Capítulo 05

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 CAPÍTULO 05

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CAPÍTULO 05

Howard e a esposa tinham discutido. Depois das piadas na delegacia, ele tomou coragem para confrontar a mulher a respeito do excesso de sorvete e da escassez de cerveja. Ele dissera a ela que não queria mais saber dos fins de semana sendo entupido de sorvete e que preferia tomar sua cervejinha e curtir o dia "numa boa". Obviamente, a esposa virou um leão e o mandou para o sofá.

Howard estava indignado, pois os colegas solteiros não fizeram a menor questão de alertá-lo sobre as consequências de tentar falar abertamente com a esposa. No mundo deles parecia algo tão fácil esse negócio de confrontar outras pessoas e fazer somente aquilo que tinham vontade!

— É isso aí, Howard. Tudo sempre pode piorar — murmurou para si mesmo enquanto arrumava sua "cama" no sofá.

Em seguida, deitou-se e ligou a TV — também conhecida como o receptáculo conector entre sua mente e o universo paralelo da caixa do nada, que era para onde ele ia para se desligar de tudo e descansar.

Howard adormeceu por volta das 23 h, imaginando como devia ser proveitosa a vida de solteiro dos colegas.

Seu sono foi agitado e turbulento, o que não era habitual para ele.

 Seu sono foi agitado e turbulento, o que não era habitual para ele

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— AAAAAAAH! S...COR...OOOO!

De repente, Howard deu um pulo e se sentou, assustado. Tinha ouvido um grito desesperado? Um pedido de socorro? Teria sido um sonho? Olhou o celular e constatou que eram 3h40 da manhã. Estranhou, pois não costumava acordar no meio da noite.

Cheio de dúvidas e na incerteza de ter ou não ouvido um grito, decidiu ligar para Ethan. Quem sabe o amigo estivesse em algum bar e pudesse aparecer para conversar, quem sabe ele tivesse ouvido alguma coisa estranha também. Na pior das hipóteses teria sido apenas um sonho e o amigo daria risada de sua cara, mas no pé em que a cidade estava, não podia ignorar essa sensação estranha e a impressão de ter ouvido alguém gritar.

A ligação chamou duas vezes, mas além de Ethan não atender ainda rejeitou a chamada. É, não era o seu dia mesmo. Ethan devia estar ocupado demais com os colegas de bar ou com alguma garota dez anos mais nova do que ele para atender Howard àquela hora. Já previa que seria motivo de piada no dia seguinte: o colega "casadão" ligando quase 4h da manhã para "bater papo" ou para qualquer outra coisa inútil que possa vir de homens casados. "Você não deveria estar ocupado com sua esposa em vez de estar me ligando, Howard? Quase empatou meu lance!", já conseguia antecipar e prever todo o diálogo subsequente em sua mente.

Ainda inconformado com o fato de ter acordado e com a sensação de ter ouvido alguém gritar, Howard levantou e saiu para o quintal. Sua casa ficava na parte alta da cidade e era possível ver toda a mata logo abaixo, as estradas que levavam aos extremos e o centro da pacata cidade que, a essa hora, ficava mais pacata ainda. Podia ver o centro iluminado, mas as extremidades mais escuras conforme iam se afastando do miolo principal.

Olhou aquela mata de ponta a ponta, imaginando as coisas horríveis que poderiam acontecer por lá, o que o deixara ainda mais ansioso e fizera-o repreender os próprios pensamentos, exatamente como Gnatsum dizia que eles faziam ao imaginar coisas pesadas demais.

— Droga. Você tem razão, Gnatsum. Acho que nós sabotamos nosso maldito trabalho todo santo dia por sermos pessoas boas. — reclamou Howard para si mesmo, cabisbaixo.

Tudo que estava acontecendo aumentara absurdamente sua ansiedade e, apesar de ter parado de fumar há 3 anos, Howard mantinha uma carteira de cigarros e um isqueiro no carro, para o caso de "necessidade extrema", como costumava justificar para si mesmo.

— É, meu amigo. Acho que chegou o momento, você está precisando relaxar — disse convicto, como se tentasse se convencer a fumar.

Foi até a garagem, pegou a carteira e o isqueiro no porta-luvas do veículo e voltou para o gramado. Acendeu um cigarro, tragou e observou a floresta distante e misteriosa enquanto a nostalgia dominava seu corpo, causando as sensações tão conhecidas e prazerosas de outrora. Paz em forma de fumaça.

— O que é que você tanto esconde de nós, hein?! — indagou Howard em um sussurro cheio de reflexão e melancolia, enquanto olhava fixamente para a mata — Aah, se pudessem falar! Por que é que vocês, árvores, não se juntam e nos entregam esse maldito psicopata de uma vez?

Howard lamentava a falta de respostas e as vidas que estavam se perdendo na cidade de New Empty, a sua querida e isolada cidadezinha, sempre tão pacata e segura! Enquanto eles, a porcaria da polícia, continuavam de mãos atadas.

— Quem somos nós, senão os justiceiros? Para que nós servimos, se não somos capazes de proteger essas pessoas? Maldição! — Howard praguejava e fumava incessantemente, tentando encontrar respostas, tentando pensar com clareza.

Era fato: o cigarro aguçava seus sentidos e o senso crítico, deixava Howard mais esperto, mais pensativo. Em tempos passados, suas melhores ideias e as melhores saídas surgiam em sua mente enquanto ele fumava. Será que seu companheiro de reflexão seria capaz de ajudá-lo novamente? Ele precisava que sim, desejava absurdamente que a resposta fosse afirmativa e que ideias mirabolantes começassem a brotar e levassem à solução desse mistério macabro. Mas tudo o que ele podia fazer no momento, além de fumar e pensar, era esperar.

Enquanto refletia e observava a mata, o grito que supostamente ouvira voltou à sua mente, quase como uma sirene piscando e fazendo estardalhaço. Até parecia que o seu subconsciente queria que Howard tomasse uma atitude, que fizesse algo, procurasse alguém para contar aquilo, mas...

— Que merda Howard, pare de besteira e vá dormir! É só a sua mente pregando peças em você. As informações e as investigações sobre esses malditos assassinatos estão te fazendo imaginar coisas demais. Durma, grandão. Durma! — Howard repreendeu a si mesmo e então se deu conta de que havia fumado a carteira toda, que já eram 4h50 da manhã e que "o carrasco que dorme ao lado" podia acordar a qualquer momento e decapitá-lo por estar fumando outra vez, depois de tanto tempo "limpo". Com todas essas acusações contra si, decidiu voltar para sua cela confortável e deixar a cabeça descansar, enquanto ainda a tinha.

Deitou-se novamente em sua cama improvisada e, apesar de seguir consternado, logo pegou no sono — com a TV ligada, é claro, como sempre.

 Deitou-se novamente em sua cama improvisada e, apesar de seguir consternado, logo pegou no sono — com a TV ligada, é claro, como sempre

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Rastro AbissalOnde histórias criam vida. Descubra agora