sunshine

Capítulo Único

Se fosse para definir Eijirou Kirishima em apenas uma palavra, com certeza séria "másculo".

Masculinidade sempre fez parte da sua vida, e usava essa palavra como elogio, um elogio que ultimamente foi dado mais a um certo ser temperamental, ao qual considerava seu melhor amigo: Katsuki Bakugou.

Os dois estavam quase sempre juntos, seja treinando, estudando (ou pelo menos tentando, já que o loiro sempre perde a paciência ao tentar ensinar a matéria para Eijirou), jogando algum jogo bobo ou até fazendo nada, apenas desfrutando da presença um do outro.

Acontece que depois de entrarem na U.A. – escola de prestígio do Japão para aspirantes à herói – Kirishima não desgrudava mais do Bakugou, parecia um chiclete pegajoso que fora pisado por alguém e não queria mais sair do solado do sapato.

No começo foi frustante, Katsuki o via como um perseguidor, já até cogitou o meter na porrada sem dó nem piedade ou então gritar com ele para manter-se longe de si. Porém, com o tempo, foi aprendendo a aceitar a companhia do ruivo, o que, de toda forma, não foi algo ruim.

Os dois eram inseparáveis — como dizia Mina. — Confidenciavam segredos dos quais não contariam para mais ninguém; admiravam a lua durante a noite, juntos, na sacada do dormitório de Bakugo, apenas apreciando a vista; riam enquanto assistiam filmes de comédia ruim; se xingavam e pirraçavam um ao outro de brincadeira, sem realmente terem mágoa; já dormiram na mesma cama enquanto tagarelavam sobre assuntos aleatórios; foram diversas vezes um na casa do outro, seja para fazer trabalhos da escola ou só para passar o tempo; aprontaram muito também, não pensem que são santos. Pegaram detenção por furtarem comida da cantina, dentre tantas outras coisas. Eles realmente eram bem íntimos e provavelmente os tinham como pessoas mais próximas de si mesmos.

Com o tempo, as coisas foram mudando, ambos perceberam isso.
A necessidade de estarem perto um do outro, mais do que já estavam, gritava de dentro deles. A vontade e desejo de se beijarem surgiu, e então a amizade virou paixão e amor.

Um amor tão forte e intenso que qualquer um percebia. Até os mais lerdos, tipo o Denki, entenderam que o termo "amizade" não se encaixava mais aos dois. Era algo mais, algo muito mais além do que poderiam imaginar. Uma paixão tão avassaladora que destruíam suas estruturas. Qualquer toque, olhar, era demais para suportarem. Precisavam chegar mais perto, abraçar mais forte.

Kirishima não sabe desde quando, mas a vontade imensa de fazer um cafuné nos cabelos rebeldes de Katsuki o estava atormentando já fazia tempo.

E Bakugo não sabia que precisava tanto dos sorrisos de Eijirou até se deitar para dormir em uma noite ao qual o ruivo não apareceu para apreciarem a lua.

Depois de que se deram conta da situação, perceberam que estavam estranhos um com o outro já faziam meses sem se falar, e quando falavam, eram frases rápidas e curtas como um "bom dia".

Isso era devido ao nervosismo e vergonha que sentiam, as mãos que tremiam e suavam e o coração que palpitava rapidamente.

Estar apaixonado é bom, realmente incrível e maravilhoso, mas, certas vezes, é meio angustiante, pois você passa a agir diferente com a pessoa amada, não de um jeito bom. Ansiedade no calor do momento pode lhe consumir e você travar nas palavras, sem conseguir se comunicar.
Claro que isso não se aplica para todos os casos, há pessoas que disfarçam bem, mas se aplica a Katsuki e Eijirou.

A vontade de se declarar é imensa, mas o medo de ser rejeitado é bem maior. Com certeza várias e várias pessoas sentiram, sentem, e vão sentir isso. Insegurança.

Insegurança é um sentimento de mal-estar geral ou nervosismo que pode ser desencadeado pela percepção de si mesmo ser vulnerável de alguma forma, ou um senso de incapacidade ou instabilidade que ameaça a própria autoimagem ou ego.