Capítulo 72 - Poncho's POV

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Alfonso: Ele é um canalha. – É, eu acabara falando sobre isso com ela – Quer roubar o pouco que minha mãe tem e ela não percebe. Pior, se volta contra mim. Ela acha que eu não superei a morte do meu pai – Sorri, debochado – Ela não sabe o que diz, Anahí, está cega.

Anahí: Às vezes ficamos cegos quando amamos alguém, Poncho. Mas com o tempo ela vai perceber.

Alfonso: Depois que ele tiver conseguido tirar a casa dela? Me parece um pouco tarde demais.

Anahí: E existe alguma maneira de você impedir que isso aconteça?

Alfonso: Tirando tentar convencê-la? Não. A casa está no nome dela.

Anahí: Você vai achar uma solução. – Senti a mão delicada tocar meu ombro. Inevitavelmente um sorriso fraco escapou de meus lábios – Converse com ela, com calma, ela vai acabar te ouvindo. Mas sem atacar esse homem que ela ama. Se você se coloca claramente contra ele, ela vai ficar na defensiva, e para defendê-lo vai acabar fazendo aquilo que você não quer. – Olhei-a. Estranho como as palavras de Anahí me faziam bem. Por mais que eu não enxergasse solução alguma para aquela situação, a tranquilidade com que ela falava me fazia acreditar que tudo daria certo.

Alfonso: Com quem aprendeu tudo isso, psicóloga?

Anahí: Com a vida. – Disse, tirando a mão de meu ombro.

Olhando o horizonte, ficamos quietos por mais um tempo.

Alfonso: Me desculpe por hoje na cozinha...

Anahí: Esqueça isso.

Alfonso: Sei que não tenho o direito de me meter na sua vida. Eu só... – Calei-me.

Anahí: Você só?

Alfonso: Senti ciúmes. – Encarei-a, ela olhava-me, muda – Sei que não tenho esse direito. – Repeti – Mas pensar que você estaria com o meu irmão... – Meneei a cabeça, afastando àquela ideia – Desculpe, foi mais forte que eu.

Anahí: É, você não tem mesmo esse direito. – Disse, agora sem olhar-me – Mas eu também não tenho o direito de sentir o que sinto por você. – E os olhos azuis perfuraram-me com uma intensidade violenta. As mãos pequenas e um pouco trêmulas alcançaram o meu rosto, acariciando-o. Pousei minhas mãos sobre as dela, sentindo aquele carinho que me fazia tanta falta – Eu não me esqueci de nada, Poncho. Cada gesto, cada palavra, cada sorriso, cada beijo, cada olhar, cada lágrima. Tudo ainda está muito vivo aqui dentro. – Uma pequena lágrima escapou de seus olhos, escorrendo pelo rosto já molhado pela chuva. Instintivamente eu a puxei para um abraço. Apertado. Demorado. – Mas isso vai passar. – Concluiu. Mas a verdade é que eu não sabia se queria que passasse. Talvez o que eu quisesse era apenas poder viver a minha história com ela. E por mais absurdo que parecesse, era impossível não cogitar a ideia de que, quem sabe, ainda poderíamos dar certo.

Alfonso: Any, você já pensou na possibilidade de ainda dar certo? Digo, daqui a algum tempo...

Anahí: Não. – Interrompeu-me, rompendo aquele abraço e tomando certa distância – Não pensei e não vou pensar. Não é hora para criar ilusões. – Levantou-se, completamente na defensiva – Eu... – Pigarreou, secando os olhos – Eu vou procurar Ian, já é hora de irmos embora.

E depois disso eu não a vi mais. 

Palavras, apenas palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora