A preguiça abrange o corpo quando a vista nota a poeira do local. O sótão se encontra imundo, quanto tempo não é limpado? Bem, mamãe não tem tempo para se preocupar com isso, então o dever era meu. Cuidava dele antes, passava a maior parte do dia nele. Mas depois a minha vontade se dissipou.
Ligo a luz e sinceramente, ele parecia bem melhor na escuridão. Há uma bagunça concentrada no meio empatando a vista de uma escrivania e um mural com… Cruzes! Fotos minhas com o Dylan.
Observando de longe, presenciei o cenário de oito anos atrás. O garoto sorria brilhante para câmera, e eu também estava sorridente, só que na direção dele. Tão boba! Mas não vou negar que ele era um fofo, admirando agora, dar vontade de apertar aquelas bochechas.
Imagino por um segundo como seria diferente se o rapaz não tivesse mudado, certamente estaria me ajudando agora. Tudo mudou após aquele beijo roubado. Céus! O que tinha na cabeça para pedir ao papai Noel: coragem?
— Vamos trabalhar, Emma! — digo a mim mesma, no intuito de uma força de vontade florescer dentro do peito.
Começo por algumas caixas velhas. Elas são pesadas demais, e ao notar que somavam em cerca de dose, passei a mão nas têmporas, já frustrada pela decisão de tornar esse lugar em meu canto de escrever outra vez. Mas como dizem, nada vem fácil.
Puxo a velharia para o peito e a levo ao canto do cômodo, pretendo guardá-los em uma parte só, e assim ter o outro espaço vago para a escrivania e o novo mural que irei projetar.
Algum tempo depois de ter tirado a maior parte da poeira que se encontrava impregnada em cada objeto, além do telhado, nem sinto as minhas costas, mamãe irá brigar muito por isso. Carreguei várias caixas e também me pus de mal jeito por muito tempo, mas o que poderia fazer?
Olho para uma janela e através de sua sujeira posso notar uma luz fraca. Está anoitecendo. Bufo passando a mão na testa, e caraca, estou pingando suor! Dou uma verificada na axila e sinceramente esperava pela resposta.
— Agora só falta o chão, e organizar essa escrivaninha, além do mural — me certifico dos afazeres pendentes. Levo a cabeça de um lado a outro, enquanto aumento o som da música que toca no celular.
Música nos traz energia do além, que nem mesmo sabemos que temos! É impressionante!
Danço e jogo umas canetas velhas num saco de lixo. Em seguida acabo com o mural, tiro as fotos minhas e de Dylan, colocando-as dentro da caixa de um sapato. Enterrando uma fase, isso me satisfaz por dentro.
[...]
Todo dia acordo sem vontade de ir à escola, mas hoje ela está avassaladora. Bem, pelo menos o meu antigo canto está arrumado.
Mamãe ficou dormindo quando sai de casa, coitada, imagino a correria que passa nesses plantões dela. Fiz o café da manhã, e agradeço por não ser pressionada para escolher o presente do seu queridinho. Argh!
Louise se encontra comigo no corredor ainda abalada, quase fazendo um bico enquanto olhava para os seus passos no chão.
— São três dias de desespero, acho que vou me render — alega, avançando na direção do grupinho dos atletas babacas. Eles estão sorrindo, e quando Luiz percebe nossa encarada, toca no braço de Dylan com o cotovelo, eu empurro Louise para a sala de aula.
— Ei… — Você não vai se render! _ formulo uma expressão exigente.
— Ai! Esta bem… — massageia o seu braço.
A professora fala algo sobre a capacidade da nossa mente, relacionado a especificamente a memória. Anoto algumas coisas no caderno, até sentir uma mão me tocando no braço. Olho rapidamente por puro reflexo e vejo Liam, que chegou e se sentou na cadeira ao lado já algum tempo.
— Eu sei como você está agora, e se eu acertar, você vira vocalista da minha banda — ele comenta. Agora entendi por que virou a cabeça ja com os olhos fechados.
— Ok… — vamos ver se ele realmente acerta! Aguardo ansiosa, deixando o peso do queixo em uma de minhas mãos.
— O seu cabelo ruivo se encontra amarrado num coque frouxo, e hoje veste uma blusa rosa clara acompanhada por uma calça jeans. Calça tênis brancos e no seu pescoço há um colar que fica perfeito com os seus olhos, e nem me pergunte o por que acho isso — nega a cabeça sorridente, como se estivesse acertado.
O colar…
Ele errou!
— Pode abrir os olhos — falo, inclinando os cantos da boca.
— Ah, merda! O colar… — seu timbre denuncia a insatisfação. — Por que não veio com ele hoje? — gargalha de nervoso — sou mesmo um azarado.
— Tive que mostrar a Louise que ela poderia viver sem um acessório.
— Então usava ele por que caia bem em você? Pensei que alguém especial houvesse lhe dado.
— Ah, sim! A pessoa que me deu é alguém especial. É a melhor amiga da minha mãe.
Bom, Dylan já me disse que quem escolhia os meus presentes era a sua mãe, então, ele não leva créditos por isso.
— Mas de fato se um acessório fica bem em você, como aquele colar, não pode deixá-lo para trás. Eu vou resolver isso — pisca o olho e se arruma na cadeira quando recebemos atenção da mestre da aula.
Aquele idiota vai dar um colar a Emma? Não tem criatividade. Só rouba o que é dos outros, especificamente o que é meu. Não basta a sua mãe querer torná-lo capitão do time, agora Liam também vai ser namorado da Emma? O que indica a nossa convivência sendo prolongada.
Porra!
Essa garota vai me deixar maluco com o fato de me ignorar! Alias, ela nem pode fazer isso. Só é questão de dias, tudo vai voltar ao normal.
Juro ter me segurado hoje para não entrar na conversa dos dois.
Entro em casa com os músculos rígidos, irradiando fúria. Graças ao filho da puta do Liam que isso está difícil.
"Uma luz no fim do túnel" lembro da frase de Emma, aquele imecil não é nada disso, e nunca vai ser.
Sei que sou o único dono do seu coração, Emma. E vou fazer você declarar isso, por mais teimosa que seja. Só preciso pôr alguns planos em ação. Não aguento a raiva cravada no peito e recordo de Emma ter dito que sou o inverno da sua vida, uma parte feia, como pode?
A cabeça chega a mil, e só há uma coisa para resolver essa situação de ódio. Então, pegou os fones de ouvido e ponho uma música sutil e doce enquanto me jogava na cama.
♡♡♡
Será oq esse louco do Dylan vai aprontar??? Deixe as suas teorias nos comentários.
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Não Somos Irmãos
Teen FictionEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...