29/10/21

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Era dia 29 de outubro, 2021, uma sexta feira de sol quando me suicidei pela tarde, 1 hora e 30 minutos antes de sair pra trabalhar.
Minha cabeça estava cheia, pobre menina, indefesa do mundo.
Eu sabia que essa não era a solução, mas eu já não podia mais com tanta maldade tomando quem eu era de verdade.
De uma menina sonhadora, feliz, sorridente, extrovertida, animada, me passei a me tornar uma pessoa egoísta, manipuladora, falsa, sínica e sem alma; Me tornei uma caixa vazia que apenas guardava dores e mágoas.
Liguei o chuveiro e enquanto lembrava dos sorrisos, lágrimas, momentos felizes e tristes, chorava pensando no que aconteceria depois.Será que a minha menina vai poder finalmente voltar a brincar e fazer as pessoas felizes?
Eu só queria tirar aquele peso, aquela tortura que era acordar todos os dias e saber que no final, quando deitasse minha cabeça no travesseiro, nada teria valor.
Deixei para trás uma família, um namorado, uma melhor amiga, alguns amigos que ainda tinha e um emprego.
Junto com a minha carcaça, foi enterrado meus sonhos, metas, pecados, pensamentos, dores, mágoas, traumas, medos e segredos que jamais contei a ninguém.Junto a minha alma foi levado minha pequena menina, de seis anos que ainda não conhecia a maldade do mundo e que achava que contos de fadas eram reais.
Espero que nunca mais minhas duas versões se encontrem, ela não merece mais sofrer por coisas de que não teve culpa, ela é só uma menina.
Enquanto cartelas de remédios boiavam na água mista com gostas de sangue que caiam de meus pulsos cortados pela pequena lâmina de um apontador, eu sorria pensando que nunca mais faria ninguém chorar e finalmente libertária minha menina daquele canto frio e escuro, para finalmente poder correr, brincar e fazer bons amigos.
Quando meus olhos se fecharam por completo e eu já não sentia mais dor, percebi que finalmente tinha me libertado.
Lembro que poucas horas depois minha tia chegou em casa, acabou me encontrando, entrou em desespero, lembro também de me abaixar, chegar perto dela e sussurrar: "Sua menina está bem agora".
Ver a dor e sofrimento das pessoas a minha volta me machucou, mas foi como uma última facada.
Anos depois eu ainda continuo aqui, observando todos vocês, cuidando de cada um.
Se a minha menina está bem? Ela está ótima, nasceu em uma família boa, com amor e carinho, onde ela pode confiar e se abrir.Ela está feliz.

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