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--- Ainda não estou acreditando que ele te levou para a praia e ainda veio falar comigo, esse é pra casar --- brincou minha mãe sussurrando. --- Saiba que estou brincando --- apontou o dedo para mim, como um aviso.

--- Pode deixar --- ri.

--- A casa de vocês é linda --- falou Matthew, saindo do banheiro.

--- Obrigada --- sorriu, mamãe.

--- Vamos, Mel? --- chamou Matthew.

Mamãe me olhou como se escolhos tivesse dizendo "Huum, Mel". Revirei os olhos e sai andando acompanhada de Matthew.

--- Dá um beijo no papai por mim --- gritei na porta.

Meu pai ficou um pouco chateado pelo motivo de eu não ter o ligado ou mandado uma mensagem dizendo que comecei a trabalhar, mas, a felicidade era maior --- exceto a parte que passei a tarde com Matthew. Papai não gostou muito de saber disso. Ciúmes de pai.

Entramos no carro, como sempre Matthew abriu a porta para mim. Assim que ele entrou no carro ligou em uma rádio, tocando uma música agitada que eu não conhecia. Por um momento fiquei encarando-o dirigindo. Ele dirige sério, mas sempre um ou outro sorriso escapa. Estou perdida em seu sorriso, em seus lábios, em sua boca. A cada movimento que ele faz com seus lábios seguindo a música é cada pensamento obsceno que tenho. Meu Deus, nunca aconteceu isso comigo, porque agora, hoje e com ele?
Matthew agora troca de rádio com uma música lenta tocando. Aproveito o momento e deito minha cabeça sobre a janela, novamente com pensamentos indevidos.

Felizmente chegamos ao restaurante e ele para de frente ao mesmo, mas continua com o carro ligado. Matthew pede para eu avisar as garotas e o esperar de frente a porta, então finalmente saio do carro fechando a porta. Ele anda reto virando a esquerda, o que faz com que eu o perca de vista.

Tiro meu foco da rua onde passou seu carro e olho para a porta do restaurante e lá está Amy e Becca, boquiabertas. O que há em ir para o emprego com seu chefe? Nada demais.

Vou andando até elas, tento não rir ou repreendê-las por tais sorrisos maliciosos estampados em seus rostos.

--- O que foi aquilo? --- perguntou Amy após eu a cumprimentar com um beijo na bochecha e um abraço.

--- Nada demais, ele apenas me trouxe para o restaurante.

Respondi como se fosse óbvio --- que na verdade é.

--- A pergunta é: por que ele te trouxe ao restaurante? --- perguntou Becca, ainda com expressão maliciosa em seu rosto.

--- Longa história.

Quando Becca ia abrir a boca para argumentar, viu Matthew chegando para perto de nós, então fechou a boca rapidamente. Fiquei grata por isso.

--- Bom dia garotas.

--- Bom dia, Sr. Matthew --- falaram em uníssono.

Agora que percebi que, ele não as corrigia por o chamar de "Sr. Matthew", ele só corrige a mim. Agora estou completamente confusa.

[...]

Hoje o dia passou rápido, mas não tão corrido. Parece que as pessoas não gostam muito de ir a restaurantes nas quarta-feira, exceto o homem que veio no meu primeiro dia e prometeu-me que viria aqui sempre que pudesse. Quer dizer, ele não falou exatamente assim, mas tudo bem.

Estou encostada no balcão, rindo com a Amy da forma que a Becca dança enquanto o cliente escolhe o pedido.

De longe, avisto um cliente chamando uma de nós. Confusa coloco a mão sobre meu peito como se estivesse perguntando "eu?", e ele concorda com a cabeça, então ando até sua mesa.

--- Boa tarde, senhor.

Realmente ele era senhor, ou pelo menos parece ser. Ele aparenta ter uns quarenta anos, com seu bigode, cabelo e barba já com pelos brancos.

--- Boa tarde. A linda senhorita poderia me mostrar aonde é o banheiro?

--- Indo reto, e o senhor vira a segunda esquerda --- falei instruindo o caminho com a mão.

--- É...eu... quero que a senhorita me acompanhe --- gaguejou.

Se eu não o acompanhasse ele ficaria aqui o dia todo, então decidi ceder.

Chegamos a frente do banheiro e eu apenas estava a sorrir ao senhor.

--- Então vou indo, eu tenho que...

--- Por favor, entre comigo --- me interrompeu.

Agora ele passou dos limites. Entrar no banheiro? Com ele? Nada disso.
Discordei com ele, mas ele continuava a insistir. Droga! Ele me venceu.

Entrei no banheiro o vendo impecável, o que é difícil de se ver em restaurantes. Continuei andando, até que o senhor abriu uma porta e entrou na cabine.
As cabines daqui são espaçosas, o que eu nunca vi em lugar nenhum.

Estou de costas para a cabine onde o senhor está, até sentir um puxão, que faz com que eu caia sentada na privada.
--- Me dá um beijo, amorzinho --- fala o velho tentando me beijar.

Faço de tudo para recuar ele, mas ele é mais forte que eu. O que devo fazer neste momento? Eu poderia bater nele, mas ele é um idoso, ou, eu poderia gritar até alguém vir me ajudar, mas isso assustaria os clientes, não daria certo.

--- Me solta! --- continuo a falar, mesmo que não mude nada.

--- Vamos lá, princesa. Beija o velho aqui --- fala ele se aproximando do meu rosto.

Agora as lágrimas já estava a cair, eu não poderia fazer nada. Ouço um barulho na porta, mas ele não parece ouvir, pois continua a tentar me beijar. Eu o empurro com mais força que antes, mas não tenho sucesso.

--- Alguém? --- chamo entre lágrimas. --- Por favor.

--- Melanie?

É Matthew. Eu tive a sorte deste velho ser burro o suficiente para não trancar a porta. Agora que ele ouviu a voz de Matthew entrou em desespero, o que eu já estava a muito tempo.

Matthew chega na porta da cabine o puxando pelo braço e jogando o mesmo no chão, ele começa a dar socos descontroladamente. Levanto-me correndo e puxando seu braço para que ele pare.

--- Pare Matthew --- ele não parou. --- Por favor.

Agora eu já estava soluçando, o que acho que chamou a sua atenção. Ele levantou o olhar para mim, e em seus olhos eu via algo...ódio?
Ele virou-se e me abraçou, deixando o velho deitado no chão como estava.

--- Esta tudo bem --- afirmou, me apertando mais contra ele.

--- O que vamos fazer com ele? Não podemos chamar a polícia --- perguntei me soltando de seus braços fortes e tatuado.

--- Vamos fechar o restaurante mais cedo hoje --- falou se levantando e estendendo a mão para eu fazer o mesmo.

Acho que nunca vou superar esse "trauma", por mais que ele não tenha me agredido sexualment, aquele senhor pôs suas mãos em meu corpo, me sinto suja.

Pode se passar anos e anos, mas quando qualquer pessoa chegar perto de mim vou me sentir estranha. Eu só quero ir pra casa.

Não sei devo contar pra minha mãe o ocorrido, me sinto no dever de contar mas ela podia me tirar do emprego e eu não irei ver Matt.

Foi ele quem me salvou.

Capturada por amor || Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora