Com as duas mãos a tapar meus ouvidos e de olhos fechados, não tive certeza do que acabava de ter acontecido!
O Henrique havia atirado no Théo?
Ao abrir meus olhos, vi Henrique com o revolver ainda empunhado em direção ao Théo, e ele completamente imóvel.
Com o computador a sair faíscas, tive certeza de que os tiros acertaram o computador propositalmente.
Vendo que não era o correto à se fazer, gritei ao Henrique: – Não faça isso!
Você não é assassino, vamos apenas dar uma surra nele, quem sabe, quebrar uma perna, um braço ou castrá-lo para ele pague pelo que fez com a Claire.
Ambos olharam para mim olhando estranho com uma cara de "WTF?".
Tá bom, que tal uma perna quebrada então? – Assim eu disse.
Quando do nada a Claire falou: – Até que Castrá-lo não é uma má ideia.
Toda essa discussão sobre como castigá-lo, nos distraiu.
E o Théo empurrou o Henrique para a parede, e correu para a escada de serviço, visando chegar ao terraço.
"Merda!" – Aborrecido gritou Henrique, o fazendo seguir mais uma vez Théo.
Eu fui atrás dele e pedi que o resto do pessoal nos esperasse ali mesmo.
Já no terraço, avistei o Henrique, que aparentava estar cauteloso, pois lá em cima tinha um monte de coisas velhas, onde poderia o Théo, usar para se esconder.
Fui para um lado, e o Henrique para o outro.
Busquei ver se ele tinha usado as escadas de ferro do lado externo.
Na beirada, não tive pista alguma de Théo.
Ao se virar, tomei um empurrão do Théo, que por trás de mim estava, eu caí, mas por sorte consegui me segurar nas ferragens da placa de publicidade, mas o meu azar era que essas ferragens já estavam corroídas de ferrugem e a escada estava num distância que eu não poderia alcançar.
Sem poder ver o que estava acontecendo, ouvi o Théo dizendo: – Abaixa a arma, se eu der um pisão nessas ferragens, o Michael desce com tudo.
Creio que não era piada, pois estalos eu estava ouvindo.
Quando vi o Théo descer a escada, qual eu não poderia alcançar.
Tornando mais uma vez, a fugir de nós, ao menos era o que parecia.
Estendendo a mão, Henrique falou: – Me dê a sua mão Michael, eu vou te puxar!
Eu não querendo deixar a oportunidade passar, pedi que ele não o deixasse fugir novamente.
Mas o Henrique insistiu dizendo, – Anda Logo Cara! Quando você me der a sua mão, eu não a soltarei por nada.
Então ele me puxou para o terraço novamente em segurança.
Agitadamente o Miguel apareceu: – Galera! Babou! O dono do Cyber Café chamou a polícia, vamos fugir!
Henrique não querendo nos meter em mais apuros, pediu o seguinte: – Vão por onde vocês vieram, eu vou descer pela escada externa, vou dar um jeito de despistá-los. Vamos nos encontrar em frente a minha casa.
Okay, ficamos de acordo e fizemos o que havia sido tratado.
Miguel e eu descemos as escadas e pedimos que as garotas viessem conosco, pois o Henrique nos encontraria em frente a sua casa.
Esperando ele em frente, eu estava meio aflito, com medo que algum atormentador pudesse aparecer nos pegando de surpresa.
Mas algo me deixou meio pensativo.
Eu estava achando estranho o motivo de não aparecer nenhum atormentador nas últimas três horas.
Até que o pai de Henrique apareceu e disse, – O Henrique acabou de ligar, ele foi pego pela polícia.
Eu fiquei sem reação, pensei que o nosso plano funcionaria.
Mas estávamos enganados, então pedi o endereço do presídio e fui em casa para avisar meus avós que eu iria visitá-lo.
Cada um seguiu seu caminho, Tristana foi para sua casa, Miguel para a dele, mas a Claire aparentava estar sem rumo.
Então decidi perguntar, – Claire, tá tudo bem com você?
Ela respondeu positivamente, entretanto, não parecia estar bem.
Percebendo uma diferença no comportamento dela, perguntei se ela gostaria de vir comigo.
Sem hesitar, ela respondeu positivamente.
Desse modo, seguimos para casa, e lá falei com meus avós que eu estaria indo visitar o meu amigo Henrique.
Portanto, contrariando minha vontade, meus avós não permitiram que eu fosse visitar o Henrique.
Irritado com o contrariamento deles, eu continuei a insistir que permitissem.
Mas eles foram firmes na decisão deles.
Então peguei na mão da Claire e fui para meu quarto: – Venha Claire!
Abri a porta de meu quarto e me deitei de barriga para cima e com as mãos a tapar meu rosto: – Que Raiva!
Eu queria muito poder visitá-lo, tentar ajudar meu amigo.
Naquele momento estava me sentindo sem utilidade.
Um ninguém, um zero à esquerda.
E de repente, com palavras como se tivessem vindas de um anjo, a Claire disse-me palavras que me fizeram abrir meus olhos e afastar o desânimo. – Não deixe o dia passar, encare-o com os olhos bem abertos, não guarde tudo isso dentro de você!
Eu havia entendido a mensagem dela, mas não sabia como usar tais ações, então ela exclamou: – Fale com eles o que o incomoda! Pergunte do que eles querem te proteger.
Neste momento, meus olhos abriram-se de tal forma, e a partir daí, eu tinha certeza do que fazer sem ter insegurança.
Abri a porta de meu quarto e fui de encontro aos meus avós, decidido a saber do que eles queriam me proteger.
Vô, Vó, eu exijo saber a razão de não permitirem minha ida ao presídio, sei que há pessoas ruins por lá! Mas deve existir algo a mais por trás disto tudo! – Foi o que eu disse para ambos.
Determinada, minha avó bateu os pés e fez o de sempre, desviar o assunto, colocar foco em minha segurança e coisas do tipo.
Mas eu já estava farto de tudo isso, e exigi que me contassem o que havia por trás de tudo isso.
Querida, acho que não podemos mais esconder dele a verdade, ele está cego, e busca poder enxergar a verdade por trás da omissão. – Assim disse meu avó.
Suas falas me afligiram completamente.
Com suspiro, minha começou a dizer: – Não vejo outra forma a não ser lhe contar a verdade, seu avô tem razão.
Então a partir desse momento eles contaram tudo: – Quando você tinha cerca de 2 anos de idade, durante uma noite chuvosa, acabou-se a luz, e um homem invadiu a casa de seus pais, assassinando os dois, você testemunhou tudo, é algo que te traumatizou, apesar de você não se lembrar da cena, mas o assassino permaneceu dentro de você, como uma forma de abominação.
Eu quase caí para trás, com o que eles me contaram.
Então me restabeleci, e perguntei: – Então eu posso visitar o Henrique né?Como faço para marcar uma visita? Devo marcar pela internet?
Então minha avó disse: – Sim, dá para marcar pela internet, mas por algum motivo, a internet do país inteiro está fora do ar já faz algumas horas.
Ouvindo isso, a ficha caiu de vez, me fazendo ter certeza de que os atormentadores só podem se manifestar pela rede de internet.
Agora eu só precisaria aproveitar o momento que eles estariam inativos.
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Atormentadores
ParanormalMichael é um jovem garoto que sofre com uma criatura que o atormenta, mas após sua amiga Claire lhe contar um segredo e Théo tentar se aproveitar da situação. Algo mudará a vida de todos de uma forma aterrorizante.