assim que terminei de falar, pude vê-la enrusbecer e descruzar as pernas.

- Você visita a sua mãe?

- Claro, sempre que posso. Minha mãe sempre foi e sempre vai ser uma grande referência na minha vida.

- E o seu pai? - A loira perguntou e eu me remexi na cadeira. Aquilo já estava indo longe demais.

- O Cole é um cara tranquilo, desde que se casou com a minha mãe a faz feliz e nos damos bem.

- Você está falando do seu padrasto, e não do seu pai de verdade. - Ela levantou uma sobrancelha.

- Cole é o meu pai de verdade. - Qualquer pessoa que visse o que estava acontecendo saberia que eu estava totalmente desconfortável com a situação, mas a srta. Marshall pareceu não se importar com a falta de sensibilidade que possuía.

- Então você não tem contato com o seu pai biológico? Eu e as outras pessoas ficamos nos perguntando como ele deve se sentir agora que você é um cara bem sucedido e rico.

- Bom, sinta-se livre para poder perguntar a ele. - Me levantei da cadeira e fui até a porta. - Nosso tempo acabou.

- Você não gosta de falar sobre o passado?

- O passado é história, e eu sempre fui melhor em português. Agora peço a sua licença, tenho trabalhos e clientes esperando por mim. Clientes que pagam pelo meu tempo.

Ela me olhou surpresa mas logo endireitou a postura e estendeu a mão, que eu apertei.

- Claro. Obrigada pelo seu tempo, sr. Hudson.

E após isso foi embora rapidamente. Falar sobre o meu pai biológico sempre era doloroso, ainda mais por lembrar de tudo o que ele tinha feito para a minha mãe e para mim. Por mais que tenham se passado vários anos, ainda doía.

𝗥𝗲𝗱 𝗱𝗿𝗲𝘀𝘀, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora