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As crianças são relativamente fofas e ingênuas, sempre puras e dóceis, todo pai ou mãe sabe que quando uma criança vira adolescente, as descobertas surgem.

Para Souya Kawata, as mudanças e descobertas foram surpreendentes e diferentes, mesmo sendo diferentes ele nunca deixou de amar sua criança.

Todos os dias surge a lembrança de quando seu filho, Ichiro, tomou coragem e contou para ele quem era o seu eu interior. A lembrança é tão real e reconfortante para ambos, amavam muito todo tipo de lembrança deles.

E hoje não era diferente, ele lembrou daquele dia novamente...

Foi ano passado, um dia quente de verão e Souya estava em seu escritório já que o mesmo trabalhava em casa. Ele tinha 34 anos e era solteiro, bem, ele tinha seus encontros com Rindou mas naquele ano ainda não era algo sério.

_ papai... Podemos conversar?

Ao ouvir essas palavras ele parou tudo que estava fazendo e deu devida atenção a aquele ser humano que quando dizia tal frase significava que era algo sério.

_ oque foi? Alguém andou mexendo com você na escola?

_ n-não é isso... É outra coisa, tem haver comigo

Sabemos que, mesmo com já 16 anos, Souya sempre irá se preocupar até o último com sua "criança".

_ pode falar meu amor

_ papai, eu quero um blinder...

_ hã?

Exatamente, até ano passado Ichiro Kawata na verdade era Emily Kawata, uma garota com temperamento quente. Antes dessa confissão, a filha de Souya tinha um temperamento forte, levemente estressada e um físico meio forte, inteligente, seus cabelos são um azul suave, baixinha e se seus cabelos não fossem lisos com toda certeza seria um réplica exata de seu pai, na verdade tem um personalidade extrovertida e aura dominante ( oque nunca mudou). Agora, a descoberta adolescente dela era que queria se transformar em sua ambição, ela quer ser um garoto.

_ eu... Eu sempre quis ser um garoto pai, e agora que eu tenho 16 anos achei que poderia compartilhar esse desejo com você também... E com os meus tios, até o Rindou poderia saber, eu acho...

_ tem certeza? Eu não quero você se machuque depois... Eu não quero que as pessoas machuquem você e tirem proveito, entende?

_ eu entendo... Mas eu estou decidido, eu serei um garoto, serei seu filho! O melhor filho possível, prometo.

É claro que como todo pai ciente, ser preocupar é normal, sua filha está disposta a arriscar tudo para ser um rapaz, não é por preconceito, eu te amarei como você for... Mas o medo do mundo a fora também é grande. Mesmo com um mini surto de Souya, ele apenas respirou fundo e deixou se pensar um pouco, ele sempre tinha dúvidas mas agora que a confissão chegou ele se sentiu surpreso, com o silêncio no cômodo deixando o mais novo ansioso, Souya pensava com cautela para não ofender sua filha sem querer.

_ olha, eu te aceito e vou te proteger não importa oque fizer, eu sei que você é forte e sabe se cuidar, afinal eu e meu irmão criamos você bem, mas eu me preocupo mesmo assim... É algo natural, mas, você já quase um adulto e eu aceito de braços abertos suas escolhas.

_ isso... Isso não vai mudar nossa convivência diária né? Eu estou muito feliz que você aceitou isso numa boa, quer dizer... Eu acho o senhor muito calmo com assuntos desse tipo e é muito bom isso! Mesmo que você se irrite facilmente você trata os assuntos com calma...

_ é o meu jeito... Preto ou branco?

_ que?

_ seu blinder, a cor.

_ ah! Branco! Por favor.

_ claro, eu vou ver e te dou quando conseguir comprar.

Pode não aparentar mas ele também estava eufórico, a sensação de que sua filha lhe contou seu maior desejo nessa vida, saber que vai poder ajudar e dar apoio e muito bom... Na verdade, é filho agora né?

_ me surgiu uma dúvida... Então, você prefere pronomes masculinos agora? Bem, você é trans certo? Eu não me confundi né?

_ sim e sim, eu sou trans e gostaria dos pronomes masculinos... Você pode me chamar de Ichiro?

Isso foi algo que chamou atenção do Kawata mais velho, Ichiro era uma nome bonito e ele já avia comentado sobre tal nome perto de seu filho, ele escolheu por achar bonito ou por minha causa?

_ claro que posso... Porque esse nome?

_ eu acho um nome interessante e lindo, você também acha né?

_ sim, olha, se quiser qualquer outra coisa também é só falar ok? Se alguém mexer com você me diga na mesma hora também, se defenda, mas caso precise eu estarei sempre aqui.

_ obrigado pai, eu te amo!

_ eu também te amo _ nesse momento Souya abriu seus braços para receber seu filho com amor e carinho em um abraço, Ichiro sentia um turbilhão de emoções com aquilo, afinal não é todo pai ou mãe que aceita seu filho ou filha virar trans.

_ você quer contar para seus amigos? E contar para seus tios?

_ até o Rindou?

_ até ele, se quiser é claro

_ sim! Eu espero que eles entendam como você entende, eles vão me aceitar né?

_ claro, eu conheço cada um deles perfeitamente

_ obrigado... Eu vou contar primeiro para meu tio Smiley.

_ ok ok, mas agora, vá terminar suas tarefas mocinho

_ eu já vou!

Ser tratado como menino com tanta facilidade pelo seu pai deixou Ichiro aliviado e feliz... Tão feliz.
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Foi desse jeito, agora que todos sabiam, para Ichiro foi um alívio total! Sua vida não podia estar melhor, cortou seu cabelo e começou a usar oque lhe agradava, por fim todos seus tios e tias aceitaram ele de braços abertos também, alguns amigos o deixaram por conta disso... Mas ele se recompôs com o tempo, sabia que não agradaria todo mundo.

Como esperado, Souya comprou tal blinder para seu filho usar diariamente, pesquisou tudo para não ter falhas, como colocar, depois de quanto tempo tem que tirar e assim foi indo.

Seus tios lhe deram novas roupas e apelidos, trataram aquilo com naturalidade, ainda mais Mitsuya.
Já Smiley, aceitou com facilidade também, os gostos do sobrinho sempre foram sua prioridade, afinal, eles se davam muito bem e o mesmo ajudou na criação de Ichiro.

A adaptação na escola foi um tanto difícil, perder amigos e próximos doeu para Ichiro mas, com o tempo, foi adquirindo novos amigos e amigas.

Souya estava muito orgulhoso e demostrava isso para seu filho, afinal ele esteve lá para os bons e maus momentos que ocorreram com o menino, sempre terá orgulho e amor.
Seu filho estava muito feliz com tudo, sua aceitação, sua vida, seu pai que agora era casado com Rindou Haitani, bem, também não o julgou e prometeu proteger o mesmo.

Com uma família meio bagunçada e barulhenta, eles eram completos e se amavam, mesmo com constantes brigas sem sentido eles demostravam seu carinho.

E com essa lembrança, eles eram felizes, sempre iriam se recordar.
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(Desculpe-me por qualquer erro ortográfico).

"papai, eu quero um blinder..."Onde histórias criam vida. Descubra agora