Hoje, quando saía da igreja, uma cara amiga veio me contar uma tristeza, uma daquelas coisas que acontecem na vida da gente, tive então a ideia de sairmos para comer alguma coisa no centro da cidade, para que ela se distraisse. Embora eu tenha insistido bastante, não pude perssuadi-la.
Como já havia desistido de ir direto para casa, decidi caminhar alguns minutos pelo bairro. Foi então que me lembrei de um amor do passado, a escola na qual cursei o fundamental ficava há duas quadras de onde eu estava. Desci até lá e dei início a minha pequena via sacra.
Para contextualiza-los, durante os últimos anos do meu ensino fundamental, tive um grande amor, a qual fazia questão de acompanhar até em casa, o que me fazia dar uma volta gigantesca, uma vez que a minha casa era muito mais próxima a escola, cerca de cinco quadras, enquanto a dela ficava a sete e em outra direção.
Enquanto refazia aqueles passos, ia me lembrando, atrás daquela árvore tentei me esconder, naquele banco meus amigos faziam palhaçada, nesse pé de amora eu me delíciava. E conforme ia me aproximando daquela que na época era sua casa, me lembrava da mãe dela que nos esperava, me olhando com um olhar fulminante.
No caminho de volta não tive nenhuma lembrança, apenas do sol que me queimava a pele, graças a Deus, agora era noite. Essa caminhada não teve nenhum sentido prático, mas serviu para que eu compreendesse e agradecesse. Agradeci por não ter dado certo, hoje ela está feliz com outro, alguém que ela ama de verdade, e eu estou satisfeito sozinho, lembrando do passado e imaginando um futuro impossível.
Realmente, talvez a Divina Providência tenha nos dado um presente, talvez tivéssemos brigado, talvez hoje eu a odiasse, mas tudo terminou em silêncio. Agradeço a Deus, pois eu ainda a amo, e se daqui a cinquenta anos ela precisar de mim, eu estarei aqui, sempre vou estar. Bem, acho que essa é a melhor forma que uma paixão poderia acabar, se tornando amor.