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☮︎ 𝐓𝐡𝐞𝐫𝐞𝐬𝐚 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠 ☮︎

Acordei no dia seguinte às 7 horas da manhã, e eu não tinha conseguido dormir durante a noite. Raciocinar o que estava acontecendo foi difícil, até que me deparei com o barulho de objetos quebrando na sala. Ouvi gritos da minha mãe e do meu pai.

Inicialmente, eu tinha pensado que a casa estivesse sendo invadida. Depois percebi que era uma briga, e das feias. Ouvi os passos pesados do meu pai se aproximando do pequeno quarto onde eu me encontrava.

-Tessa, por favor, acorda.

Ele disse baixinho, com medo de ter me acordado. Eu levantei a minha cabeça, e ao ver meu rosto inchado de sono, ele sorriu.

-Eu lamento te acordar, querida, mas infelizmente temos que ir.

O que? Ir pra onde? O que tava acontecendo? Ou melhor, no que meu pai estava pensando?

-O que tá acontecendo?

-Eu não tenho tempo pra explicar, meu amor.

Ele veio na minha direção e se sentou na cama. Eu fiz o mesmo, e ele se aproximou, me abraçando. Vi que ele tinha vontade de chorar, mas estava se controlando para manter sua reputação de durão.

-Vamos, faça suas malas. Pegue somente as coisas mais importantes.

Sua voz estava embargada, e eu me senti mal por ele, mesmo sem saber o que estava acontecendo.

Fiz que sim com a cabeça, e peguei uma mala listrada que ficava em baixo da minha cama. Ela era enorme e dentro dela caberia todas as minhas roupas.

Fui até o meu armário e peguei todas as minhas roupas, que não eram muitas. Joguei elas dentro da minha mala, e comecei a procurar alguns sapatos. Dois tênis e uma bota preta.

-Você vai pra Califórnia? Pra que dois tênis?

Ele fez uma careta e eu ri. Meu pai sempre teve senso de humor, diferente da minha mãe que sempre foi uma chata e pessimista em relação à tudo.

Fui até o banheiro e peguei um perfume, que coloquei dentro da minha bolsinha de mão.

-Pra que outra bolsa, garota?

-Se eu colocar o meu PachaIbiza dentro da mala, ele vai acabar quebrando em mil pedacinhos.

-Isso é tão fútil.

O Sr. Young sempre achou que se preocupar com estética, roupas e jóias fosse besteira. Eu não discordo, mas preciso chamar atenção em algum sentido.

Quando fechei minha mala, ele deu graças à Deus.

-Ah, qual é! Eu não demorei nem cinco minutos!

-Mas pra mim foi uma eternidade!

Eu balancei a cabeça em sinal de reprovação e ele deu de ombros. Pegou a minha mala e fomos andando até a saída de casa.

- Agora você pode me explicar alguma coisa?

- Entra no carro e a gente conversa.

Como não vi minha mãe dentro de casa, pensei que ela pudesse estar ali. Mas ao entrar no carro, vi que estava errada. Me sentei no banco da frente, e enquanto isso, ele colocou a minha bagagem na mala. Após isso, ele se sentou ao meu lado. Fiquei curiosa com o que podia estar acontecendo.

-Antes de partir, acho que te devo satisfação de algumas coisas.

Você acha? Eu não respondi e nem fiz nenhum comentário sarcástico. Meu intuito era esperar ele falar, sem irritá-lo.

-Bom, Tessie. Eu e sua mãe conversamos muito...

Se conversar muito significa quebrar a casa toda, com certeza eles conversaram muito.

-E, a partir de agora, você vai morar comigo.

Que? Que merda a minha mãe contou pra ele?

- Porquê?

- Vai ser melhor pra você. Você vai ter mais desenvolvimento, vai fazer novos amigos e...

Fazer novos amigos...

Algo estalou na minha cabeça.

-Isso tudo é por causa da Angel?

-Quê? Não, é claro que não, Thereza.

Ele estava mentindo. Primeiro porque meu pai sempre foi um péssimo mentiroso, e segundo porque ele sempre diz Thereza quando mente.

- É sim! Nossa, eu não acredito que a minha mãe é tão ridícula ao ponto de me mandar morar com você só por medo da opinião das senhoras da Igreja.

Minha mãe sempre foi louca. Acho que tudo na vida dela foi feito com o objetivo de deixar todo mundo feliz, ou melhor, de não deixar ninguém falar mal dela.

-Não fala assim da Carol! Ela pode ter seus problemas, mas ainda é sua mãe! Você deve respeito!

-Eu sei, pai. Desculpa.

Desculpa o caralho. Porra, ela se importa mais com todo mundo do que comigo.

Meu pai ligou o motor do carro e começou a dirigir. A casa dele não era tão longe, então iríamos ter uma curta conversa.

- Eu sei que você está pensando que ela não te ama, e que só se importa com os outros. Mas isso não é verdade, Tessie. Saiba que ela quer que você vá morar comigo, porque assim você vai estar mais segura. Vai poder ter mais liberdade, também.

Liberdade? Eu não quero liberdade. Não com a família chata do meu pai.

-Com a Quiny, Elle e Mike? Sério?

-Pensei que você gostasse deles.

Eu adoro eles. Eles são "perfeitos". E é por isso que eu acho eles chatos.

-Eu gostava deles, até aquele jantar onde o Mike jogou sorvete de hortelã no meu vestido branco novinho! Você acredita que a mancha não saiu?!

Meu pai revirou os olhos, e dessa vez não foi de brincadeira. Tá legal, já entendi. O Sr. Young não quer que eu seja a garotinha mimada, então ele vai tentar me educar do modo dele, já que minha mãe não está conseguindo pôr ordem em mim.

Ver ele tentar vai ser divertido.

Saímos do carro, e meu pai pegou a minha mala. Caminhamos até a porta, onde Quiny, Elle e Mike estavam. Eles me recepcionaram muito bem, excerto Mike que só me deu um bom dia e entrou em casa. Aposto que ele estava de mau humor.

AFTER YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora