Correndo pelos corredores para chegar a tempo na sala de aula, Yuri fazia um som alto com o solado dos tênis no chão de pedra fria. Quando o sinal tocou, ele respirou fundo parando na frente da porta grande, de forma um pouco exagerada, de madeira prensada. O garoto colocou um sorriso no rosto, de forma amável, e entrou na sala, olhando as 15 crianças da sua turma, divididas em 6 meninos e 4 meninas. Todas as crianças estavam sentadas nas cadeiras pequenas, conversando com os coleguinhas do lado ou da frente.
— Bom dia crianças! — Yuri sorriu, entrando na sala de aula e caminhando com calma até a sua mesa que ficava no canto esquerdo da sala.
— Bom dia professor Yuri! — As crianças responderam, com um sorriso no rosto, virando para frente e parando de conversar entre si.
— Como foi o fim de semana de vocês? — Perguntou largando sua bolsa em cima da mesa e se apoiando na superfície de madeira, ficando praticamente sentado ali, com os braços relaxados ao lado do corpo.
Depois dessa pergunta, algumas crianças levantaram as mãos, começando a contar histórias interessantes sobre o fim de semana que tiveram. Uma contou que foi à praia e ajudou no resgate de alguns animais marinhos, outra contou que seu irmãozinho tinha finalmente nascido e uma terceira contou que a mãe leu um livro mágico. Tudo o que as crianças falavam, fazia com que o sorriso de Yuri aumentasse ainda mais, simplesmente por que ele amava ouvir elas tão empolgadas contando algo sobre sua vida.
Após a conversa inicial, o professor se levantou e anotou no quadro a data e seu nome completo embaixo: Yuri Rendi Maragno, com sua caligrafia desenhada e bonita, se sentando na cadeira e tirando da bolsa as pastas com o material de aula e a da chamada, colocando em cima da mesa de forma perfeitamente arrumada. Após pegar uma caneta que tinha num pote decorado com diversos adesivos de morangos e cerejas, este que ficava na ponta de sua mesa, a disposição para que as crianças pegassem lápis de cor ou de escrever quando esquecessem, ele começou a fazer a chamada, de forma calma e em um tom alto, mas não o suficiente para ser considerado um grito.
— Martina?
— Presente professor!
— Vicente?
— Tá no banheiro! — Um amigo gritou.
— Elou- — No momento que foi chamar o nome da garota que sentava atrás de Vicente, ouviu duas batidas na porta. Estranhando isso, se levantou e caminhou de forma lenta até a porta, a abrindo e vendo a coordenadora, no seu tão comum terninho e óculos redondos, parada no batente da porta com duas crianças, uma de cada lado.
Yuri olhou para baixo e viu Vicente do lado direito, sorriu pra ele e fez um sinal de que o garoto podia entrar na sala, este que retribuiu com um sorriso banguela e foi se sentar na segunda cadeira a direita, encostada na parede. Depois de conferir que seu aluno tinha sentado, o Maragno olhou novamente para a coordenadora, está soltou um suspiro e fez um sinal para que ele viesse pro lado de fora e que fechasse a porta. Estranhando o comportamento dela, Yuri fez o que foi mandado e cruzou os braços, com uma expressão confusa.
— Lembra que foi dito na última reunião de mestres que ia chegar uma garota, como posso dizer, especial? É ela. — Falou e Yuri mudou a face confusa para uma indignada pela forma como a mulher tratou a pequena criança. — Ela é quase surda e não sabe falar direito ainda, então decidimos deixar na sua turma, já que você parece ser o mais preparado para assumir isso. Ela se chama Ariela, ela usa um aparelho que aumenta o som, então ela é sensível a barulhos muito altos.
Respirando fundo, Yuri se abaixou e sorriu para a menina, que parecia ser mais nova do que realmente era. Ariela tinha os cabelos tão loiros que chegavam a ser ruivos e a pele coberta de sardinhas em um tom mais escurinho.
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Professor do meu coração
ChickLitYuri era o professor de uma agitada turminha de educação infantil, mas só tinha uma coisa que ele amava mais do que seu trabalho: Uma garota agitada e meio chapada, que retribuía seu amor em dobro.