Capítulo VII

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Arthur Stormwind view

O silêncio imediato era quase perturbador, no momento em que um terceiro terminou por esbarrar contra mim e ambos fomos ao chão.

                         ── Que ultraje! - Uma voz na multidão antes em silêncio se manifestou.

Voz esta, que desencadeou uma sequência de gritos e vaias. Com a ajuda de Johnny consegui me colocar de pé, enquanto uma voz aveludada tomou minha atenção.

                          ── P-perdão, eu não quis... E-eu não tive a intenção. - A voz logo a minha frente se manifestou, era notável o medo e constrangimento.

De imediato ergui meu olhar até o rosto da desconhecida, foi quando senti... Algo rápido porém ardente, ultrapassando meu peito. Havia paralisado, e não demorando a notar isto, balancei a cabeça buscando mais clareza perante o que vinha ocorrendo à minha volta.

Entreabri os lábios na intenção de dirigir-lhe a palavra, quando os gritos tomaram intensidade.

                         ── Como ousa dirigir a palavra a vossa alteza real?! - Uma voz feminina manifestou em indignação.

                          ── Imunda! Deveríamos prendê-la! - Então a voz grossa vinda logo de trás da garota praguejou, antes que eu pudesse ver o corpo pequeno ser lançado ao chão violentamente. ── Vamos apedrejá-la! - Como um decreto de morte injusto, todos concordaram de imediato, sacando pedras de todos os tamanhos do chão.

Os olhos da garota de imediato se enchiam de pavor e apreensão, enquanto podia ao longe, sentir seu corpo estremecer.

                           ── Chega!! - Minha voz se tornou mais alta, então me coloquei à frente da garota. ── Não há nada para estarem fazendo por aqui, eu e o rei Peter cuidaremos da garota, então se afastem e voltem a seus afazeres. - Por instantes as faces cheias em ódio se mantiveram por ali. ── Agora! - Ao fim, se afastaram aos poucos, até que a rua estivesse livre. ── Johnny, preciso que se assegure de que ninguém virá. E me entregue a bolsa por favor. - O soldado assentiu com a cabeça, e ja com a pequena bolsa de couro em mãos, me agachei à frente da jovem.

                          ── Me perdoe, não tive a intenção de lhe ferir. - Ela se desculpava, e então um riso soprado fugiu de meus lábios enquanto desviava o foco do rosto de pele pouco bronzeada. ── Caso exista alguma forma de me redimir, por favor, eu peço que-

                          ── Não peça desculpas, eu estou bem, não me feri. - Baixando pouco mais o olhar, notei um corte no joelho direito, por baixo de um pouco de poeira do chão, então o pano do vestido não demorou a cobrir a área ferida, ela não desejava que eu visse.

                        ── Está ferida. - Ela pareceu então se encolher um pouco mais, e baixar os olhos. ── Permita-me lhe ajudar, por favor. Tenho parcela de culpa nisso.

...

Em alguma rua estreita longe de olhos curiosos, tratava das feridas da moça, cujos haviam sido feitos pelos camponeses.

                         ── Eu peço desculpas pela atitude deles, eu jamais concordaria com algo assim. Apenas esbarrou em mim, não tem culpa do que houve. - Voltei os olhos ao rosto alheio, enquanto finalizava os curativos do joelho, e me surpreendi ao notar que os olhos dela estariam antes fixos em meu rosto, as maçãs do rosto rapidamente se tornaram escarlates e ela desviou o olhar, envergonhada.

                          ── Eu não sei como lhe agradecer por tudo, apesar disto, eu sou muito grata. Obrigado. - Ela retornou o olhar baixo a mim, até que nossos olhos se encontrassem novamente, e por alguns segundos, um silêncio se fez. Os olhos cor de mel, os cabelos castanhos, o rosto angelical... Algo me chamava a atenção. ── P-preciso ir, meu senhor ficará uma fera caso não retorne logo.

Ela passou a se levantar de algumas poucas caixas empilhadas que haviam por ali, nas quais ela havia se mantido sentada até o momento em que eu terminasse. Deu alguns poucos passos à frente antes que eu segurasse seu pulso sem intenção. Não colocando força alguma.

                         ── Como se chama? - Ela pareceu surpresa ao retornar os olhos grandes em minha direção. ── Caso possa dizer.

Um pequeno e quase imperceptível sorriso formou-se em seus lábios delicados.

                          ── Liana, Swiller. - Um sorriso também me cresceu, antes que soltasse seu pulso, deixando que ela partisse.

Os Oito ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora